quarta-feira, 15 de julho de 2020

USA: 5,4 MILHÕES DE NORTE-AMERICANOS PERDERAM A COBERTURA DE SAÚDE DESDE O INÍCIO DA PANDEMIA COVID-19


No passado dia 13 de julho, a organização norte-americana Families USA publicou um estudo intitulado “ The COVID-19 Pandemic and Resulting Economic Crash Have Caused the Greatest Health Insurance Losses in American History” (aqui)onde aborda os efeitos da pandemia COVID-19 na economia americana, a perda de empregos daí resultante e os seus efeitos na cobertura de saúde e no estado de saúde desses cidadãos na ausência de medidas legislativas federais com vista à proteção do direito à saúde dos cidadãos.

De acordo com os dados recolhidos junto de fontes oficiais, pela USA Families, 21.9 milhões norte-americanos perderam o seu trabalho entre fevereiro e maio de 2020 devido à maior crise de saúde pública que ocorreu nos últimos 100 anos, causando o maior colapso económico verificado desde a II Guerra Mundial. Em poucos meses, milhões de trabalhadores perderam seus empregos e pelo menos 5.4 milhões deles deixaram de ter qualquer cobertura de saúde, uma vez perderam simultaneamente acesso ao seguro de saúde anteriormente fornecido por seus empregadores, provocando um aumento de 39% no número de pessoas que perderam o seguro de saúde, ultrapassando em apenas 3 meses o maior crescimento anual anteriormente verificado de 3.9 milhões durante a crise de 2008/2009.

Esta perda de cobertura de saúde atingiu principalmente os 5 estados mais afetados pela pandemia de COVID-19, Califórnia, Texas, Flórida, Nova Iorque e Carolina do Norte responsáveis por 49% do aumento total das pessoas que perderam acesso aos seguros de saúde. Em 8 estados, 20% ou mais dos adultos abaixo dos 65 anos não têm agora qualquer cobertura de saúde: o Texas, onde quase três em cada dez adultos com menos de 65 anos não têm seguro (29%); a Flórida (25%); o Oklahoma (24%); a Geórgia (23%); o Mississippi (22%); o Nevada (21%); a Carolina do Norte (20%); e a Carolina do Sul (20%).

Todos, com exceção do Oklahoma, também estão entre os 15 estados com o maior número de novos casos de SARS-CoV-2 durante a semana que terminou em 12 de julho.

Ao mesmo tempo 5 outros estados apresentaram aumentos no número de adultos sem seguro que excedem os 40%: Massachusetts, onde o número quase dobrou, aumentando em 93%; Havaí (72%); Rhode Island (55%); Michigan (46%); e New Hampshire (43%).

Sem nenhuma medida legislativa federal que reduza o impacto da perda de cobertura de saúde, os mais de 5.4 milhões cidadãos norte-americanos que perderam a cobertura de saúde veem assim a sua saúde posta em risco quer pela exposição à SARS-Cov-2, uma vez que sem cobertura de saúde as pessoas tendem a atrasar a procura de cuidados por causas dos custos, arriscando a sua saúde, a sua sobrevivência e acelerando a propagação do vírus para familiares e vizinhos, quer pela dificuldades em obter diagnósticos e tratamentos por condições crónicas como o cancro ou as doenças cardíacas ou cerebrovasculares, atrasando procedimentos e causando mesmo a morte precoce.

Sem cobertura de saúde que as protejam contra os riscos financeiros que as despesas extras em saúde podem provocar, mesmo em famílias da classe média, muitas famílias terão que optar entre pagar as despesas em saúde do seu próprio bolso ou suprir as suas necessidades básicas, quer com alimentação quer com a habitação, adiantando o documento que de acordo com números oficiais, em maio 26 milhões de famílias não tinham comida suficiente para se alimentar, e que 38 milhões de pessoas referiam ter pouca ou nenhuma capacidade para pagar a hipoteca ou a renda do próximo mês.

Sem cobertura universal de saúde, sem legislação federal que os proteja milhões de norte-americanos estarão condenados a sobreviver sem qualquer proteção de saúde.

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