Vivemos no
Antropoceno, a era em que a atividade humana impõe a sua influência sobre o
meio ambiente (aqui).
A
destruição dos ecossistemas com a chegada dos seres humanos a áreas onde antes a
sua presença era insignificante, a sobre-exploração das áreas naturais, as alterações
climáticas provocadas pelo consumo dos combustíveis fosseis que libertaram CO2
e outros gases de efeito de estufa suficiente para reter mais calor e levar ao
aumento da temperatura de uma forma nunca vista, a poluição das águas, a desflorestação
causada pela expansão da agropecuária, o desenvolvimento da indústria
agrotóxica e da indústria pecuária e diminuição da biodiversidade são os
principais fatores para o aparecimento de novas doenças infeciosas com
capacidade para gerarem infeções descontroladas.
Há muito
que sabemos que a constante e crescente destruição dos ecossistemas influi na
transmissão dos patogénos, fazendo com que os seres humanos entrem em contacto
com espécies que nunca tinham contactado e que não tinham evoluído para contactar
com pessoas. Sabemos de há muito que populações de morcegos foram obrigadas a
deslocarem-se dos seus habitats pelos incêndios e pela deflorestação, foi assim
que em 1998 as populações de Pteropus vampyrus provocaram um surto de Nipah na
Malásia com uma letalidade de 40%, foi assim que outras espécies de morcegos
serviram de intermediários entre outros animais e o homem na Austrália em 1994 com
a Hendra, na China e no Canadá em 2003 com a SARS-Cov, no Médio Oriente com a
MERS-COV em 2012 ou com o Ébola em 2014 na África Central em 2014.
El Roto 25.04.2020 |
Não, não
culpem o morcego, culpem antes a inação das elites que estão convencidas que o
mundo é delas, dos ganhadores dos mais aptos e que os outros os perdedores se
não sobrevivem é por sua culpa e porque o merecem. Com esta pandemia sucedeu o
impensável o mundo rico e as classes privilegiadas sentiram que não são
invulneráveis, mas será isto o suficiente para “outra forma de viver”.
Deixo aqui
para reflexão a parte final de um ensaio do filósofo e ensaísta sul-coreano
Byung-Chul Han publicado no jornal El País.
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