quarta-feira, 25 de abril de 2018

A MORTALIDADE INFANTIL E O 25 ABRIL 1974

O "Estado Novo", construído após a Ditadura Militar implantada em Portugal de 1926, inspirado no fascismo italiano e desenvolvido em torno das ideias disseminadas pelo Integralismo Lusitano e pelo Centro Católico Português, manteve o país na miséria, no analfabetismo, no atraso do desenvolvimento industrial.  O Salazarismo símbolo da hegemonia de uma direita antidemocrática de matriz tradicionalista e católica empurrou milhões de cidadãos para a migração e mergulhou o país numa guerra colonial que levou ao isolamento de Portugal no mundo.

O exemplo da mortalidade infantil é bem o exemplo do pais que éramos em Abril de 1974.

Infant Mortality - Our World Data

sexta-feira, 13 de abril de 2018

PORTUGAL - GLOBAL BURDEN DISEASE, A EVOLUÇÃO DA CARGA DE DOENÇA GLOBAL 1990 - 2016


No passado dia 04 de abril foi publicado o documento "Portugal: The Nation’s Health 1990–2016 - An overview of the Global Burden of Disease Study 2016 Results" resultante do protocolo assinado entre a Direção-Geral da Saúde e o Institute for Health Metrics and Evaluation em fevereiro de 2017 (aqui).

O relatório analisa o progresso que Portugal experienciou nos últimos 26 anos, em termos de saúde, bem-estar e desenvolvimento, e os novos desafios que enfrenta à medida que a sua população cresce e envelhece. O documento faculta informações sobre a mortalidade e morbilidade que impedem os portugueses de viverem vidas longas e saudáveis e clarifica os fatores de risco que contribuem para uma saúde mais débil.

Finalmente, o relatório perspetiva um olhar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2030 comparando-os com a sua situação em 1990, e compara o desempenho da saúde de Portugal com países similares.

Destacamos aqui algumas das principais conclusões:

·         Quando comparado com um grupo de países de rendimento elevado, Portugal tinha em 1990 a mais baixa esperança de vida à nascença. Passados 26 anos a expectativa de vida dos portugueses é semelhante à média dos referidos países de renda alta, resultado que foi principalmente obtido pela redução da mortalidade prematura resultante das doenças cardiovasculares e dos acidentes de transporte.
·         Apesar dos portugueses viverem mais, o número de anos vividos com saúde não aumentaram na mesma proporção.
·         A mortalidade prematura em Portugal, medida pelas estimativas dos anos de vida perdidos (YLL, Years of Life Lost), entre 1990 e 2016 diminuiu 25,3%, em grande parte devido às reduções nas mortes por acidente vascular cerebral (AVC) e pela doença cardíaca isquémica, resultantes da melhoria significativa verificada no acesso e na qualidade dos serviços prestados pela rede de emergência pré-hospitalar que ocorreu nos últimos anos através das Vias Verdes do AVC e da doença coronária.
·         A diminuição da mortalidade prematura (YLLs) decorrente dos acidentes de transporte e dos problemas neonatais foi também considerada um grande sucesso deste período. Os acidentes de transporte diminuíram 75,3%, as neonatais 90,3% e os defeitos congénitos 78,5%.
·         A mortalidade prematura (YLLs) por cancro do pulmão aumentou nos últimos anos, verificando-se uma subida mais substancial entre as mulheres (68.1%) do que nos homens (34.4%), explicada pelo aumento consumo de tabaco entre as mulheres.
·         As principais causas de anos vividos com incapacidade (YLDs) em Portugal são as doenças não transmissíveis, principalmente, as perturbações músculo-esqueléticas, as perturbações mentais e as associadas ao consumo de substâncias, bem como outras doenças não transmissíveis (como perturbações dos órgãos dos sentidos e as doenças da pele e do tecido subcutâneo), as perturbações neurológicas, a diabetes, as doenças do aparelho génito-urinário, e do sangue, e as doenças endócrinas.
·         Os anos de vida ajustados à incapacidade (DALYs) são usados para descrever a carga da doença. Esta métrica leva em conta as mortes prematuras e a incapacidade. De novo, em termos da perda de saúde da população portuguesa, o grande grupo das doenças não transmissíveis ultrapassa largamente a importância relativa dos outros grandes grupos de causas, nomeadamente, as lesões e as doenças transmissíveis, maternas, neonatais e nutricionais.
·         No conjunto dos 37 indicadores SDG relacionados com a saúde, os melhores resultados em Portugal encontram-se relacionados com a prevalência de malnutrição crónica e aguda nas crianças abaixo dos 5 anos, a proporção de nascimentos assistidos por profissionais de saúde habilitados, a incidência de malária, a prevalência de doenças tropicais negligenciadas, o acesso universal a sistemas públicos de abastecimento de água e saneamento e a lavabos, a prevalência de poluição do ar interior e, ainda, às mortes por conflitos e terrorismo.
·         Deve ser dada especial atenção aos aspetos relacionados com os piores resultados, alcançados por Portugal no conjunto dos 37 indicadores: a prevalência de excesso de peso em crianças dos 2 aos 4 anos, a incidência da infeção por VIH, as mortes por lesões auto provocadas e as prevalências de consumo de álcool, consumo diário de tabaco e abuso sexual de crianças.
·         No que respeita à carga global da doença, Portugal encontra-se significativamente melhor do que a média dos seus pares (países de elevado-médio rendimento) para a doença isquémica cardíaca, doença cerebrovascular, doenças dos órgãos dos sentidos, diabetes, cancro do pulmão, doença pulmonar obstrutiva crónica, infeções respiratórias inferiores, acidentes de transporte e quedas; encontra-se significativamente pior em relação às dores lombares (lombalgias) e do pescoço, perturbações depressivas, enxaqueca, doenças da pele e cancro colo-retal.


sábado, 7 de abril de 2018

OS PAGAMENTOS DIRETOS PARA A SAÚDE NÃO PODEM EMPURRAR AS PESSOAS PARA A POBREZA - 7 ABRIL 2018 - DIA MUNDIAL DA SAÚDE

Out-of-pocket payments for health can cause people financial hardship, even in high-income countries. In many countries in Europe, payments for medicines are the main cause of financial hardship.
WHO Europe
Em Portugal os pagamentos diretos - Out-of-pocket payments  - equivalem a 28% das despesas com cuidados de saúde.

#HealthForAll #WorldHealthDay 


terça-feira, 3 de abril de 2018

ESTADOS UNIDOS - PATROCÍNIOS DESPORTIVOS PROMOVEM LIXO ALIMENTAR E BEBIDAS AÇUCARADAS

A edição de Abril da revista “Pediatrics” publica o estudo intitulado “Sports Sponsorships of Food and Nonalcoholic Beverages”, que revela que 76% dos anúncios exibidos (televisionados ou visualizados no Youtube) durante a realização de eventos desportivos profissionais em 2015 nos Estados Unidos, estavam ligados a produtos classificados como lixo alimentarjunk food” e que 52.4% dos anúncios relativos a bebidas não alcoólicas estavam ligados a bebidas açucaradas.

A investigação realizada por peritos do “Rudd Center for Food Policy & Obesity” da Universidade do Conncticut, revelou a importância dada aos produtos alimentares e às bebidas não alcoólicas durante os 10 eventos desportivos profissionais selecionados ‘ National Football League (NFL),Major League Baseball (MLB), National Hockey League (NHL), National Basketball Association (NBA), Fédération Internationale de Football Association (FIFA), National Collegiate Athletic Association (NCAA), National Association for Stock Car Auto Racing (NASCAR), Professional Golfer´s Association (PGA), Little League Baseball and Ultimate Fighting Championship (UFC).

Os dados das audiências fornecidos pelos Nielsen Ratings revelaram que os jovens entre os 02 e os 17 anos envolvidos no período de estudo (2015) assistiram a mais de 412 milhões de visualizações associadas aos programas desportivos das organizações anteriormente referidas e que mais de 234 patrocinadores foram associados aos 500 programas mais assistidos. Os Alimentos e bebidas não-alcoólicas foram a segunda categoria de publicidade mais visualizada (19%), atrás da categoria que integra os anúncios relacionados com automóveis por apenas 1% (20%).

Dos 173 casos em que alimentos foram anunciados, mais de 76% promoveram produtos classificados de “não saudável” pelas diretrizes do Nutrition Profile Model (NPM), com scores de NPM inferiores a 64, e nos 155 casos em que as bebidas não alcoólicas foram promovidas, cerca de 52% estavam ligados a bebidas açucaradas e apenas cerca de 21% estavam ligadas a bebidas não açucaradas, colas de dieta ou águas “ Full-calorie, regular soft drinks were the largest category of nonalcoholic beverages shown (N = 68, 43.9%), followed by diet soft drinks (N = 31, 20.0%) and sports drinks (N = 19, 12.3%). Plain water was featured 6 times (3.9%), no-calorie coffee was featured 3 times (1.9%), and milk wasfeatured 3 times (1.9%). PepsiCo products were featured most frequently (N =111, 69.0%), whereas its products’ logos were featured 48 times.”


O estudo termina concluindo que os resultados obtidos confirmam que as principais empresas de alimentos e bebidas promovem produtos não saudáveis, através do patrocínio dos diversos protagonistas envolvidos nos eventos desportivos profissionais. Milhões de jovens de todo o mundo são confrontados com a associação contraditória, entre o desporto e o lixo alimentar/ bebidas adoçadas difundidas por grandes marcas ligadas aos interesses da Big Food, chamando à atenção para a necessidade das organizações desportivas desenvolverem políticas de marketing com maiores preocupações de saúde, proibindo parcerias com empresas que promovam produtos classificados como lixo alimentar, ou bebidas não alcoólicas adoçadas e apelando para o envolvimento da comunicação social e da comunidade nos esforços para mudar as práticas atuais de patrocínio, dando como exemplo a decisão da McDonald´s terminar o patrocínio Olímpico no passado mês de Julho de 2017 (aqui), depois do Comité Olímpico Internacional ter sofrido fortes críticas por parte de diversas organizações interessadas na saúde pública.