Na passada
terça-feira, 25 de Julho, o jornal Guardian (aqui)dava a conhecer uma nova ferramenta
de avaliação do meio ambiente alimentar – FEAT, desenvolvida pelo CEDAR, um dos
cinco centros de excelência de investigação em saúde pública de Inglaterra, constituído
através de uma parceria entre a Universidade de Cambridge, a Universidade de
East Anglia e a Unidade de Investigação em Epidemiologia da Universidade de
Cambridge, com o objetivo de investigar comportamentos alimentares e a
atividade física.
Esta nova
ferramenta permite conhecer a distribuição geográfica da rede de retalho
alimentar de Inglaterra (Cafés, Lojas de conveniência, Restaurantes, Lojas
especializadas, Supermercados, Takeaways) permitindo o seu relacionamento com as
escolhas dietéticas, o peso corporal e a saúde das populações. A ferramenta
permite aos profissionais de saúde pública, da saúde ambiental, às autoridades
locais e nacionais o mapeamento, e, a monitorização do acesso das populações
aos estabelecimentos de alimentação ao nível de um bairro, e a tomada de
decisões de planeamento, tanto no que se refere à oferta e à implantação dos
estabelecimentos, como à criação de evidências para o desenvolvimento de
estratégias locais de saúde que favoreçam escolhas alimentares salutogénicas, e
combatam quer a insegurança alimentar quer a obesidade.
De acordo
com o trabalho do “inequality.project”, publicado no Guardian (aqui), verificou-se um
aumento de 8% no número total de “takeaways” em Inglaterra nos últimos 3 anos,
mais 4.000. De acordo com os dados disponibilizados pelo FEAST, os “takeaways”
representam cerca de ¼ de todos os estabelecimentos alimentares do país
concentrando-se nas áreas mais pobres e deprimidas de Inglaterra e confirmado a
separação Norte-Sul de Inglaterra encontrada em outros estudos.(aqui)
Das 30
áreas municipais onde se concentram as lojas de comida barata, que vendem principalmente
“junk food” e refrigerantes, 25 estão nas áreas mais desfavorecidas do Norte e
do Noroeste de Inglaterra.
Conhecida a
associação entre a exposição aos estabelecimentos de comida rápida (aqui) que fornecem
produtos ultraprocessados (aqui)(ricos em gordura, amidos, açúcar, aditivos e de
elevado valor calórico), o aumento do consumo destes produtos e o crescimento
da obesidade e da diabetes, muitos municípios tomaram decisões para restringir
a instalação de lojas de comida rápida na ausência de uma política nacional.
Esta regulação
e planeamento de novos takeaways de forma a proteger os consumidores, que de
acordo com muitos dos estudos publicados (aqui) (aqui)subestimam o valor calórico das
refeições das lojas de comida rápida, obriga os municípios a um difícil equilíbrio
entre uma presença mais dinâmica do planeamento em saúde pública e as pressões orçamentais
para autorizar das cadeias de comida rápida, de forma a melhorar os orçamentos
municipais perante as políticas de cortes do governo nacional.
Sem uma
compreensão clara por parte dos cidadãos para entender que quem governa os
sistemas globais de alimentos são as empresas multinacionais de alimentos e
bebidas, com enorme poder e concentração de mercado, será difícil para as
autoridades nacionais romperem com este poder.(aqui)