Na semana
em que se assinala o Dia Mundial da Diabetes o New York Times (NYT) publicava
no passado dia 13 de Novembro uma reportagem (versão em língua esapnhola)
intitulada “Nos silenciaron’: La lucha en Colombia por gravar las bebidas azucaradas” onde retrata a luta de um grupo de cidadãos
organizados em torno da associação de defesa dos consumidores “Educar Consumidores” que defendiam a aprovação de um imposto sobre as bebidas
açucaradas como medida para combater a obesidade e os problemas de saúde daí
resultantes, como a diabetes, e a violenta resposta por parte das autoridades
colombianas pressionadas pelos interesses ligados à indústria de refrigerantes
e bebidas açucaradas.
Num
processo descrito pelo NYT como “atroz” que “recordaba la intimidación que se
usaba contra quienes desafiaban a los carteles de la droga que en el pasado
dominaron a Colombia”, os ativistas da “Educar Consumidores” foram alvo de
ameaças telefónicas e por correio eletrónico, viram os seus computadores
atacados e foram vigiados ostensivamente pelas ruas. Durante a campanha pela
aprovação de uma taxa sobre o açúcar a “Educar Consumidores” produziu e
divulgou um anúncio de televisão (aqui) onde se advertiam os consumidores dos efeitos
do consumo excessivo de bebidas açucaradas, provocando uma forte reação por
parte da indústria de refrigerantes junto das autoridades colombianas.
A resposta
da “Superintendencia de Industria y Comercio” da Colômbia retratada pelo NYT,
foi feroz, decidindo aquele departamento proibir a difusão do anúncio, submeter
a “control previo toda pieza publicitaria que la ASOCIACIÓN EDUCAR CONSUMIDORES
pretenda trasmitir en cualquier medio de comunicación sobre el consumo de
bebidas azucaradas”, e ameaçar com a aplicação de multa até 250.000 $USA se
esta decisão fosse infringida.
No momento
em que a taxa sobre bebidas açucaradas (na maioria das vezes adoçadas com
xarope de milho rico em frutose) se expande por todo o mundo, abrangendo mais
de 30 países, incluindo Portugal (aqui) onde a medida foi inscrita no orçamento de
2017, com o apoio da Organização Mundial de Saúde (aqui), trava-se uma dura batalha em
muitas partes do mundo e em particular nos países emergentes onde se concentram
a maioria dos consumidores e dos potenciais consumidores. (aqui) (aqui)
Muitas as
vezes as medidas legais e ficais que facilitam escolhas saudáveis, como o
controlo da publicidade do tabaco e do álcool, a proibição do consumo de tabaco
em espaços fechados, o aumento das taxas fiscais sobre o álcool ou tabaco, a
redução do sal nos alimentos, ou a promoção de espaços públicos que favoreçam a
mobilidade ativa (espaços pedonais e ciclovias) são vistas de forma
contraditória entre os cidadãos dos países desenvolvidos, preocupados com as
questões da fiscalidade, ignorando muitas vezes que as medidas descritas são efetivas
para promover hábitos saudáveis e ao mesmo tempo diminuir as desigualdades em
saúde, necessitando de muita coragem política para as levar a cabo, face às
dificuldades em enfrentar as poderosos e gigantescos interesses da “Big Soda”. (aqui)
Durante
muitos anos as grandes corporações fomentaram um quadro ideológico, em que a
crença prevalente se centra na conceptualização de que os hábitos pouco
saudáveis dependem de puras decisões individuais, fazendo com que o foco das
políticas públicas se concentrem em ações de controlo, iludindo as evidências
científicas que tem mostrado a forma como a indústria tem vindo a influenciar
as decisões políticas de forma a defender os seus interesses.(aqui)
Perante
esta realidade há que conhecer melhor os determinantes políticos e comerciais
da saúde e trabalhar a todos os níveis para que os diferentes setores da
administração e da sociedade civil possam desde o nível individual até um nível
mais global promover e favorecer hábitos saudáveis e a cidadania.
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