segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

INVERNO - MÁS CONDIÇÕES HABITACIONAIS - POBREZA ENERGÉTICA - A CAUSA DAS CAUSAS



Em 1853 Charles Dickens, escrevia em " Bleak House", com o título em português "A Casa Abandonada" edição de 1964 de Romano Torres a propósito das condições de vida nos "slums" do Reino Unido do século XIX:
“Jo lives—that is to say, Jo has not yet died—in a ruinous place, known to the like of him by the name of Tom-all-Alone. It is a black, dilapidated street, avoided by all decent people…Now, these tumbling tenements contain, by night, a swarm of misery…As, on the ruined human wretch, vermin parasites appear, so, these ruined shelters have bred a crowd of foul existence that crawls in and out of gaps in walls and boards; and coils itself to sleep, in maggot numbers, where the rain drips in; and comes and goes, fetching and carrying fever…”
Em Portugal, o médico Ricardo Jorge escrevia em 1899, acerca das condições de vida nas "Ilhas" da cidade do Porto, citado aqui:
“renques de cubículos, às vezes sobrepostos em coxias de travesso. Este âmbito, onde se empilham camadas de gente, é por via de regra um antro de imundíce; e as casinhas em certas ilhas, dessoalhadas e miseráveis, pouco acima estão da toca lôbrega dum trogolita. (...) São o acoito das classes operárias e indigentes que mercê dum aluguer usurário, pagam o seu direito de residência a preço mais subido do que as classes remediadas. Há no Porto 1048 ilhas com 11 129 casas, o que dá uma média de 10,6 casas por ilha. São pois 11 129 fogos de residência, o que corresponde aproximadamente a perto de 50 mil moradores (...) Vê-se que quase metade da gente do Porto mora e acama-se nas ilhas, gerando uma acumulação insalubérrima”

Vem isto a propósito das condições habitacionais que ainda hoje afetam os mais desfavorecidos em Portugal, sobretudo nas zonas urbanas das cidades do Porto e de Lisboa, e do "paradoxo da mortalidade de inverno" nos países de clima temperado como Portugal. De acordo com o trabalho de Raquel Nunes, (aqui) Portugal apresenta indicadores muito baixos no que se refere à qualidade energética das habitações em particular das pessoas mais idosas, ainda recentemente o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2015, revelava que 1 em cada 4 pessoas (24%) vive em agregados familiares sem capacidade para manter a casa aquecida adequadamente.

Com o aproximar do Inverno e o agravamento previsível das condições climatéricas não serão surpresa o agravamento das condições de saúde de uma parte significativa da população.
Necessitamos neste novo ciclo político que as autoridades de saúde pública assumam a sua responsabilidade para mobilizar as políticas públicas para o combate efetivo " A CAUSA DAS CAUSAS" definidas por Rose " Os determinantes da exposição a estas infeções, à má dieta, e a outras experiências não saudáveis. Estas são matéria de investigação social, económica e política"
BLEAK HOUSE















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