O relatório
analisa o progresso que Portugal experienciou nos últimos 26 anos, em termos de
saúde, bem-estar e desenvolvimento, e os novos desafios que enfrenta à medida
que a sua população cresce e envelhece. O documento faculta informações sobre a
mortalidade e morbilidade que impedem os portugueses de viverem vidas longas e
saudáveis e clarifica os fatores de risco que contribuem para uma saúde mais
débil.
Finalmente,
o relatório perspetiva um olhar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2030 comparando-os com a sua situação em 1990, e compara o
desempenho da saúde de Portugal com países similares.
Destacamos
aqui algumas das principais conclusões:
·
Quando comparado com um grupo de países de
rendimento elevado, Portugal tinha em 1990 a mais baixa esperança de vida à
nascença. Passados 26 anos a expectativa de vida dos portugueses é semelhante à
média dos referidos países de renda alta, resultado que foi principalmente obtido
pela redução da mortalidade prematura resultante das doenças cardiovasculares e
dos acidentes de transporte.
·
Apesar dos portugueses viverem mais, o número de
anos vividos com saúde não aumentaram na mesma proporção.
·
A mortalidade prematura em Portugal, medida pelas estimativas
dos anos de vida perdidos (YLL, Years of Life Lost), entre 1990 e 2016 diminuiu
25,3%, em grande parte devido às reduções nas mortes por acidente vascular cerebral
(AVC) e pela doença cardíaca isquémica, resultantes da melhoria significativa
verificada no acesso e na qualidade dos serviços prestados pela rede de
emergência pré-hospitalar que ocorreu nos últimos anos através das Vias Verdes
do AVC e da doença coronária.
·
A diminuição da mortalidade prematura (YLLs) decorrente
dos acidentes de transporte e dos problemas neonatais foi também considerada um
grande sucesso deste período. Os acidentes de transporte diminuíram 75,3%, as neonatais
90,3% e os defeitos congénitos 78,5%.
·
A mortalidade prematura (YLLs) por cancro do pulmão aumentou
nos últimos anos, verificando-se uma subida mais substancial entre as mulheres
(68.1%) do que nos homens (34.4%), explicada pelo aumento consumo de tabaco
entre as mulheres.
·
As principais causas de anos vividos com
incapacidade (YLDs) em Portugal são as doenças não transmissíveis,
principalmente, as perturbações músculo-esqueléticas, as perturbações mentais e
as associadas ao consumo de substâncias, bem como outras doenças não
transmissíveis (como perturbações dos órgãos dos sentidos e as doenças da pele
e do tecido subcutâneo), as perturbações neurológicas, a diabetes, as doenças
do aparelho génito-urinário, e do sangue, e as doenças endócrinas.
·
Os anos de vida ajustados à incapacidade (DALYs) são
usados para descrever a carga da doença. Esta métrica leva em conta as mortes
prematuras e a incapacidade. De novo, em termos da perda de saúde da população
portuguesa, o grande grupo das doenças não transmissíveis ultrapassa largamente
a importância relativa dos outros grandes grupos de causas, nomeadamente, as
lesões e as doenças transmissíveis, maternas, neonatais e nutricionais.
·
No conjunto dos 37 indicadores SDG relacionados com
a saúde, os melhores resultados em Portugal encontram-se relacionados com a
prevalência de malnutrição crónica e aguda nas crianças abaixo dos 5 anos, a
proporção de nascimentos assistidos por profissionais de saúde habilitados, a
incidência de malária, a prevalência de doenças tropicais negligenciadas, o
acesso universal a sistemas públicos de abastecimento de água e saneamento e a
lavabos, a prevalência de poluição do ar interior e, ainda, às mortes por conflitos
e terrorismo.
·
Deve ser dada especial atenção aos aspetos
relacionados com os piores resultados, alcançados por Portugal no conjunto dos
37 indicadores: a prevalência de excesso de peso em crianças dos 2 aos 4 anos,
a incidência da infeção por VIH, as mortes por lesões auto provocadas e as
prevalências de consumo de álcool, consumo diário de tabaco e abuso sexual de
crianças.
·
No que respeita à carga global da doença, Portugal
encontra-se significativamente melhor do que a média dos seus pares (países de
elevado-médio rendimento) para a doença isquémica cardíaca, doença
cerebrovascular, doenças dos órgãos dos sentidos, diabetes, cancro do pulmão,
doença pulmonar obstrutiva crónica, infeções respiratórias inferiores,
acidentes de transporte e quedas; encontra-se significativamente pior em
relação às dores lombares (lombalgias) e do pescoço, perturbações depressivas,
enxaqueca, doenças da pele e cancro colo-retal.