No passado
dia 15 de Setembro a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura, apresentou na cidade de Roma o Relatório “O estado da segurança alimentar e nutrição no mundo em 2017”, que revelou uma inversão da diminuição
da fome no Mundo.
Pela
primeira vez desde o final do século XX o número de pessoas com fome no mundo aumentou.
De acordo com o documento agora publicado verificou-se um crescimento de 11% no
número de pessoas que sofrem de fome, contrariando a descida consistente
verificada nos últimos 10 anos, e fortemente correlacionado com o aumento da
conflitualidade violenta verificada desde 2005 (ano em que foi atingido um
mínimo histórico) e em particular desde 2010.
Com o
crescimento e a ampliação de conflitos violentos no Próximo Oriente, na África
do Norte, na África Subsaariana, na América Central e na Europa Oriental, em
particular na Ucrânia, milhões de pessoas foram forçadas à deslocação, motor
principal da insegurança alimentar e da desnutrição, provocando impactos
negativos na produção e na disponibilidade de alimentos, em particular nas
comunidades rurais. A título de exemplo, no caso da guerra civil que tem
assolado a Síria, mais de 11 milhões de pessoas tiveram de fugir das suas
casas, 6 milhões para outros locais do país e outros 5 milhões para os países
vizinhos, provocando insegurança alimentar quer na população deslocada, quer na
população de acolhimento. De acordo com os dados revelados pela FAO as pessoas
deslocadas passam em média mais de 17 anos em campos de refugiados ou em campos
de acolhimento.
A par do
aumento de pessoas que sofrem de fome crónica, tem também crescido o número de pessoas
subalimentadas, estimando-se que este número tenha aumentado de 777 milhões em
2015 para 815 milhões de pessoas em 2016, proporção ainda mais elevada nas
crianças, uma vez que cerca de 75% das crianças subalimentadas com menos de 5
anos vivem em países afetados por conflitos, uma diferença de mais nove pontos
percentuais em relação aos países que não estão envolvidos em guerras.
Para além
das situações de conflito que tem agravado a situação de insegurança alimentar,
várias regiões do mundo foram assoladas por fenómenos climatéricos relacionadas
com o fenómeno El Niño.
Num mundo
onde se produzem alimentos mais que suficientes para satisfazer as necessidades
nutricionais da população, a segurança alimentar requere um enfoque nos
rendimentos dos pequenos produtores, na resiliência dos sistemas de produção de
alimentos, e a utilização sustentável da biodiversidade e dos recursos genéticos,
de forma a enfrentar o objetivo 2 da "Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável!,
“Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e
promover a agricultura sustentável”. (aqui)
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