De acordo com o
relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2015” hoje apresentado pela Direção-Geral da Saúde “ as perturbações mentais e do comportamento mantêm um
peso significativo no total de anos de vida saudável perdidos pelos
portugueses, com uma taxa de 11,75% contra 13,74% das doenças cerebrovasculares
e 10,38% das doenças oncológicas” simultaneamente “ as perturbações mentais
representam 20,55% do total de anos vividos com incapacidade, seguidas pelas
doenças respiratórias (5,06%) e a diabetes (4,07%)”.
Para além destes
dados o relatório revela que o suicídio tem vindo a aumentar em Portugal,
atingindo em 2014 o seu valor mais elevado, confirmando as conclusões do estudo
de um grupo de investigadores portugueses liderado pela Professora Paula
Santana, que publicou o artigo “Suicide in Portugal: Spatial determinants in a
context of economic crisis” (Aqui)na revista de Setembro de 2015, mostrando o
crescimento da mortalidade por suicídio no período de crise (2008-2012) e uma mudança
no padrão da mortalidade por suicídio devido ao aumento das taxas na região
Centro e no interior da Região Norte.
Os resultados agora
apresentados no relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2015” mostram um
aumento do suicídio no ano de 2014, com uma taxa de mortalidade 11.7/100.000.
Valor que poderá ainda ser superior se, se considerar “ a perspetiva
internacional de que 20% das mortes registadas como de causa indeterminada são
suicídios” neste caso a “ taxa de incidência subirá dos atuais 11,7 para cerca
de 15 por 100.000 habitantes valor que para a OMS nos colocaria entre os países
a quem é recomendado maior alerta”.
Apesar de ainda
ser cedo para se retirar conclusões, uma vez que é necessário uma série mais
prolongada de anos, os dados apresentados por ambos os estudos apontam para uma
relação direta entre a crise social económica, a privação e o aumento do
suicídio e dos problemas de saúde mental.