Num recente
artigo do New York Times, intitulado “Social Interaction Is Critical for Mental and Physical Health” a jornalista Jane E. Brody, enfatizava a importância das
relações sociais para aqueles que procuram um estilo de vida saudável, citando
Emma Seppälä, diretora do Stanford University’s Center for Compassion and
Altruism Research and Education, Brody afirma “para aqueles que procuram um
estilo de vida que promova a saúde, não é suficiente comer só verduras e exercitarem-se
regularmente”, “Don’t forget to connect.” (aqui)
Começando
por citar o artigo de revisão de Umberson D e Montez JK, “Social Relationships
and Health: A Flashpoint for Health Policy” (aqui) publicado em 2010, onde os autores
revêm os resultados das interações sociais sobre os resultados em saúde,
incluindo a saúde física, a saúde mental, os hábitos em saúde e a mortalidade,
sublinhando que as pessoas que apresentam laços sociais mais fortes vivem mais,
a jornalista cita ao longo do artigo um conjunto de estudos publicados ao longo
de décadas que mostram que as relações sociais contribuem para a longevidade e
para uma boa saúde.
El Roto - 6 OCT 2013 - El País |
Num mundo globalizado dominado pelas políticas neoliberais, geradoras de profundas desigualdades e injustiças sociais, as pessoas sentem-se cada vez mais isoladas. Num mundo onde cada vez
mais pessoas vivem sozinhas, em particular as mais velhas, e em que a
organização do trabalho cada vez mais promove o isolamento social, a precarização
e a desvinculação organizacional, numa sociedade em que a tecnologia ao invés
de aumentar a interação social, antes contribui para o isolamento, vale a pena
lembrar o trabalho de Berkman LF, Syme SL, iniciado nos anos 60, publicado em
1979, “Social networks, host resistance, and mortality: a nine-year follow-up study of Alameda County residents”, e o chamado “efeito Roseto”, efeito
verificado na comunidade italo-americana da pequena localidade de Roseto na
Pensilvânia, habitada por imigrantes italianos vindos da original Roseto
Valfortore, na província de Foggia, Itália, por apresentar um reduzido número
de mortes por doença cardiovascular em particular nos homens com menos de 55
anos, quando comparada com as comunidades vizinhas.
Em ambos os
casos os investigadores encontraram uma relação positiva entre as interações
sociais e a diminuição da mortalidade, no primeiro caso Berkman LF, Syme SL,
estudaram a relação entre a mortalidade e os laços sociais e comunitários numa
população de cerca de 6.000 pessoas do condado de Alameda (Califórnia),
concluindo que as pessoas mais isoladas e com menos contactos sociais tiveram aproximadamente
três vezes mais probabilidades de morrer do que as pessoas com laços sociais
mais fortes, verificando-se que a associação entre os laços sociais era independente
do estado de saúde auto-relatado, do ano da morte, do estatuto socioeconómico e
do estilo de vida, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, e atividade
física. No segundo caso na comunidade de Roseto, os investigadores Stewart Wolf
e John Brown, encontraram na estrutura social da comunidade, a coesão e o
suporte social que protegiam os habitantes de Roseto das doenças
cardiovasculares.
Passados
mais de 50 anos sobre a descoberta do “efeito de roseto”, a evidência
científica publicada demonstra a importância das interações sociais sobre a
saúde das comunidades, reconhecendo que a falta de interações sociais e a
solidão agravam ou desenvolvem as doenças cardiovasculares, a saúde mental, os
transtornos autoimunes, o cancro ou a cicatrização. Ao mesmo tempo que
reconhece que o apoio emocional oferecido pelas interações sociais ajuda a
reduzir os efeitos prejudicais do stress favorecendo e dando um sentido e um
significado à vida.(aqui) (aqui) (aqui)
Terminamos
como começámos, citando Emma Seppälä, diretora do Stanford University’s Center
for Compassion and Altruism Research and Education, numa sociedade em que
solidão e o isolamento está em crescimento, a boa notícia é:
“Fear not! The good news is that social connection has more to do
with your subjective feeling of connection than your number of friends. You
could have 1,000 friends and still feel low in connection (thus the expression
loneliness in a crowd) but you could also have no close friends or relatives
but still feel very connected from within.” (aqui)
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