Num artigo "Intergenerational social mobility and allostatic loadin Great Britain" recentemente publicado no “Journal of Epidemiology and Community Health” por dois investigadores da Universidade de Oxford, que tinha como objetivo testar a
hipótese da mobilidade social intergeracional ser um processo causador de stress com efeito negativo na saúde das
pessoas, os autores concluíram que tanto a origem como a classe de destino são
importantes para a saúde dos indivíduos, e que a mobilidade social por si só
não tem impacto na sua saúde.
No estudo os
autores utilizaram os dados (relação entre a classe social parental aos 14
anos, a classe social dos respondentes e a carga alostática no momento da
entrevista) recolhidos um grupo de 9851 adultos participantes no “Understanding
Society – The UK Household Longitudinal Study” (aqui).
No decurso
da investigação concluíram que a carga alostática (inclui como indicadores: o perímetro abdominal, o colesterol total, o colesterol de alta densidade, os triglicerídeos, a hemoglobina glicada, a proteína C reativa, o fibrinogénio, pressão arterial sistólica, a frequência cardíaca em repouso e o índice de massa corporal), uma
medida do desgaste do corpo resultante do stress
crónico, que pode provocar doenças crónicas, como a diabetes e as doenças cardíacas,
afeta sobretudo e de forma negativa aqueles que nasceram e se mantiveram na “working class”.
No que se
refere à mobilidade social, verifica-se que ela afeta de forma diferente
os que estão numa classe social mais elevada (topo) e descem na escala social e
aqueles que começaram a vida entre as “working class” e sobem na classe social,
enquanto no primeiro caso as pessoas oriundas das classes sociais mais
favorecidas veem a sua saúde protegida pela sua origem, no segundo caso as
pessoas oriundas da “working class” e sobem na classe social apresentam uma melhor
carga alostática do que as pessoas que nasceram e permaneceram na “working
class” mas muito acima daquela que afetará as pessoas que começaram numa classe
social mais elevada (top) e que lá permanecem.
Concluindo
os autores que a mobilidade social por si só não afeta a carga alostática, mas é
antes a origem social que melhora ou prejudica a carga alostática, favorecendo
sempre as classes mais favorecidas mesmo quando estas descem na escala
social e prejudicando aqueles que permamecem nas classes trabalhadoras.
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