A revista
Lancet publica na sua edição de 04 de novembro, o relatório “The Lancet Countdown on health and climate change: from 25 years of inaction to a global transformation for public health”, elaborado pela “Lancet Commission on Health and Climate Change”, uma comissão composta por 24 instituições académicas e
organizações não-governamentais de todos os continentes, envolvendo
especialistas de diversas áreas disciplinares (peritos em clima, ecologistas,
economistas, engenheiros, especialistas em sistemas energéticos, de alimentação
e transporte, geógrafos, matemáticos, cientistas sociais, políticos, profissionais
da saúde pública, médicos).
Este
relatório que dá continuidade ao trabalho da Comissão Lancet de 2015 conclui
que os efeitos das mudanças climáticas nos seres humanos são indiscutíveis e
potencialmente irreversíveis, afetando a população mundial e em particular as
comunidades mais vulneráveis da sociedade. A Comissão sublinha ainda os impactos das
mudanças climáticas nas populações dos países de renda média e baixa e o seu
impacto negativo nos determinantes sociais e ambientais da saúde, agravando as
desigualdades demográficas, económicas e sociais.
De acordo
com o relatório as alterações climáticas produziram uma exposição às ondas de
calor cada vez mais frequenta e intensa, afetando em 2016 mais 125 milhões de pessoas
adultas do que em 2000 e um aumento de temperatura que causou efeitos adversos
sobre o trabalho, provocando uma diminuição de 5.3% na produtividade laboral
entre 2016 e 2000.
Apesar de a
Comissão ter registado que o aumento de 44% na ocorrência de desastres naturais
desde 2000, não alterou a letalidade na ocorrência destes eventos, podendo
sugerir o princípio de uma resposta adaptativa às alterações climáticas, tem-se
verificado um agravamento das condições climáticas ao longo do tempo que
tornarão os níveis atuais de adaptação insuficientes no futuro. A Comissão dá
ainda o exemplo da influência das mudanças climáticas mo aumento da capacidade
de propagação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, mostrando um
aumento de 9,4% desde 1950.
A Comissão conclui o relatório “The Lancet Countdown
on health and climate change: from 25 years of inaction to a global transformation
for public health”, « Overall, the trends elucidated in this Report provide
cause for deep concern, highlighting the immediate health threats from climate
change and the relative inaction seen in all parts of the world in the past two
decades. However, more recent trends in the past 5 years reveal a rapid
increase in action, which was solidified in the Paris Agreement. These glimmers
of progress are encouraging and reflect a growing political consensus and
ambition, which was seen in full force in response to the USA's departure from
the 2015 climate change treaty. Although action needs to increase rapidly,
taken together, these signs of progress provide the clearest signal to date
that the world is transitioning to a low-carbon world, that no single country
or head of state can halt this progress, and that until 2030, the direction of
travel is set.»
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