No passado
dia 13 de julho, a organização norte-americana Families USA publicou um estudo
intitulado “ The COVID-19 Pandemic and Resulting Economic Crash Have Caused the Greatest Health Insurance Losses in American History” (aqui)onde aborda os efeitos da
pandemia COVID-19 na economia americana, a perda de empregos daí resultante e
os seus efeitos na cobertura de saúde e no estado de saúde desses cidadãos na
ausência de medidas legislativas federais com vista à proteção do direito à
saúde dos cidadãos.
De acordo
com os dados recolhidos junto de fontes oficiais, pela USA Families, 21.9
milhões norte-americanos perderam o seu trabalho entre fevereiro e maio de 2020
devido à maior crise de saúde pública que ocorreu nos últimos 100 anos,
causando o maior colapso económico verificado desde a II Guerra Mundial. Em
poucos meses, milhões de trabalhadores perderam seus empregos e pelo menos 5.4
milhões deles deixaram de ter qualquer cobertura de saúde, uma vez perderam
simultaneamente acesso ao seguro de saúde anteriormente fornecido por seus
empregadores, provocando um aumento de 39% no número de pessoas que perderam o
seguro de saúde, ultrapassando em apenas 3 meses o maior crescimento anual
anteriormente verificado de 3.9 milhões durante a crise de 2008/2009.
Esta perda
de cobertura de saúde atingiu principalmente os 5 estados mais afetados pela
pandemia de COVID-19, Califórnia, Texas, Flórida, Nova Iorque e Carolina do
Norte responsáveis por 49% do aumento total das pessoas que perderam acesso aos
seguros de saúde. Em 8 estados, 20% ou mais dos adultos abaixo dos 65 anos não
têm agora qualquer cobertura de saúde: o Texas, onde quase três em cada dez
adultos com menos de 65 anos não têm seguro (29%); a Flórida (25%); o Oklahoma
(24%); a Geórgia (23%); o Mississippi (22%); o Nevada (21%); a Carolina do
Norte (20%); e a Carolina do Sul (20%).
Todos, com
exceção do Oklahoma, também estão entre os 15 estados com o maior número de novos
casos de SARS-CoV-2 durante a semana que terminou em 12 de julho.
Ao mesmo
tempo 5 outros estados apresentaram aumentos no número de adultos sem seguro
que excedem os 40%: Massachusetts, onde o número quase dobrou, aumentando em
93%; Havaí (72%); Rhode Island (55%); Michigan (46%); e New Hampshire (43%).
Sem nenhuma
medida legislativa federal que reduza o impacto da perda de cobertura de saúde,
os mais de 5.4 milhões cidadãos norte-americanos que perderam a cobertura de
saúde veem assim a sua saúde posta em risco quer pela exposição à SARS-Cov-2,
uma vez que sem cobertura de saúde as pessoas tendem a atrasar a procura de
cuidados por causas dos custos, arriscando a sua saúde, a sua sobrevivência e
acelerando a propagação do vírus para familiares e vizinhos, quer pela
dificuldades em obter diagnósticos e tratamentos por condições crónicas como o
cancro ou as doenças cardíacas ou cerebrovasculares, atrasando procedimentos e
causando mesmo a morte precoce.
Sem
cobertura de saúde que as protejam contra os riscos financeiros que as despesas
extras em saúde podem provocar, mesmo em famílias da classe média, muitas
famílias terão que optar entre pagar as despesas em saúde do seu próprio bolso
ou suprir as suas necessidades básicas, quer com alimentação quer com a
habitação, adiantando o documento que de acordo com números oficiais, em maio
26 milhões de famílias não tinham comida suficiente para se alimentar, e que 38
milhões de pessoas referiam ter pouca ou nenhuma capacidade para pagar a
hipoteca ou a renda do próximo mês.
Sem
cobertura universal de saúde, sem legislação federal que os proteja milhões de
norte-americanos estarão condenados a sobreviver sem qualquer proteção de
saúde.