No passado
dia 16 de Janeiro, a OXFAM publicou o relatório “ An economy for the 99 percent” (aqui)para marcar a realização da Cimeira de Davos (aqui), onde se reúnem líderes políticos
de todo o mundo e os principais líderes empresariais.
O relatório
publicado em 2017 confirma que o fosso entre ricos e pobres tem vindo a
aumentar e que o património de apenas oito homens é igual ao da metade (3.6
bilhões de pessoas) mais pobre do mundo.
Estes dados
confirmam os dados divulgados por Branko Milanovic no seu livro “Global
Inequality: A New Approach for the Age of Globalization” publicado em Abril de
2016 (aqui), que apontam para a redução das desigualdades entre países ricos e pobres,
por via do crescimento de países, como a China e a Índia, aproximando o mundo da
situação vivida por volta de 1820, quando a principal fonte de desigualdade era
a origem social (classe) em vez da localização geográfica. De acordo com Milanovic,
enquanto nos países do Sul da Ásia as classes médias da China e da índia viram
os seus rendimentos aumentar, nos países ricos as classes médias viram os seus
rendimentos reduzidos ao mesmo tempo que a riqueza mundial se concentrava nos
1% mais ricos.
Ao longo do
relatório a OXFAM detalha o comportamento dos super-ricos e das grandes corporações,
alicerçados nas políticas neoliberais dos últimos 30 anos, tendo como base o
Consenso de Washington e o desenvolvimento de um conjunto de ideias basilares
do pensamento neoliberal, «hoje criticadas pelo próprio FMI (aqui)» como a crença inabalável no poder dos mercados, aliada
à visão negativa da intervenção dos governos, e o mercado como instrumento poderoso
para promover o crescimento e a prosperidade. Ao longo dos anos os super-ricos
e as grandes corporações fugiram aos impostos usando uma rede de paraísos
fiscais “use a network of tax havens to avoid paying their fair share of tax
and an army of wealth managers to secure returns on their investments that
would not be available to ordinary savers”, reduziram salários e direitos dos
trabalhadores e utilizaram o seu poder para influenciar as políticas públicas a
seu favor.
A análise
da OXFAM mostra que ao contrário da crença popular, que uma grande parte dos
bilionários não são “self-made”, revelando que um terço da riqueza dos
bilionários do mundo tem origem na riqueza herdada, em quanto que 43% dela tem
algum vínculo com o favorecimento e o nepotismo.