Ao
longo dos últimos meses a imprensa americana tem dado relevo aos
protestos das comunidades médica e científica americanas (aqui) (aqui)contra a
decisão da administração Trump em autorizar a utilização do
pesticida (aqui) “chlorpyrifos- CPS” quer nas culturas agrícolas (soja,
couves de bruxelas, frutos vermelhos, brócolos, couve-flor,
nogueiras e árvores de fruto), quer nas atividades não agrícolas
(campos de golfe, relvados, e tratamentos de madeira utilizada em
casas de jardim e postes de vedação), contrariando a posição da
Agência de Protecção Ambiental dos EUA ( United States
Environmental Protection Agency) tomada em 2015 durante a
administração Obama de banir o uso deste organofosforado nas
atividades agrícolas exteriores.
O
pesticida “chlorpyrifos- CPS” desenvolvido pela Dow Chemical
Company e colocado no mercado desde 1965, pertence à classe dos
pesticidas, compostos químicos desenvolvidos no princípio do século
XX pela IG Farben (aqui), um conglomerado de empresas químicas alemãs, e
utilizados pela Alemanha Nazi como armas químicas para exterminar os prisioneiros do
campo de concentração.
Imagem de Bradley Peterson, via New York Times As partes coloridas da imagem as áreas do cérebro de uma criança ffisicamente alterado após a exposição a este pesticida. |
Utilizado
desde os anos 50 no interior das habitações como
componente de insecticidas, o pesticida “chlorpyrifos- CPS” foi
banido desta utilização no ano 2000, uma vez que estudos em humanos
e animais demonstraram que a sua sua utilização provocava danos no
cérebro e sistema nervoso, estando associado ao cancro do pulmão (aqui)(aqui).
Esta
decisão da administração vista com preocupação pelos
profissionais de saúde e pelos cientistas (aqui)(aqui), é um sinal do
alinhamento do Presidente Trump com os intereses do lobby da
indústria química, o American Chemistry Council, uma espécie de
versão atual do Big Tobacco, acusada de manipular os cidadãos
através da criação de uma organização denominada Citizens for
Fire Safety, que tinha como objetivo pressionar a utilização de
produtos químicos nos sofás para retardar incêndios domésticos.
Tudo para salvar vidas, é claro.
Nas
palavras de Ilona Kickbush,
no British Medical Journal de janeiro de 2015, a Saúde é uma
escolha política e “… and politics is a continuous struggle for
power among competing interests. Looking at health through the lens of political determinants means analysing how different power constellations, institutions, processes, interests, and ideological positions affect health within different political systems and cultures and at different levels of governance”.
A
escolha política da administração Trump foi clara, no futuro “
Americans will be caring for victims of the chemical industry’s takeover of safety regulation”.
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