domingo, 11 de novembro de 2018

NASCER E PERMANECER NA "WORKING CLASS" É MAU PARA A SAÚDE


Num artigo "Intergenerational social mobility and allostatic loadin Great Britainrecentemente publicado no “Journal of Epidemiology and Community Health” por dois investigadores da Universidade de Oxford, que tinha como objetivo testar a hipótese da mobilidade social intergeracional ser um processo causador de stress com efeito negativo na saúde das pessoas, os autores concluíram que tanto a origem como a classe de destino são importantes para a saúde dos indivíduos, e que a mobilidade social por si só não tem impacto na sua saúde.


No estudo os autores utilizaram os dados (relação entre a classe social parental aos 14 anos, a classe social dos respondentes e a carga alostática no momento da entrevista) recolhidos um grupo de 9851 adultos participantes no “Understanding Society – The UK Household Longitudinal Study” (aqui).

No decurso da investigação concluíram que a carga alostática (inclui como indicadores: o perímetro abdominal, o colesterol total, o colesterol de alta densidade, os triglicerídeos, a hemoglobina glicada, a proteína C reativa, o fibrinogénio, pressão arterial sistólica, a frequência cardíaca em repouso e o índice de massa corporal), uma medida do desgaste do corpo resultante do stress crónico, que pode provocar doenças crónicas, como a diabetes e as doenças cardíacas, afeta sobretudo e de forma negativa aqueles que nasceram e se mantiveram naworking class”.

No que se refere à mobilidade social, verifica-se que ela afeta de forma diferente os que estão numa classe social mais elevada (topo) e descem na escala social e aqueles que começaram a vida entre as “working class” e sobem na classe social, enquanto no primeiro caso as pessoas oriundas das classes sociais mais favorecidas veem a sua saúde protegida pela sua origem, no segundo caso as pessoas oriundas da “working class” e sobem na classe social apresentam uma melhor carga alostática do que as pessoas que nasceram e permaneceram na “working class” mas muito acima daquela que afetará as pessoas que começaram numa classe social mais elevada (top) e que lá permanecem.

Concluindo os autores que a mobilidade social por si só não afeta a carga alostática, mas é antes a origem social que melhora ou prejudica a carga alostática, favorecendo sempre as classes mais favorecidas mesmo quando estas descem na escala social e prejudicando aqueles que permamecem nas classes trabalhadoras.

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