Novas
evidências publicadas na Plos Biology em 21 de Novembro mostram que a indústria
do açúcar (Big Sugar) ocultou os resultados de uma investigação científica
realizada nos anos 60 do século passado em animais (ratos) que ligava o consumo
do açúcar (sacarose) às doenças cardíacas e ao cancro. (aqui)
Sugar consumption at a crossroads |
De acordo
com os dados agora revelados a Sugar Research Foundation (SRF) suspendeu um
projeto por ela financiado nos anos 60 e ocultou os resultados resultantes de
uma investigação financiada secretamente em 1965 para a publicação de uma
revisão no New England Journal of Medicine que estudava a ligação entre o
consumo de sacarose e os níveis de gorduras no sangue e, portanto, a sua
ligação à doença coronária, problema de grande magnitude nos anos 60.
Os
investigadores com base na documentação interna da indústria açucareira,
concluíram que o estudo “Project 259: Dietary Carbohydrate and Blood Lipids in
Germ-Free Rats,” liderado pelo Dr. W.F.R. Pover da Universidade de Birmingham,
Reino Unido, entre 1967 e 1971 tinha encontrado uma diferença estatisticamente
significativa nos valores dos triglicerídeos (gorduras) no sangue entre os
ratos alimentados com uma dieta equilibrada e livre de açúcar e os outros ratos
alimentados com uma dieta rica em açúcar, mostrando que os ratos expostos uma
dieta com alto teor de açúcar estavam em maior risco de sofrer de doenças
cérebro-cardiovasculares por terem níveis de gordura (triglicerídeos) mais
elevados no sangue.
Num segundo
momento os investigadores compararam duas populações de ratos, submetidos a
dietas diferentes, uma rica em amido e outra com alto teor de açúcar,
concluindo que os ratos que consumiam açúcar eram mais propensos a terem níveis
elevados de uma enzima associada ao cancro da bexiga em pessoas adultas. Apesar
dos resultados a investigação nunca foi publicada e a Sugar Resarch Foundation
cortou o orçamento e desinteressou-se do projeto.
O artigo
agora publicado8 assume particular relevância pelo facto da indústria
açucareira (Big Sugar) sempre ter negado a relação entre o consumo do açúcar e
o cancro, classificando de "sensacionalistas" os estudos como o da
Universidade do Texas que ligava o consumo de açúcar ao desenvolvimento do
cancro da mama. (aqui)
O artigo
assume particular importância, uma vez que se aproxima a data limite (2021)
estabelecida pela US Food & Drug Administration para incluir em todos os
rótulos nutricionais o valor diário de açúcar adicionados "“Added sugars,”
in grams and as percent Daily Value, will be included on the label", ao mesmo
que retira do rótulo a menção às calorias provenientes da gordura,
substituindo-a pelas referências à “gordura total”, à “gordura saturada” e à “gordura
trans”. (aqui)
Sem comentários:
Enviar um comentário