No passado
mês de Novembro a Fundação Heinrich Böll, a GRAIN e a IATP deram a conhecer o
valor das emissões de gases com efeitos de estufa emitidos pelas 20 maiores
empresas mundiais de produção de carne e leite, colmatando a falta de
informação nesta área, uma vez que poucas são as empresas de produção de carne
e leite que publicam informação sobre as emissões de gases com efeito sobre o
clima.
De acordo
com os dados conhecidos e agora publicados, as 3 maiores multinacionais de
produção de carne, a JBS,SA, a Cargill e a Tyson, emitiram no ano de 2016, mais
gases com efeito de estufa que toda a França, e quase tanto como três das
maiores companhias petrolíferas, a Exxon, a BP e a Shell.
No cômputo
geral a totalidade dos gases emitidos pelas 20 principais empresas de produção
de carne e leite, estaria ao nível das emissões produzidas pelo sétimo país do
mundo, ultrapassando a totalidade das emissões de gases com efeito de estufado produzidos
na Alemanha, o maior país emissor da Europa.
Ao longo
das últimas décadas, as empresas de carne e leite cavalgaram políticas de
incentivo à produção que tinham como preocupação a segurança alimentar mundial,
tornando-se cada vez mais poderosas, contribuindo para a perda de diversidade
genética animal, para o uso excessivo da água, para a destruição das florestas,
para a utilização de herbicidas e de antibióticos, para o desaparecimento dos
pastores e pequenos produtores, para o desaparecimento dos talhos a favor das
grandes cadeias de supermercados, para o uso de fundos públicos para subsidiar
a produção animal, e para a concentração corporativa de toda a fileira da
produção animal com tudo o que isso significa para a saúde pública.
Mas a
contrário da indústria petrolífera, a sua atividade tem passado incólume, longe
do escrutínio público, sempre alavancada na necessidade de expandir a sua
atividade para “matar a fome ao mundo”, sendo hoje responsável por quase 15%
das emissões globais de gases de estufa, ultrapassando o setor mundial do transporte.
Quando se
trata de carne as aparências iludem. O gado produz alguns dos gases mais
perigosos para a mudança de clima, o metano e o óxido nitroso. No seu total o
contingente mundial de gado é responsável pela produção de 15% destes gases,
mais potentes do que o dióxido de carbono e mais nocivos para o ambiente. No
que respeita à água vale a pena lembrar que 8% do seu uso mundial se destina ao
cultivo de alimentos para o gado e que em todo o mundo se produzem cerca de 42
Kg de carne por pessoa. Produzidas em larga escala, em países onde a produção é
altamente subsidiada, são depois exportadas para todo o mundo, provocando um
elevado consumo de carne e produtos processados, pondo em risco a sobrevivência
de milhares de agricultores e criadores de gado responsáveis por alimentar milhões
de pessoas.
É tempo de impedir
as transnacionais da Big Food de destruírem o clima e os sistemas alimentares
tradicionais que munem as comunidades de uma base racional para as políticas
que protegem a saúde pública.