sábado, 21 de outubro de 2017

EXCESSO DE PESO E OBESIDADE NO GANA E A CHEGADA DAS CADEIAS DE "FAST FOOD" - O CASO DO KFC

Recentemente o New York Times (NYT), publicou um reportagem intitulada “Obesity Was Rising as Ghana Embraced Fast Food. Then Came KFC” a propósito da mudança nos hábitos alimentares no Gana com a chegada da cadeia de comida rápida KFC e da sua crescente popularidade entre a população.

No artigo os autores descrevem a chegada da KFC ao Gana, como fazendo parte da estratégia de expansão da empresa em África, a partir da África do Sul, onde tem mais de 850 postos de venda, depois de ter chegado a Angola, à Tanzânia, ao Uganda, à Nigéria e ao Quénia, junto das classes médias emergentes.~
Obesity Was Rising as Ghana Embraced  Fast Food. Then Came KFC - NYT
Como refere o NYTThe company brings the flavors that have made it popular in the West, seasoned with an intangible: the symbolic association of fast food with rich nations”, levando as classes médias a consumirem, produtos processados ricos com alto teor de sal, açúcar e gordura.

À medida que a globalização se expandiu as classes médias do hemisfério sul, modificaram os seus estilos de vida, tornando-se mais sedentárias e obesas. Os dados recentes do Global Burden Disease mostram que uma alimentação inadequada é responsável por 1 em cada 5 mortes em todo o mundo, e que no Gana a obesidade passou de 2% em 1980 para 13% em 2016.
Global Burden Disesase Ghana

Também um estudo citado no NYT e publicado na BMC Medicine (aqui) confirma o aumento crescente da obesidade nas mulheres ganesas dos centros urbanos, onde já atinge os 34% em comparação com as mulheres do meio rural onde atinge os 8.3%.

Num país em desenvolvimento com cerca de 28 milhões de pessoas, com uma economia em expansão alavancada na exploração do petróleo, com um PIB per capita $3.880 e com bolsas de pobreza, a população fica à mercê das mudanças nos padrões alimentares provocados pela expansão das cadeias de comida rápida de KFC é exemplo. No Gana os medicamentos são caros, a cobertura de saúde não é universal, faltam os profissionais de saúde e os dispositivos para monitorizar a diabetes não são acessíveis, como se isso não fosse bastante uma refeição tipo da KFC, depois de preparada com óleo de palma faz ultrapassar numa única refeição o consumo diário recomendado de sal e açúcar.
Neste contexto é necessário que os diversos atores sociais atuem sobre os “determinantes comerciais da saúde” de forma a contrariar uma nova crise de saúde pública nos países de renda média ou baixa do hemisfério sul.

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