A doença e
a morte crescem entre os americanos brancos de meia-idade. Um estudo publicado
na revista Lancet de 11 de março, publicado on-line em 23 de janeiro “ Trends in premature mortality in the USA by sex, race, and ethnicity from 1999 to 2014:an analysis of death certificate data” conclui que a taxas de mortalidade
prematura aumentaram entre a população branca dos 25 aos 64 anos (aumentando de
2 a 5% por ano, à custa das mortes por overdose, suicídio e doenças do fígado,
atingindo um valor comparável ao verificado no auge da epidemia de HIV/SIDA nos
Estados Unidos), confirmando os resultados do estudo de Anne Case1 e Angus
Deaton “ Rising morbidity and mortality in midlife among white non-Hispanic Americans in the 21st century”, publicado em 2015.
Em 2015
Anne Case1 e Angus Deaton, tinham mostrado que a taxa de mortalidade entre a
população trabalhadora branca americana dos 45 e os 54 anos, com baixa
escolaridade, “White Working Class” tinha aumentado entre 1999 e 2014, uma
situação classificada como não tendo paralelo nos países de economia avançada e
apenas registada nos EUA a quando da epidemia de VIH/SIDA.
Os dados
apresentados e discutidos nos referidos artigos, mostravam que a taxa de
mortalidade dos brancos de meia-idade tem aumentado desde 1998 e está relacionada
com o consumo de drogas e álcool, com o suicídio, com a doença hepática crónica
e a cirrose, especialmente entre os brancos com um baixo grau de escolaridade
(ensino médio ou inferior) onde as mortes causadas por abuso de drogas e álcool
aumentou quatro vezes, as causadas por suicídio 81% e as causadas por cirrose e
doenças do fígado 50%. A mortalidade por todas as causas aumentou 22% neste
grupo populacional.
Os autores
apontam como principais causas para esta situação, o empobrecimento, o
desemprego, a privação económica e o stress financeiro da “ white working
class”, verificada desde o final da década de 70, e a dificuldade em lidar com
a insegurança e a falta de proteção social na reforma “ the changing nature of
the financial risk Americans face when saving for retirement as well as
therecent financial crisis, economic insecurity may weigh heavily on U.S.
workers, and take a toll on their health and health-related behaviors”.
O aumento
mortalidade coincide com uma depreciação do estado de saúde, quando auto
relatado, na saúde em geral, na saúde mental e na capacidade de lidar com os
problemas da vida e ao aumento do consumo de medicamentos para a dor “For
middle-aged Americans, increasing mortality ran alongside increasing reports of
pain. One in three white
middle-aged Americans reported chronic joint pain, taking the years 2011, 2012
and 2013 together, and one in seven reported sciatica. All types of pain
increased significantly from 1997 to 2013. The strongest morbidity effects are
seen among those with the least education.”
Fica aqui o
exemplo de McDowell County no Sul da Virgínia Ocidental, antiga zona mineira
onde a pobreza se instalou há mais de 50 anos, tornando-o num dos condados mais
pobres dos Estados Unidos, onde imperam as mortes por abuso de drogas e álcool,
a obesidade, a maternidade entre adolescentes e a criminalidade, com uma das
maiores taxas de encarceramento do país. (aqui) (aqui)