domingo, 13 de outubro de 2019

PORTUGAL, SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE: UMA NOVA OPORTUNIDADE - LANCET


A revista LANCET, publicou na sua edição de 12 de Outubro um Editorial, intitulado "PORTUGAL, SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE: UMA NOVA OPORTUNIDADE", que aqui traduzimos livremente (aqui).
No dia 15 de Setembro, Portugal comemorou o 40º aniversário do seu sistema de saúde, o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Desde a sua criação que se registou um progresso impressionante nos indicadores de saúde dos Portugueses. A mortalidade infantil desceu de 3.3 por cada 1000 nados-vivos em 2006, para 2.9 em 2017 e a esperança média de vida dos homens e mulheres portugueses aumentou mais de quatro (4) anos no mesmo período, situando-se nos 81.3 anos (um valor superior ao da média da União Europeia)(aqui).

Contudo, esta tendência está a mudar, uma vez que após a crise económica (2008) os cortes na despesa pública introduziram novos desafios. Segundo a OMS, Portugal é um dos únicos quatro países, entre os 33 analisados, que reduziram a despesa pública em saúde entre 2000 e 2017 (aqui).

Com o investimento em queda e a impedir a modernização de hospitais e a substituição de material médico obsoleto, o sector privado está a expandir-se. Os trabalhadores do SNS desmotivados pelas más condições de trabalho procuram emprego no setor privado e no exterior (aqui).

As consultas de medicina dentária e os testes de diagnóstico são exemplos de serviços que habitualmente são prestados pelo sector privado, causando um aumento das despesas a cargo das famílias, que neste momento representam 28% da despesa total na saúde, valor significativamente superior à média da União Europeia (15%) de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, OCDE. Também, outros tratamentos eletivos estão a tornar-se limitados à população que os pode pagar.

Os políticos enfrentam problemas nos dois extremos do espectro da idade: a taxa de pobreza infantil está acima da média da União Europeia, e a população mais velha (uma das mais velhas da Europa), está doente e com pouca qualidade de vida nos últimos anos de vida.

No domingo, dia 6 de Outubro, Partido Socialista, partido político de centro-esquerda, venceu de novo as eleições legislativas, apesar de não ter assegurado a maioria absoluta. No seu programa eleitoral, o secretário-geral do PS, António Costa, designou quatro áreas prioritárias a serem abordadas pelo próximo governo: alterações climáticas, demografia, desigualdades e transição para uma sociedade digital (aqui).

Num momento em que o SNS não vai ao encontro das necessidades de uma parte substancial da população, o governo reeleito não pode deixar passar esta nova oportunidade para priorizar a saúde e fazer com que ele seja acessível a todos.
The Lancet

2018 - PORTUGAL (aqui)
OUT-OF-POCKET - 27.4%

DESPESA PÚBLICA EM SAÚDE