Um recente
trabalho do Glasgow Centre for Population Health, da University of the West of
Scotland e do University College London “ History, politics and vulnerability:
explaining excess mortality in Scotland and Glasgow” (aqui) resume toda a investigação
publicada, cerca de 40 trabalhos, acerca do denominado “efeito de Glasgow”,
procurando encontrar as causas para o “excesso” de mortalidade verificado na
Escócia (mais 5.000 mortes) em comparação com a mortalidade encontrada na
Inglaterra e no País de Gales, ajustadas as diferenças de pobreza e privação.
Este
excesso de mortalidade é particularmente acentuado em Glasgow, não sendo
explicado apenas pelos elevados níveis de pobreza quando comparado com o
verificado em cidades comparáveis como Liverpool e Manchester.
O estudo
revela que para além da privação e da pobreza resultantes da
desindustrialização “the loss of industrial jobs expressed in relation to the
size of the industrial employment base in 1931) was 47% in Scotland compared
with 30% in England” da Escócia e da cidade de Glasgow, o excesso de
mortalidade verificado em comparação com as cidades de Liverpool, Manchester e
Belfast, resulta de uma política urbana desenvolvida entre 1945 – 1980, que favoreceu
a deslocação da população mais jovem e mais qualificada, o «skimming the cream»,
os “melhores cidadãos” para novas cidades nos arredores de Glasgow, como Cumbernauld
(1955), Livingston (1962) and Irvine (1966), enquanto em Glasgow eram deixados
os pobres, os mais velhos e a população desempregada, muitas vezes alojados em
bairros sociais construídos em altura, como reconhecia o Scottish Office em
1970 “ Glasgow is in a socially… [and] economically dangerous position. The
position is becoming worse because, although the rate of population reduction…
is acceptable, the manner of it is destined within a decade or so to produce a
seriously unbalanced population with a very high proportion of the old, the
very poor and the almost unemployable…”, seguida nos anos seguinte por uma
política de desenvolvimento urbano sustentada no lema “that “what’s good for
business is good for Glasgow”, que levou ao aparecimento duma cidade dual, onde
as zonas pobres, os bairros sociais isolados, ficarm sujeitas à degradação e ao
baixo investimento público em conservação e manutenção.
A par destas políticas
urbanas, os autores do estudo identificam ainda duas outras explicações para a
uma maior vulnerabilidade da população de Glasgow, o capital social e o défice
democrático.
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