A OCDE e o
Observatório Europeu Sobre Sistemas e Políticas de Saúde publicaram ontem 28 de
Novembro os Perfis de Saúde dos Países da União Europeia, trabalho realizado em
cooperação com a Comissão Europeia (Aqui).
No caso
português o Perfil de Saúde salienta que a esperança de vida tem aumentado
continuamente desde 2000, chegando aos 81,6 anos em 2017 e situando-se acima da
média europeia, sublinhado que esta diminuição se deve sobretudo à queda das
taxas de mortalidade por AVC e doença cardíaca isquémica.
Aponta
ainda no que se refere à esperança de vida uma mudança no padrão mortalidade
com o crescimento das mortes causadas por cancro do pulmão (relacionadas com o
tabagismo) e pelas Demências, ao mesmo tempo que salienta as disparidades na
esperança de vida não só entre homens e mulheres (com as mulheres a viverem
mais 6,2 anos do que os homens em 2017, o que é superior à média europeia – 5.2
anos) mas também em função do estatuto socioeconómico.
No que se
refere à contribuição dos fatores de risco para a mortalidade em Portugal o
documento mostra que cerca de 1/3 das mortes registadas em 2017 podem ser
atribuídas a riscos comportamentais contra 39% na EU. Com diferenças favoráveis
a Portugal nos riscos alimentares e no tabaco e desfavoráveis no consumo de
álcool entre a população adulta.
No que se
refere às despesas em saúde o documento salienta que do programa de ajustamento
económico (Troika) aplicado entre 2011 e 2014 resultou na aplicação de medidas
no sector da saúde que levaram a enormes cortes no financiamento público da
saúde, levando à diminuição das despesas de saúde em % do PIB que passaram de
69.8% em 2010 para 66.4% em 2017 (contra 79.3% na UE), situação que só se
começou a inverter em 2018, provocando um % de pagamentos diretos mais alta do
que a média da EU (27,5 % das despesas totais de saúde, o que ultrapassa
substancialmente a média da UE situada em 15,8 %).
Estes
pagamentos diretos podem de acordo com os autores) podem minar a acessibilidade
e contribuir para empobrecer os agregados familiares mais desfavorecidos,
acrescentando que cerca de 8,1 % das famílias tiveram despesas de saúde
catastróficas em 2016, sendo estas mais elevadas para as famílias de
rendimentos mais baixos onde se alcança um valor de 30%.
No que se
refere ao sistema de saúde o relatório sublinha numa das suas conclusões que “
Portugal tem um bom sistema de cuidados primários, capaz de manter os doentes
fora dos hospitais quando isso se justifica” salientando que Portugal apresenta
umas das taxas mais baixas de hospitalizações evitáveis por asma, doença
pulmonar obstrutiva crónica e insuficiência cardíaca congestiva na União
Europeia, indicando que estas patologias crónicas estão a ser tratadas
eficazmente ao nível dos cuidados primários.
No nosso SNS tem havido uma degradação consistente dos serviços hospitalares que tem de alguma forma sido contrariada por uma melhoria nos cuidados de saúde primários.
ResponderEliminarRepare-se que nos cuidados de saúde primários tem havido um caminho para premiar o desempenho, através das USF. Nos hospitais, não...
Repare-se também que nos cuidados de saúde primários não há uma grande necessidade de investimentos avultados. Nos hospitais , sim...
E como sabem, tem havido um grande desinvestimento financeiro no SNS. Óbvio que quem sente isto como um enorme problema são mesmo os hospitais!