O estudo "Understanding the health care needs of people with multiple health conditions" publicado no dia 13 de novembro pela “Health Foundation” envolvendo cerca de
300.000 pessoas concluiu que as pessoas que vivam nas áreas mais pobres (último
quintil) adoecem 10 anos mais cedo que as pessoas que vivem nas áreas mais
favorecidas (1º quintil), o que significa que as pessoas que vivem nas áreas
mais favorecidas podem esperar ter dois ou mais problemas de saúde aos 71 anos,
enquanto as pessoas que vivem nas áreas de maior privação têm 2+ problemas de
saúde aos 61 anos.
O estudo realizado
pela “Health Foundation” analisou os dados de saúde de 300.000 ingleses durante
os anos de 2014 a 2016 com o objetivo de estudar a multimorbilidade, uma vez
que as pessoas que apresentam múltiplos problemas de saúde têm pior qualidade
de vida, correm maior risco de morte prematura e necessitam de maior suporte
dos serviços de saúde. Com esse objetivo o estudo considerou 36 condições de saúde,
incluindo ocorrência de doença crónica, fatores de risco, sintomas como a dor
crónica, deficiências sensoriais e ainda o uso indevido de substâncias, a sua
distribuição entre a população e a utilização dos serviços de saúde, tanto ao
nível dos centros de saúde como dos Hospitais, incluindo internamento e urgência,
tendo encontrado como principais conclusões:
- 1 em cada
4 adultos tinha 2+ problemas de saúde, o que equivale a aproximadamente 14,2 milhões
de pessoas na Inglaterra.
- As
pessoas das áreas mais desfavorecidas correm maior risco de ter múltiplos
problemas e em idades mais jovens. Cerca de 28% das pessoas nas áreas mais
desfavorecidas tem 4+ problemas de saúde em comparação com 16% das pessoas mais
favorecidas.
- 30% das
pessoas com 4+ problemas de saúde têm menos de 65 anos de idade, e essa % é
maior nas áreas mais desfavorecidas.
- Em 2015/2016
1 em cada 3 doentes internados num hospital tinha 5+ problemas de saúde,
enquanto em 2006/07, a proporção era de 1 em cada 10 doentes.
- As pessoas
com multimorbilidades têm múltiplas consultas e tratamentos. Os doentes com 4
ou mais problemas tiveram uma média de 8,9 consultas em 2,8 especialidades
médicas. Durante o período do estudo, esses doentes (4+) visitaram um médico de
família 24.6 vezes (1 vez por mês em média) tendo-lhe sido prescritos 20,6
medicamentos diferentes. Enquanto um doente com 1 problema de saúde, teve 2,8
consultas com especialista, 8,8 consultas de medicina geral e familiar, e 5,6 medicamentos
prescritos. No entanto, os doentes com mais problemas de saúde não tiveram
tempos de consulta mais longos com o seu médico de família, apesar de suas
necessidades mais complexas.
- 82% das
pessoas com cancro, 92% das pessoas com doença cardiovascular, 92% das pessoas com
doença pulmonar obstrutiva crónica e 70% das pessoas com problemas de saúde
mental têm pelo menos mais um problema de saúde adicional.
- Os
cuidados de saúde com as pessoas com 2+ problemas de saúde são responsáveis por
mais de metade dos custos dos cuidados primários e secundários, e ¾ dos custos
das prescrições dos cuidados primários.
O estudo
chama ainda à atenção para o aumento previsível das despesas em saúde
resultante do crescimento nos próximos 5 anos da atividade hospitalar em cerca
de 14% por via do aumento do número de pessoas com múltiplos problemas de
saúde e para o fato das estratégias clínicas continuarem a privilegiar o enfoque
num único problema de saúde.
Propondo a “Health
Foundation” que o planeamento de longo prazo para o Serviço Nacional de Saúde
inglês deva ter um foco claro nas pessoas com múltiplos problemas de
saúde.
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