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sexta-feira, 25 de março de 2016

PORTUGAL - NÚMERO DE SUICÍDIOS EM 2014 É O MAIS ELEVADO DE SEMPRE

De acordo com o relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2015” hoje apresentado pela Direção-Geral da Saúdeas perturbações mentais e do comportamento mantêm um peso significativo no total de anos de vida saudável perdidos pelos portugueses, com uma taxa de 11,75% contra 13,74% das doenças cerebrovasculares e 10,38% das doenças oncológicas” simultaneamente “ as perturbações mentais representam 20,55% do total de anos vividos com incapacidade, seguidas pelas doenças respiratórias (5,06%) e a diabetes (4,07%)”.

Para além destes dados o relatório revela que o suicídio tem vindo a aumentar em Portugal, atingindo em 2014 o seu valor mais elevado, confirmando as conclusões do estudo de um grupo de investigadores portugueses liderado pela Professora Paula Santana, que publicou o artigo “Suicide in Portugal: Spatial determinants in a context of economic crisis” (Aqui)na revista de Setembro de 2015, mostrando o crescimento da mortalidade por suicídio no período de crise (2008-2012) e uma mudança no padrão da mortalidade por suicídio devido ao aumento das taxas na região Centro e no interior da Região Norte.

Os resultados agora apresentados no relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2015” mostram um aumento do suicídio no ano de 2014, com uma taxa de mortalidade 11.7/100.000. Valor que poderá ainda ser superior se, se considerar “ a perspetiva internacional de que 20% das mortes registadas como de causa indeterminada são suicídios” neste caso a “ taxa de incidência subirá dos atuais 11,7 para cerca de 15 por 100.000 habitantes valor que para a OMS nos colocaria entre os países a quem é recomendado maior alerta”.

Apesar de ainda ser cedo para se retirar conclusões, uma vez que é necessário uma série mais prolongada de anos, os dados apresentados por ambos os estudos apontam para uma relação direta entre a crise social económica, a privação e o aumento do suicídio e dos problemas de saúde mental.

sábado, 5 de março de 2016

SUICÍDIO EM PORTUGAL - CRISE - PRIVAÇÃO E RURALIDADE

Em Setembro de 2015, um grupo de investigadores portugueses liderado pela Professora Paula Santana, publicou na revista “Health & Place” um artigo intitulado “Suicide in Portugal: Spatial determinants in a context of economic crisis” resultante de um estudo suportado pelos projetos GeoHealthS – Health Status Geography: An application of the Population Health Index in the last 20 years e SMAILE –Study on Mental Health. Assessment of the Impact of Local and Economic conditioners com o objetivo de verificar a existência de uma possível associação estatística positiva entre a mortalidade por suicídio e o local de residência (municípios) antes e durante o período de crise económica (2008-2012) num período de cerca de 20 anos. Para isso os investigadores estudaram a evolução geográfica da mortalidade por suicídio em Portugal, a sua distribuição por sexos, e analisaram a associação estatística entre o risco de morrer por suicídio e os índices de privação e ruralidade (determinantes de saúde).
Preventing suicide: A global imperative - WHO

Apesar de Portugal se encontrar entre os países da Europa com um baixa taxa de suicídio, (aqui) foi de acordo com o estudo “Relationship of suicide rates to economic variables in Europe: 2000-2011” publicado em 2014 no British Journal of Psichiatry foi o único dos países europeus que não observou uma clara redução na taxa por suicídio durante década de 2000 (2000-2011), pelo que os resultados obtidos pelos investigadores adquirem um especial interesse, uma vez que entre os resultados obtidos se conclui que o padrão de divisão tradicional entre o Norte/Sul do comportamento suicidário tem vindo a desaparecer “This trend is due to an increase of risk in the Centro region and in the inland of the Norte region, mainly in rural municipalities close to the border with Spain, and a decrease in some urban municipalities from the Lisbon MA and the Algarve region”, tornando-se mais pronunciada a separação entre os territórios urbanos e rurais, estando a mortalidade por suicídio associada a níveis mais elevados de ruralidade, tanto para homens como para mulheres.

No que se refere aos determinantes sociais o estudo encontrou uma associação positiva entre o risco de mortalidade por suicídio e o índice de privação material por município. Os municípios com maior privação material tem quase 50% mais risco de mortalidade por suicídio do que aqueles que vivem em municípios com menor privação.

… we identified an association between economic crisis and suicide through material deprivation. A relevant statistical association between suicide distribution and this contextual variable, which translates the education, housing and employment conditions in each small-area (compared to the national average), was found for the first and the last study periods, which are closer to two IMF interventions in Portugal, and not for the middle period. The middle period (1999–2003) is associated with an economic boom. The recent evolution reflects the current economic crisis, responsible of a shift on the previous tendency of decreasing deprivation). With the implementation of austerity measures and the consequent cuts in spending on health care and social support vulnerable population groups living in municipalities with higher deprivation were more affected by negative consequences.




terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A AUSTERIDADE MATA - O AUMENTO DO SUICÍDIO

Num recente artigo, “Crisis, suicide and labour productivity losses in Spain”, publicado no European Journal of Health Economics de Janeiro de 2016, investigadores da Universidade da Corunha concluem que uma diminuição no crescimento económico e um aumento do desemprego afetam negativamente as taxas de mortalidade por suicídio.
“ The results provide a strong indication that a decrease in economic growth and an increase in unemployment negatively affect suicide rates. Due to suicide, 38,038 potential years of working life were lost in 2013. This has an estimated cost of over 565 million euros.”

O estudo (versão integral aqui) abrangeu dados de 17 regiões de Espanha incluindo variáveis ​​como o crescimento per capita do PIB, desemprego ou desemprego de longa duração, entre 2002 e 2013.
Este estudo confirma a relação negativa entre a crise económica e a mortalidade por suicídio verificada também em dois artigos publicados em 2013 e 2014 no British Journal of Psychiatry e na Lancet e no livro de David Stuckler e Sanjay Basu " The Body Economic: Why Austerity Kills",
  • Economic suicides in the Great Recession in Europe and North America (aqui)
  • Financial crisis, austerity, and health in Europe (aqui)