De acordo
com o estudo " Worldwide trends in blood pressure from 1975 to 2015: a
pooled analysis of 1479 population-based measurement studies with 19.1 million
participants" ontem publicado (15-11-2016) na Revista Lancet (aqui), liderado por
investigadores do Imperial College de Londres, a pressão arterial elevada,
definida como 140/90 mmHg ou superior, afeta em todo o mundo cerca 1.13 bilhões
de pessoas, 597 milhões de homens e 529 milhões de mulheres, praticamente o
dobro das que apresentavam valores elevados há 40 anos.
O estudo
liderado pelo NCD-RisC, uma rede de cientistas de todo o mundo coordenados pelo
"WHO Collaborating Centre on NCD Surveillance and Epidemiology at Imperial
College London" cujo Diretor é o Professor Majid Ezzati (aqui), estudou as
mudanças na pressão arterial em todos os países do mundo entre 1975 e 2015,
tendo verificado um aumento da pressão arterial nos países de renda baixa e
média, especialmente na Ásia onde se encontram praticamente metade dos adultos
com hipertensão arterial, cerca de 226 milhões de pessoas na China e cerca de 200
milhões de pessoas na Índia.
De acordo
com os dados agora publicados os países com a maior proporção de homens com
hipertensão arterial, situam-se na Europa Central, na Europa de Leste e nos Balcãs,
Croácia, Letónia, Lituânia, Hungria, Eslovénia, Roménia, Polónia, República
Checa, Montenegro, Eslováquia, Estónia, Bósnia- Herzegovina, Servia, Moldávia e
Bulgária. Portugal aparece em 42.º lugar e é primeiro dos países da Europa
Ocidental elencados.
Globalmente
a pressão sistólica média, padronizada por idade, manteve-se praticamente
inalterada entre 1975 e 2015 nos homens e diminuiu ligeiramente nas mulheres, enquanto,
a pressão diastólica média manteve-se inalterada.
O estudo conclui que “ Blood pressure is a multifaceted
trait, affected by nutrition, environment, and behaviour throughout the life
course, including fetal and early childhood nutrition and growth, adiposity, specific
components of diet, especially sodium and potassium intakes, alcohol use, smoking,
physical activity, air pollution, lead, noise, psychosocial stress, and the use
of blood pressure lowering drugs. Changes in risk factors and improvements in
detection and treatment of raised blood pressure have, at least partly,
resulted in the decrease in blood pressure in high-income countries, although
the decrease seems to have begun before or in the absence of specific
interventions for risk factors and scale-up of treatment, and is only partly
accounted for by the measured risk factors and treatment. In particular,
the decrease in high-income and some middle-income countries has happened
despite increasing body-mass index. The partly unexplained nature of these favorable
trends necessitates speculation about their drivers, which might include
unmeasured improvements in early childhood nutrition and year-round
availability of fruits and vegetables, which might increase the amount and regularity
of their consumption.”, confirmando a importância das vias de relacionamento
entre os “residential environments” e os fatores de risco cardiovascular, desenvolvidos por Ana Diez Roux no seu trabalho “ Residential
Environments and Cardiovascular Risk” publicado em 2003 no Journal of Urban
Health: Bulletin of the New York Academy of Medicine. (aqui)
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