O relatório
anual “Health a Glance 2019” publicado pela OCDE no passado dia 07 de novembro
destaca como principal preocupação a desaceleração no aumento da esperança
média de vida nos últimos anos, em particular entre os países mais
desenvolvidos, confirmando os resultados apresentados em 2017 pelo Professor
Michael Marmot, para o Reino Unido. No estudo de Marmot (aqui) referente ao período de
2012-2015 os resultados mostravam uma estagnação na longevidade ao contrário
do que tinha vindo a suceder desde o final da II Guerra Mundial com um
crescimento contínuo da esperança de vida.
Esperança média de vida 1970 e 2017 (ou ano mais próximo) |
De acordo
com os dados agora publicado 27 países da OCDE experimentaram uma estagnação
nos ganhos em longevidade nos anos de 2012-17, quando comparados com a década
de 2002-07, sendo essa desaceleração mais acentuada nos Estados Unidos, na França,
na Holanda, na Alemanha e no Reino Unido, afetando mais as mulheres do que os
homens em quase todos os países da OCDE.
O relatório
foca com particular atenção o ano de 2015, uma vez que a esperança média de
vida caiu nesse ano pela primeira vez desde 1970. Nesse ano dezanove países
registaram uma redução na longevidade, atribuída a um surto de gripe
particularmente grave que matou muitos idosos frágeis e outros grupos
vulneráveis. A maioria desses países eram europeus, com exceção dos Estados
Unidos e Israel. As maiores diminuições verificaram-se na Itália (7,2 meses) e
na Alemanha (6 meses).
Desaceleração nos ganhos de esperança média de vida, 2012-17 e 2002-07 |
As causas para
esta desaceleração nos ganhos de esperança de vida são multifacetadas (aqui), mas
todas elas envolvem os determinantes sociais da saúde e as desigualdades em
saúde, já anteriormente verificadas no trabalho de Anne Case e Angus Deaton nos
Estados Unidos da América (aqui), sejam a obesidade e a diabetes, seja a crise dos
opiáceos ou as medidas de austeridade impostas a quando da crise económica
global de 2008.
Recordando
que um rendimento nacional mais elevado está associado positivamente com o
aumento da longevidade, favorecendo em particular os níveis de rendimento mais
baixo, o relatório sublinha que a esperança média de vida também é, em média,
mais longa nos países que investem mais em sistemas de saúde - embora essa
relação tenda a ser menos pronunciada nos países com os maiores gastos per capita em saúde.
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