domingo, 28 de fevereiro de 2021

ATLAS MORTALIDADE ESPANHA 1996-2015 - REVELA DESIGUALDADES GEOGRÁFICAS BAIRRO A BAIRRO

Foi recentemente atualizado o Atlas da Mortalidade em Espanha, uma aplicação disponível na web, que mostra os principais resultados do projeto de investigação MEDEA3, intitulado “Desigualdades socioeconómicas e ambientais na distribuição geográfica da mortalidade em (23) grandes cidades de Espanha entre 1996-2015”.

O novo Atlas da Mortalidade, mais detalhado que os 2 anteriores, mostra profundas desigualdades entre os moradores de uma mesma cidade, às vezes apenas separados por uma rua.

De acordo com os resultados apresentados, verifica-se sempre o mesmo padrão, que corresponde à privação socioeconómica e ao gradiente social.

Assim o risco de morrer pelas 15 causas analisadas: SIDA, cancro do estômago, cancro do cólon e reto, cancro do pulmão, cancro da mama, cancro da próstata, cancro da bexiga, cancro hematológico, Diabetes, Demência, Doença cardíaca isquémica, Doença cerebrovascular, DPOC, Doenças fígado e cirrose, Suicídio e lesões autoinfligidas, Acidentes de tráfego, concentram-se nos bairros mais pobres. Nos homens são mais relevantes o cancro do pulmão, a DPOC e a SIDA, nas mulheres a Diabetes e em ambos os sexos, as doenças do fígado e a cirrose e o cancro do estômago.

Os autores analisaram um milhão de mortes em 26 cidades espanholas entre 1996 e 2015, agrupando as mortes por setores censitários, pequenas áreas onde vivem cerca de 1.500 residentes que votam no mesmo colégio eleitoral. O atlas permite visualizar os efeitos da desigualdade socioeconómica em função dos rendimentos, da habitação, do desemprego e da marginalização social.

Os dados recolhidos através de um índice de privação, confirma o resultado de outros estudos, associando os baixos salários, a habitação e os trabalhos a uma pior alimentação, a uma menor atividade física e um maior consumo de tabaco e álcool.

Efeito da privação na mortalidade por DPOC - Bilbao 

Algumas ruas funcionam como uma fronteira entre dois mundos diferentes, um de cada lado da calçada, confirmando trabalhos anteriores já divulgados. (aqui) (aqui) (aqui)

No passado dia 20 de fevereiro a edição do jornal El País, num extenso trabalho dá a conhecer 10 exemplos de bairros que espelham bem o papel dos determinantes sociais nas desigualdades em saúde (aqui).

Terminamos citando Michael Marmot “Why treat people and send them back to the conditions that make them sick”