De acordo com os dados da
Organização Internacional do Trabalho a frota mundial de navios é
composta por cerca de 90 mil embarcações, com uma vida média de
20 a 25 anos. Todos os anos são desmantelados cerca de 500 a 700
navios de grande tonelagem, número que pode atingir os três
milhares (3.000) se, se tiver em conta os navios de todos os
tamanhos, 90% destes são desmantelados no Bangladesh, na China, na
Índia, no Paquistão e na Turquia.
Em 2014, a organização
não governamental Shipbreaking Platform, uma plataforma mundial de
organizações ambientais e de direitos humanos que tenta prevenir as
más práticas ligadas ao desmantelamento de navios em todo o mundo,
publicou a lista completa de todos os proprietários de embarcações
e dos seus navios vendidos para desmantelamento num total de 1026
navios, 641 dos quais (74% do total de tonelagem bruta desmantelada)
foram vendidos a instalações precárias em países como a Índia, o
Paquistão e o Bangladesh, onde as embarcações são desmanteladas
diretamente nas praias.
A indústria de
desmantelamento de navios tornou-se numa parte essencial da economia
destes países, pois serve-se de mão-de-obra intensiva, e é uma
importante fonte de emprego. Na medida em que promove a reciclagem de
metais e reduz a necessidade de exploração mineira e a produção
de metais sob a forma de matéria-prima, a indústria de
desmantelamento de navios poderia ser classificada como uma potencial
fonte de «emprego verde».
Classificada pela
Convenção de Genebra como uma atividade especialmente perigosa
devido às características dos navios e dos materiais altamente
poluentes que contêm substâncias e resíduos perigosos, como o
amianto, os óleos e resíduos de hidrocarbonetos, as tintas tóxicas,
os PCB, as isocianidas, o ácido sulfúrico, o chumbo e o mercúrio. A atividade de desmantelamento cria graves riscos ambientais e de
saúde, pelo que deveria ser desenvolvida no respeito pelas condições
de trabalho e segurança.
Mas na prática não é
isso que acontece, uma vez que o desmantelamento dos navios é
efetuado no setor informal, em locais que não preenchem os
requisitos internacionais para que a reciclagem de navios seja
ecológica e segura, utilizando mão de obra intensiva com salários
de miséria (menos de 2 euros por dia), que em países como o
Bangladesh pode envolver cerca de 20% de trabalhadores com menos de
15 anos, em condições que levam ao envenenamento de homens e do
ambiente, dando corpo à expressão de “ um cemitério de navios e
de homens”, uma vez que os trabalhadores deste sector da Ásia do
sul não ultrapassam os 40 anos de esperança média de vida.
Apesar da legislação
internacional existente, são muitos os armadores e companhias que
vendem os seus navios para os estaleiros existentes nas praias,
obtendo um lucro consideravelmente maior que o obtido numa venda para
instalações equipadas para a reciclagem das embarcações.
Photo Gallery " The Ship-Breakers" - National Geographic
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