“Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.”
Ensaio sobre a Cegueira – José Saramago
domingo, 11 de setembro de 2016
11 SETEMBRO 1973 - PEQUENA MEMÓRIA PARA UM TEMPO SEM MEMÓRIA
11 Setembro de
1973 - Passam, hoje, 43 anos sobre o golpe de estado fascista liderado pelo
general Augusto Pinochet, com o beneplácito dos Estados Unidos e que levou à morte de
Salvador Allende. Ao golpe militar apoiado pelos EUA através das atividades que a CIA
desenvolvia no terreno desde 1962 para tentar impedir a eleição de Allende e a
instalação de um governo que o Presidente dos EUA (Nixon) considerava inaceitável
“ On 15 Septembe r(1970) President Nixon informed the DCI that an Allende
regime in Chile would not be acceptable to the United States” (aqui), seguiu-se um período de recessão económica e social, que levou à intervenção de um programa de recuperação económica conhecido como "tratamiento de shock" inspirada por Milton Friedman
(Chicago Boys)(aqui) (aqui), sustentada no desmantelamento das empresas estatais, nas
privatizações, na desregulação do trabalho ( os sindicatos foram proibidos, o
salário mínimo extinto e a legislação do trabalho abolida), provocando o
empobrecimento da população, um elevado nível de desemprego, a destruição dos
serviços públicos e de educação. Durante 16 anos os "chicago boys" experimentaram no terreno muitas das medidas que iriam ser experimentadas no final dos anos 80 por Thatcher e Reagan (aqui) (aqui) (aqui) (aqui).
Banco Mundial
Neste dia 11 de
Setembro vale a pena lembrar, Allende, uma das grandes figuras da medicina social, um humanista que toda a sua vida lutou por uma sociedade, mais justa, mais equitativa e solidária, enquanto Senador da República Chilena, (1945 –
1970), como dirigente do Partido Socialista chileno, como candidato derrotado à
Presidência da República em 1952, 1958 e 1964, ou médico influente, dirigindo o
Colégio Médico do Chile de 1949 a 1963, contribuindo ao longo desses anos para
a expansão da saúde pública e para o lançamento do serviço nacional de saúde
(1952), ou animando e ajudando a fundar a Revista “ Cuadernos Médicos Sociales “
em 1959, pelo Colégio dos Médicos do Chile, que ainda hoje se publica como
Revista de Saúde Pública do Colégio dos Médicos do Chile.(aqui)
Tal como diz a letra da canção de Luís Gonzaga Júnior - Gonzaguinha (aqui)" Pequena memória para um tempo sem memória":
Memória de um tempo onde lutar Por seu direito
É um defeito que mata
...
Ê ê, quando o Sol nascer É que eu quero ver quem se lembrará Ê ê, quando amanhecer É que eu quero ver quem recordará Ê ê, não quero esquecer Essa legião que se entregou por um novo dia Ê eu quero é cantar essa mão tão calejada Que nos deu tanta alegria E vamos à luta.
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