21 de maio 2018, na cidade de Coimbra, no Hospital Universitário
de Coimbra, morreu António Arnaut, figura
impar da democracia portuguesa.
Pautou toda a sua vida pelos
valores do humanismo, da liberdade, da fraternidade, da solidariedade, da
justiça social, da transparência e da integridade.
Foi um republicano, um socialista,
um homem das letras, e para muitos ficou conhecido como a figura fundadora do
Serviço Nacional de Saúde, o “pai do SNS”
António Arnaut, 20 de maio de 2011 - Universidade do Algarve |
No dia em que parte, vale a pena
lembrar um excerto da sua entrevista ao diário “As Beiras” em 2014:
“ P - Criar o Serviço Nacional de
Saúde (SNS) foi um ponto de honra para si?
R - Fiz tudo o que podia, fui além
do possível, para criar o SNS. Tanto no Governo, como depois como deputado da
Assembleia da República. Pedi apoio a muita gente, mas tinha o apoio das bases
do partido, da generalidade do povo, da CGTP Intersindical – a UGT nunca se
manifestou, infelizmente –, das forças progressistas. Pedi apoio ao cardeal
patriarca D. António Ribeiro, por carta, e recebi-o. Pedi o apoio ao Conselho
da Revolução e ao Presidente da República Ramalho Eanes, e deram-mo. Recebi
também o apoio da Maçonaria, onde fui apresentar o projeto. Fiz tudo o que
podia, desde a Igreja à Maçonaria, passando pelo Conselho da Revolução, onde
fui, com o Mário Mendes, explicar o conteúdo e sentido político, humanista e
técnico do SNS.” (aqui)
e, deixar as suas últimas palavras
dirigidas ao III Congresso da Fundação do SNS, no passado dia 18 de maio, quando
defendia que era preciso reconduzir o SNS à sua matriz constitucional e
humanista.
“Há agora condições políticas e
parlamentares para realizar essa tarefa patriótica e o governo propôs-se
fazê-lo. A realização de iniciativas como este Congresso são uma forma legítima
e democrática de chamar a atenção do governo para que cumpra o seu dever... Faço votos para uma profícua discussão sobre esta
temática e que, no final, resulte um contributo substantivo em defesa da
consolidação do SNS, para que nos 40 anos desta grande reforma possamos todos
voltar a ter orgulho no nosso SNS.” (aqui)
Devemos-lhe muito, mas a maior
homenagem que lhe pudemos fazer é salvar o SNS, salvar a “jóia da democracia portuguesa”
e lutar por o reconduzir à sua matriz constitucional e humanista. (aqui)