sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

3 TRANSNACIONAIS DA CARNE - JBS, CARGILL E TYSON, PRODUZEM MAIS GASES DE EFEITO DE ESTUFA QUE A FRANÇA.

No passado mês de Novembro a Fundação Heinrich Böll, a GRAIN e a IATP deram a conhecer o valor das emissões de gases com efeitos de estufa emitidos pelas 20 maiores empresas mundiais de produção de carne e leite, colmatando a falta de informação nesta área, uma vez que poucas são as empresas de produção de carne e leite que publicam informação sobre as emissões de gases com efeito sobre o clima.

De acordo com os dados conhecidos e agora publicados, as 3 maiores multinacionais de produção de carne, a JBS,SA, a Cargill e a Tyson, emitiram no ano de 2016, mais gases com efeito de estufa que toda a França, e quase tanto como três das maiores companhias petrolíferas, a Exxon, a BP e a Shell.


No cômputo geral a totalidade dos gases emitidos pelas 20 principais empresas de produção de carne e leite, estaria ao nível das emissões produzidas pelo sétimo país do mundo, ultrapassando a totalidade das emissões de gases com efeito de estufado produzidos na Alemanha, o maior país emissor da Europa.

Ao longo das últimas décadas, as empresas de carne e leite cavalgaram políticas de incentivo à produção que tinham como preocupação a segurança alimentar mundial, tornando-se cada vez mais poderosas, contribuindo para a perda de diversidade genética animal, para o uso excessivo da água, para a destruição das florestas, para a utilização de herbicidas e de antibióticos, para o desaparecimento dos pastores e pequenos produtores, para o desaparecimento dos talhos a favor das grandes cadeias de supermercados, para o uso de fundos públicos para subsidiar a produção animal, e para a concentração corporativa de toda a fileira da produção animal com tudo o que isso significa para a saúde pública.

Mas a contrário da indústria petrolífera, a sua atividade tem passado incólume, longe do escrutínio público, sempre alavancada na necessidade de expandir a sua atividade para “matar a fome ao mundo”, sendo hoje responsável por quase 15% das emissões globais de gases de estufa, ultrapassando o setor mundial do transporte.

Quando se trata de carne as aparências iludem. O gado produz alguns dos gases mais perigosos para a mudança de clima, o metano e o óxido nitroso. No seu total o contingente mundial de gado é responsável pela produção de 15% destes gases, mais potentes do que o dióxido de carbono e mais nocivos para o ambiente. No que respeita à água vale a pena lembrar que 8% do seu uso mundial se destina ao cultivo de alimentos para o gado e que em todo o mundo se produzem cerca de 42 Kg de carne por pessoa. Produzidas em larga escala, em países onde a produção é altamente subsidiada, são depois exportadas para todo o mundo, provocando um elevado consumo de carne e produtos processados, pondo em risco a sobrevivência de milhares de agricultores e criadores de gado responsáveis por alimentar milhões de pessoas.


É tempo de impedir as transnacionais da Big Food de destruírem o clima e os sistemas alimentares tradicionais que munem as comunidades de uma base racional para as políticas que protegem a saúde pública.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

DESEMPREGO, POBREZA, SOLIDÃO E DEPRESSÃO SÃO PREDITORES DE DOENÇA CARDIOVASCULAR - RÚSSIA

No início do mês de dezembro de 2017, a revista PlosMedicine publicou um estudo de Tillmann e colaboradores, “Psychosocial and socioeconomic determinants of cardiovascular mortality in Eastern Europe: A multicentre prospective cohort study” (aqui) realizado com o objetivo de conhecer os fatores psicossociais e socioeconómicos associados à mortalidade por doença cardiovascular (DCV), referenciados nas diretrizes europeias de 2016 como fatores alvo de intervenção (aqui), nos países da Europa Oriental uma vez que estes têm das maiores taxas de mortalidade por DCV do mundo. (aqui)
GBD Compare IHME

O estudo que envolveu 28.945 homens e mulheres com idades compreendidas entre os 43 e os 72 anos da Rússia, da República Checa e da Polónia, com uma taxa de resposta global de 59% (61% na Rússia e Polônia e 55% na República Checa),confirmou que na coorte Russa os fatores de risco convencionais como o tabaco, a pressão arterial alta, a diabetes, a inatividade física e a obesidade estavam fortemente associados ao risco de morrer por doença cardíaca e concluiu que os fatores socioeconómicos e psicossociais como o estar desempregado, viver sozinho, ser pobre e ter depressão estavam associados a um maior risco de morrer por doença cardíaca.

Apesar dos resultados encontrados, quer para os fatores convencionais, quer para os fatores relacionados com stress, os autores não conseguiram explicar o porquê do risco de morte cardiovascular ser duas vezes maior na Rússia do que na Polónia ou na República Checa.

domingo, 24 de dezembro de 2017

ESPERANÇA DE VIDA NOS ESTADOS UNIDOS CAI PELO 2.º ANO CONSECUTIVO - O ABUSO DAS DROGAS CONTRA A DOR

De acordo com os dados publicados na passada quinta-feira, 21 de dezembro pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) “Mortality in the United States, 2016” (aqui), a esperança de vida nos EUA diminuiu pelo segundo ano consecutivo em mais de 20 anos. Os dados agora publicados referentes a 2016 mostram uma diminuição de 1 décima na esperança de vida entre 2016 e 2015, isto é, uma diminuição da esperança de vida à nascença de 78.7 em 2015 para 78.6 em 2016.
Este decréscimo resulta do aumento da mortalidade por causas externas “unintentional injuries” de 9.7%, da mortalidade por doença de Alzheimer de 3.1% e da mortalidade por suicídio de 1.5%.

Os dados agora apresentados revelam um crescimento da mortalidade por abuso de drogas de 21% entre 2016 e 2015 (63.600 mortes em 2016 contra 52.000 em 2015), envolvendo sobretudo drogas sintéticas como o fentanilo e o tramadol, de 2015 para 2016, as mortes por overdose aumentaram nos grupos etários dos 45–54, dos 55–64, e dos 65 e mais respetivamente em 15%, 17%, e 7% respetivamente.(aqui)

The pattern of drugs involved in drug overdose deaths has changed in recent years. The rate of drug overdose deaths involving synthetic opioids other than methadone (drugs such as fentanyl, fentanyl analogs, and tramadol) doubled in a single year from 3.1 per 100,000 in 2015 to 6.2 in 2016. Rates of drug overdose deaths involving heroin increased from 4.1 in 2015 to 4.9 in 2016. Rates of drug overdose deaths involving natural and semisynthetic opioids increased from 3.9 in 2015 to 4.4 in 2016.
Apesar da prudência com que estes resultados têm se ser encarados por se referirem aos anos de 2015 e 2016, os dados preliminares referentes a 2017 preveem um agravamento das mortes por overdose por opióides sintéticos como o fentanilo, seus similares e tramadol (aqui), confirmam os resultados do estudo publicado em 2015, por Anne Case1 e Angus Deaton “ Rising morbidity and mortality in midlife among white non-Hispanic Americans in the 21st century” (aqui), que mostrava que a taxa de mortalidade dos brancos de meia-idade tinha aumentado desde 1998 nos problemas de saúde relacionados com o consumo de drogas e álcool, com o suicídio, com a doença hepática crónica e a cirrose, especialmente entre os brancos com um baixo grau de escolaridade (ensino médio ou inferior).

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

DIA COBERTURA UNIVERSAL 2017

Comemora-se hoje dia 12.12.2017 o Universal Health Coverage Day, 2016, #UHCDAY assinalando o dia 12 de Dezembro de 2012, data em que as Nações Unidas aprovaram por unanimidade uma resolução  pedindo que todos os países forneçam cuidados de saúde acessíveis e  de qualidade a todas as pessoas e em todos os lugares 








segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

QUAL É O PESO REAL DOS ESTILOS DE VIDA NA SAÚDE DAS PESSOAS?

"When we just target the individual behaviours, we're neglecting to look at these systemic factors."

Em entrevista ao sítio na internet da Upstream: Institute for a Healthy Society, organização sem fins lucrativos, com sede no Canadá, Denis Raphael Professor de Health Policy and Management at York University em Toronto, investigador na área dos determinantes sociais da saúde e editor dos “Canadian Facts” chama à atenção para importância de uma abordagem sistémica centrada nos determinantes sociais da saúde, recusando a abordagem centrada nos estilos de vida "When we just target the individual behaviours, we're neglecting to look at these systemic factors."

Ao longo da entrevista o Professor Denis Raphael, fala sobre os determinantes sociais da saúde, defendendo uma abordagem sistémica uma vez que o enfoque numa abordagem centrada nos estilos de vida apenas representam, na melhor das hipóteses 10 a 15% da variação dos resultados em saúde.

“What they should be doing is recognizing, as Randolph Virchow pointed out, that medicine is actually a political activity, and that certainly, all things considered, you don't want people, if they have some control, to smoke. We much prefer that people have a balanced diet, and certainly all things considered, we'd want people to be more active than less active, but these factors themselves play a rather small role in health outcomes. The danger to all of this is that what it does is diverts attention from these far more important issues of living and working conditions. Also, the evidence that these so-called lifestyle approaches will actually improve the health of the most vulnerable is completely lacking.
What actually happens, with all this attention to the so-called lifestyle approach, all it really does is actually increase health inequalities, because the people that are in the best condition to actually make these changes in their lives are already the ones that are going to live longer anyway, and it's an insidious process whereby even when governmental and other agencies recognize the broader determinants of health, what they do is in their practical recommendations they drift, such that the term "lifestyle drift" has come to refer to the tendency of all of these public health, health agencies and governmental agencies, to rather than raise the issues of income and democracy and political control and power, they end up ignoring all of those and telling and implying that the causes of disease and illness are people's adverse behaviours.”

sábado, 2 de dezembro de 2017

EM 2016 - PORTUGAL A TAXA DE RISCO DE POBREZA BAIXOU PARA NÍVEIS INFERIORES A 2011

Na semana em que a OCDE publicou a 4.ª edição do “How's Life? 2017” (em português «Como vai a Vida?2017») documento que faz parte do “OECD Better Life Initiative” e que avalia o “Bem-estar” em 41 países o INE publicou os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2017 sobre rendimentos do ano de 2016 (aqui), que revela uma diminuição do risco de pobreza em 2016 e uma diminuição do coeficiente de Gini, coeficiente que reflete as diferenças de rendimentos, para valores abaixo do início da crise financeira mundial que entrou no país em 2009.

O inquérito mostrou ainda que há menos pessoas em privação material (18,0%, que compara com 19,5% em 2016) e em privação material severa (6,9%, que compara com 8,4% em 2016). Resultado que no entender de Carlos Farinha Rodrigues, coordenador científico do Observatório das Desigualdades do CIES-IUL, resulta da descida da taxa de desemprego, que recuou para os valores pré-crise, e da reposição dos rendimentos das famílias.(aqui)

Apesar destas melhorias Portugal continua a ser um dos países da OCDE com elevados níveis de desigualdade vertical na satisfação coma vida e com os salários, “For example, the top 10% of earners make on average almost 4 times more than the bottom 10%”.

De acordo com “How's Life? 2017” o rendimento doméstico disponível em 2016 encontrava-se ao nível de 2005, e depois de ter melhorado ligeiramente entre 2006 e 2010, caiu fortemente em 2011-12.

Também no que se refere ao risco de pobreza e de exclusão social o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2017 mostrou uma redução na população em situação de “pobreza e exclusão”, 23,3% da população em 2017, contra 25,1% em 2016 e 27,5% em 2014.


Apesar desta melhoria, 2,4 milhões de portugueses continuavam em risco de pobreza e exclusão social em 2016, subsistindo os baixos salários e a precariedade laboral mantendo-se em 11% a taxa de trabalhadores pobres.