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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

SHIP-BREAKERS " UM CEMITÉRIO DE HOMENS E NAVIOS"

De acordo com os dados da Organização Internacional do Trabalho a frota mundial de navios é composta por cerca de 90 mil embarcações, com uma vida média de 20 a 25 anos. Todos os anos são desmantelados cerca de 500 a 700 navios de grande tonelagem, número que pode atingir os três milhares (3.000) se, se tiver em conta os navios de todos os tamanhos, 90% destes são desmantelados no Bangladesh, na China, na Índia, no Paquistão e na Turquia.


Em 2014, a organização não governamental Shipbreaking Platform, uma plataforma mundial de organizações ambientais e de direitos humanos que tenta prevenir as más práticas ligadas ao desmantelamento de navios em todo o mundo, publicou a lista completa de todos os proprietários de embarcações e dos seus navios vendidos para desmantelamento num total de 1026 navios, 641 dos quais (74% do total de tonelagem bruta desmantelada) foram vendidos a instalações precárias em países como a Índia, o Paquistão e o Bangladesh, onde as embarcações são desmanteladas diretamente nas praias.

A indústria de desmantelamento de navios tornou-se numa parte essencial da economia destes países, pois serve-se de mão-de-obra intensiva, e é uma importante fonte de emprego. Na medida em que promove a reciclagem de metais e reduz a necessidade de exploração mineira e a produção de metais sob a forma de matéria-prima, a indústria de desmantelamento de navios poderia ser classificada como uma potencial fonte de «emprego verde».

Classificada pela Convenção de Genebra como uma atividade especialmente perigosa devido às características dos navios e dos materiais altamente poluentes que contêm substâncias e resíduos perigosos, como o amianto, os óleos e resíduos de hidrocarbonetos, as tintas tóxicas, os PCB, as isocianidas, o ácido sulfúrico, o chumbo e o mercúrio. A atividade de desmantelamento cria graves riscos ambientais e de saúde, pelo que deveria ser desenvolvida no respeito pelas condições de trabalho e segurança.

Mas na prática não é isso que acontece, uma vez que o desmantelamento dos navios é efetuado no setor informal, em locais que não preenchem os requisitos internacionais para que a reciclagem de navios seja ecológica e segura, utilizando mão de obra intensiva com salários de miséria (menos de 2 euros por dia), que em países como o Bangladesh pode envolver cerca de 20% de trabalhadores com menos de 15 anos, em condições que levam ao envenenamento de homens e do ambiente, dando corpo à expressão de “ um cemitério de navios e de homens”, uma vez que os trabalhadores deste sector da Ásia do sul não ultrapassam os 40 anos de esperança média de vida.



Apesar da legislação internacional existente, são muitos os armadores e companhias que vendem os seus navios para os estaleiros existentes nas praias, obtendo um lucro consideravelmente maior que o obtido numa venda para instalações equipadas para a reciclagem das embarcações.

De acordo com a ONG  Shipbreaking Platform, " A União Europeia, tem a particular responsabilidade de atuar uma vez que 34% da tonelagem bruta desmantelada no sul da Ásia, em 2014 era europeia. As grandes nações marítimas europeias, como a Grécia e a Alemanha, estão no topo da lista de 2014 dos piores jumpers, tendo vendido respectivamente 70 e 41 grandes navios para breakers no Sul da Ásia... Apesar da nova Regulamentação de Reciclagem de Naviosda União Europeia, que entrou em vigor a 30 de dezembro de 2013 eque exclui o uso do método de despejo para desmontar embarcações europeias, 41 navios registados sob as bandeiras de países membros da União Europeia como Malta, Itália, Chipre, Reino Unido e Grécia acostaram nas praias da Ásia em 2014. Outros 15 navios mudaram a sua bandeira Europeia para não Europeia pouco tempo antes de chegarem à Ásia Meridional.”

Photo Gallery " The Ship-Breakers" - National Geographic

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

TABACO E DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE - OS FACTOS

O tabagismo é um dos mais importantes fatores de risco modificáveis para os resultados em saúde e uma das principais causas de doença e de morte.


A nível mundial o consumo do tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública mundial, matando cerca de 6 milhões de pessoas por ano. Mais de 5 milhões dessas mortes são resultado direto do consumo do tabaco, enquanto mais de 600.000 são o resultado de exposição passiva ao fumo do tabaco.

Destes quase 80% do bilhão de fumadores do mundo vivem em países de renda baixa ou média. Nestes países a carga de doenças e de mortes relacionadas com o tabaco é enorme, provocando morte prematura entre os fumadores, aumentando os custos em saúde, privando as suas famílias de rendimentos e prejudicando o desenvolvimento económico.

Como se isto não fosse suficiente, em muitos países as crianças são utilizadas para trabalhar nas explorações de tabaco, para melhorar os rendimentos familiares, ficando expostas à doença do “tabaco verde” que é causada pela nicotina que é absorvida através da pele a partir do tratamento das folhas de tabaco e a indústria tabaqueira dirige o seu marketing e publicidade para os grupos populacionais de mais baixos rendimentos, para os sem-abrigo, para os grupos minoritários e para os mais jovens, de que é exemplo o projeto SCUM (sub-culture urban marketing) da R. J. Reynolds dirigido aos sem-abrigo e à comunidade LGBT.



Também nos países industrializados (de renda alta) o consumo do tabaco é um bom exemplo das disparidades no consumo do tabaco e das desigualdades em saúde. Ao longo dos últimos anos ficámos a conhecer a distribuição dos consumidores para além da sua relação com a idade, o sexo, a raça, a etnia, o género ou o estado de saúde mental. Diversos estudos (aqui) e (aqui) demonstraram uma maior prevalência do consumo do tabaco, entre os grupos de população com menor escolaridade, entre os trabalhadores menos qualificados e com profissões com menor autonomia.

Infelizmente em Portugal continuamos sem dispor de informação que relacione a prevalência do consumo do tabaco com a ocupação profissional e o rendimento.