Na edição
de 04 de Junho do Canadian Medical Association Journal (CMAJ), investigadores
da Universidade de Oxford (Reino Unido), da London School of Hygiene &
Tropical Medicine (Reino Unido), da Universidade de Stanford (Califórnia-EUA),
e da Universidade de Bocconi, (Milão-Itália), publicaram um artigo onde abordam
o impacto do acordo de comercio internacional, denominado North American Free
Trade Agreement (NAFTA) - estabelecido entre os Estados Unidos da América, o
México e o Canadá – no consumo de xarope de milho com alto teor em frutose,
usado em produtos alimentares e refrigerantes, no Canadá.(aqui)
No estudo
agora publicado, “Impact of the North American Free Trade Agreement on high-fructose corn syrup supply in Canada: a natural experiment using synthetic control methods”, os autores investigaram o efeito das alterações tarifárias
introduzidas com a entrada em vigor do NAFTA, separando as tarifas dos produtos
contendo xarope de milho com alto teor de frutose (HFCS) dos produtos contendo
açúcares de cana sacarina e beterraba e a aplicação de uma tarifa reduzida ao xarope de milho (HFCS).
Canadian Medical Association Journal |
De acordo
com os resultados obtidos verificou-se um aumento do consumo diário de 41.6 Kcal
per capita provenientes de edulcorantes,
uma associação positiva deste consumo de HFCS com o crescimento da taxa de
obesidade, passando de 5.6% para 14.8% e um aumento na prevalência de diabetes
de 3,3% para 5,6%, de 1998/99 a 2008/09.
Perante
estes factos, os autores avançaram com três explicações, em primeiro lugar, um
mecanismo específico através do qual os acordos de comércio livre podem afetar
a dieta da população: as tarifas de importação, demonstrando que uma pequena
mudança pode determinar a dieta das pessoas, incluindo o consumo de HFCS,
causando o aumento da obesidade e da diabetes, em segundo lugar, os
investigadores salientaram a robustez dos métodos utilizados e as associações
encontradas e em terceiro lugar a verificação de uma mudança no padrão de consumo
de açúcares, com uma diminuição do consumo dos açúcares de beterraba e cana
sacarina, um aumento do consumo de xarope de milho rico em frutose, e, uma
interrupção da tendência de diminuição para o consumo total de açúcares. Confirmando
as principais preocupações de muitos profissionais de saúde pública que
mostraram sérias reservas sobre o efeito dos acordos de comércio livre para a
saúde das populações, alertando para o seu potencial efeito negativo, uma vez
que se centram na eliminação das barreiras ao comércio, tais como tarifas
(sobre importações e exportações) ou cotas de importação para os países membros,
provocando, como agora se verificou, o aumento do consumo de produtos
prejudiciais para a saúde.
Lancet |
As conclusões
do estudo sublinham a crescente preocupação demonstrada na comunidade
internacional com os efeitos dos acordos de comércio internacional, como o
TTP, o TTIP, o CETA, (aqui)(aqui)sobre a saúde pública e chamam à atenção dos mais
diversos atores sociais, sobre a ação dos “ determinantes comerciais da saúde” aqui
definidos como “strategies and approaches used by the private sector to promote
products and choices that are detrimental to health”. (aqui)
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