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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O BOOM DE BILIONÁRIOS NÃO É SINAL DE UMA ECONOMIA PRÓSPERA, MAS UMA FALHA DO SISTEMA ECONÓMICO

Na semana em que mais de 2500 líderes mundiais, pertencentes às elites políticas e empresariais se reúnem em Davos a Oxfam Internacional publica o seu relatório anual, este ano intitulado “Premiar o Trabalho, Não a Riqueza” (aqui)onde revela entre outros dados que 82% da riqueza mundial criada em 2017, 4 em cada 5 dólares, foi parar aos bolsos do 1% mais rico da população mundial, enquanto, que 3.700 milhões de pessoas não obtiveram qualquer benefício do referido crescimento, ao mesmo tempo que a riqueza dos milionários crescia 6 vezes mais que os salários médios (entre 2006 e 2015 os salários aumentavam em média 2%, contra 12% da riqueza dos milionários).

Este ano em Davos, nos Alpes Suíços mais uma vez, algumas centenas de bilionários, capitães de indústria, banqueiros, empregadores de milhões de trabalhadores, representando vários bilhões de dólares abordarão como tópico, as desigualdades e da pobreza (aqui).
Tal como em anos anteriores, durante as sessões oficiais, estarão de acordo com o que deve ser feito: aumentar os impostos sobre o 1% dos mais ricos e as grandes heranças, proporcionar salários dignos, reduzir a distância entre os vencimentos dos Diretores Executivos (CEO) e os salários médios, despender mais dinheiro na educação pública, tornar o acesso aos ativos financeiros mais atraente para a classe média e trabalhadora, equiparar os impostos sobre o capital e o trabalho, minorar a corrupção nos contratos governamentais e nas privatizações. A pobreza e as desigualdades “não sairão das suas cabeças”.

Lamentarão que nada tenha sido feito, que nunca se tenha encontrado o dinheiro suficiente, ou o tempo, ou os intervenientes capazes dispostos a ajudar e a implementar as políticas com que todos tinham concordado.

De passagem e à margem da Cimeira, talvez de forma secreta, poderão trocar opiniões acerca da maneira como poderão fugir aos impostos, como afastar os sindicatos das suas empresas, como conseguir impostos entre 0 a 12% ou atrasar os pagamentos de salários por vários meses e investir esses fundos em elevadas taxas de juros. Se tiverem interesses em mercados emergentes, discutirão como economizar na proteção do trabalho, como criar empresas-fantasmas nas Ilhas do Canal ou do Caribe ou como comprar empresas privatizadas por tuta-e-meia.

Este regresso ao passado, aos primórdios do século XIX e às suas relações laborais e fiscais, é agora liderado por pessoas que falam a linguagem da igualdade, do respeito, da participação e da transparência.

No tempo em que riqueza acumulada em 12 meses pela elite mundial aumentou mais de 762 nil milhões de dólares, o equivalente a acabar a pobreza extrema mundial por sete vezes, o filantrocapitalismo distribui de forma caritativa aquilo que não paga no comércio justo e aos trabalhadores.

Como referia o editorial do Guardian de 21 de janeiro, (aqui)“É hora de reconhecer que a globalização do comércio mundial abriu a porte a demagogos como o Sr. Trump”. A globalização falhou quando colocou os interesses corporativos em primeiro lugar em vez de entender os danos que causariam a competição por empregos baratos em países com baixos padrões de direitos humanos, ambientais ou de trabalho (aqui). Agora que a crise financeira e económica se atenuou, que os governos resgataram os grandes negócios, torna-se claro que as regras que foram desenhadas para favorecerem os mais ricos em detrimento das classes trabalhadoras (aqui). Na ausência de uma ação internacional concertada sobre o dumping social, o populismo espalhar-se-á, ajudado pela egoísmo das elites e pela sua capacidade de capturar o processo político.
Fight inequality, beat poverty.

Como escreveu Branko Milanović (aqui), perito e investigador em desigualdades “Eles não estão dispostos a pagar um salário digno, mas irão financiar uma orquestra filarmónica. Eles vão proibir os sindicatos, mas organizarão um workshop sobre transparência na governação


Como se lê no editorial do Guardian “The political and economic crisis requires the balance to be restored between the nation-state and an open global economy. The rich need to drop the idea that they are a class apart and take a broader interest in society. Otherwise, growing inequality will see more people living in fear and fewer in hope. That would be a disaster for democracy and see Trumpism become a permanent feature of the political landscape.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

8 HOMENS POSSUEM A MESMA RIQUEZA QUE 3.6 BILHÕES DE PESSOAS

No passado dia 16 de Janeiro, a OXFAM publicou o relatório “ An economy for the 99 percent” (aqui)para marcar a realização da Cimeira de Davos (aqui), onde se reúnem líderes políticos de todo o mundo e os principais líderes empresariais.

O relatório publicado em 2017 confirma que o fosso entre ricos e pobres tem vindo a aumentar e que o património de apenas oito homens é igual ao da metade (3.6 bilhões de pessoas) mais pobre do mundo.

Estes dados confirmam os dados divulgados por Branko Milanovic no seu livro “Global Inequality: A New Approach for the Age of Globalization” publicado em Abril de 2016 (aqui), que apontam para a redução das desigualdades entre países ricos e pobres, por via do crescimento de países, como a China e a Índia, aproximando o mundo da situação vivida por volta de 1820, quando a principal fonte de desigualdade era a origem social (classe) em vez da localização geográfica. De acordo com Milanovic, enquanto nos países do Sul da Ásia as classes médias da China e da índia viram os seus rendimentos aumentar, nos países ricos as classes médias viram os seus rendimentos reduzidos ao mesmo tempo que a riqueza mundial se concentrava nos 1% mais ricos.

Ao longo do relatório a OXFAM detalha o comportamento dos super-ricos e das grandes corporações, alicerçados nas políticas neoliberais dos últimos 30 anos, tendo como base o Consenso de Washington e o desenvolvimento de um conjunto de ideias basilares do pensamento neoliberal, «hoje criticadas pelo próprio FMI (aqui)» como a crença inabalável no poder dos mercados, aliada à visão negativa da intervenção dos governos, e o mercado como instrumento poderoso para promover o crescimento e a prosperidade. Ao longo dos anos os super-ricos e as grandes corporações fugiram aos impostos usando uma rede de paraísos fiscaisuse a network of tax havens to avoid paying their fair share of tax and an army of wealth managers to secure returns on their investments that would not be available to ordinary savers”, reduziram salários e direitos dos trabalhadores e utilizaram o seu poder para influenciar as políticas públicas a seu favor.

A análise da OXFAM mostra que ao contrário da crença popular, que uma grande parte dos bilionários não são “self-made”, revelando que um terço da riqueza dos bilionários do mundo tem origem na riqueza herdada, em quanto que 43% dela tem algum vínculo com o favorecimento e o nepotismo.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

CALCULADORA DA DESIGUALDADE/ CALCULADORA DE LA DESIGUALDAD - AMÉRICA LATINA E CARIBE

Na América Latina e no Caribe, 10% da população mais rica concentra 71% da riqueza da região (aqui)

El 10% de la población más rica en América Latina y el Caribe concentra el 71% de la riqueza (aqui)

A OXFAM - Internacional e Ojo Público desenvolveram uma calculadora que permite comparar a renda familiar de qualquer pessoa que viva nos seguintes países da América Latina do Caribe: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, com o que ganham os multimilionários desses mesmos países.

La Calculadora de la desigualdad de Oxfam y Ojo Público permite a cualquier ciudadano de 16 países América Latina y Caribe comparar los ingresos de su familia con lo que ganan los multimillonarios de esos mismos países y con el resto de la sociedad del país. Compara aquí los ingresos de tu hogar. (aqui)


Veja, a seguir, o que sua renda familiar representa neste cenário: (aqui)


este cenário:

domingo, 12 de junho de 2016

"OBRIGADOS A USAR FRALDAS" - O CUSTO HUMANO DA CARNE FRANGO

De acordo com os dados da organização não governamental OXFAM – América, publicado em Maio de 2016, a grande maioria dos 250.000 trabalhadores dos aviários dos Estados Unidos, são submetidos a condições de trabalho próprias do século XIX, sendo obrigados a urinar e a defecar na linha de trabalhoWorkers urinate and defecate while give you a break. standing on the line; they wear diapers to work; they restrict intake of liquids and fluids to dangerous degrees; they endure pain and discomfort while they worry about their health and job security.” (aqui)

Trabalhando mais de 100.000 deles nas grandes empresas multinacionais que controlam quase 60% do mercado mundial, Tyson Foods, Pilgrim’s, Perdue, and Sanderson Farms, lutam para sustentar as famílias face aos baixos salários que auferem e aos escassos benefícios que usufruem. São submetidos a condições de trabalho inseguras, e não tem qualquer voz no mundo do trabalho. Muitos são refugiados, imigrantes, pertencem a minorias énticas e alguns deles são mesmo reclusos de estabelecimentos prisionais. Ao mesmo a indústria aviária apresenta lucros e uma expansão nunca vista“ the fastest growing and most quickly changing segment of a highly globalized livestock industry. By 2020, 124 million tonnes of poultry will be produced globally – an increase of 25 percent in just 10 years”. (aqui)

OXFAM - AMERICA

Compelidos a usar fraldas durante o trabalho “ Although they are reluctant to talk about it, workers from across the country report that they and their coworkers have made the uncomfortable decision to wear adult diapers to work. Not only do the diapers absorb accidents, they provide a degree of protection from the danger of asking permission to leave the line. Many workers are afraid of being mocked, punished,or fired. Betty, who works at a Tyson plant in Arkansas, says that on her own line, two people regularly wear diapers. One woman does so,Betty says, “because she can’t go to the bathroom when she needs to because they don’t let her.” Marta, from a Pilgrim’s plantin Texas, also reports that people in her plant wear diapers to work.” os trabalhadores dos aviários americanos processam anualmente 8.5 milhões de aves por ano.

OXFAM - AMERICA

Dependendo da sua posição na linha de trabalho, cada trabalhador processa cerca de 35 a 45 aves por minuto, repetindo a mesma tarefa a cada 2 segundos, processando 2.000 aves por hora e 14.000 por dia, de acordo com a o estudo “Lives on the Line” “ a conservative estimate is that the average worker repeats forceful motions—cutting, pulling, slicing—over 20,000 times per day.” Resultante deste trabalho repetitivo, submetidos a constantes pressões, os trabalhadores dos aviários americanos sofrem 5 vezes mais acidentes que os outros trabalhadores, 7 vezes mais sindromes do canal cárpico e muitas outras lesões osteo articulares (aqui):
  • pain in hands, swelling, numbness, loss of grip;
  • carpal tunnel syndrome and tendinitis;
  • claw hand" (injured fingers lock in a curled position);
  • ganglionic cysts (fluid deposits under the skin);
  • trigger finger (a finger gets stuck in a bent position, and straightens with a snap—like a trigger being pulled and released);

Entretanto:

"While the real value of poultry workers’ wages has dropped to poverty level, compensation for executives has skyrocketed. The CEO of Pilgrim’s earned over $9 million in 2014.In just five hours, he earned the annual salary of a line worker."
L



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

FARMACÊUTICAS - LOBBY - DESIGUALDADES - RIQUEZA: TER TUDO E QUERER MAIS - OXFAM 2016

De acordo com o relatório da OXFAM publicado no dia 18-01-2016, "WEALTH: HAVING IT ALL AND WANTING MORE" (aqui) em 2013 os sectores farmacêutico e de cuidados de saúde gastaram mais de 487 milhões de dólares nas atividades de lobby no Estados Unidos da América do Norte (EUA), cerca de 15% do total dos 3.200 milhões de dólares que foram investidos em atividades de lobby em 2013 nos EUA e pelo menos 50 milhões de dólares na União Europeia.

Tomando como exemplo a crise desencadeada pelo Ébola, a OXFAM salienta que ao mesmo tempo que as empresas do sector farmacêutico e de cuidados de saúde gastavam milhões de dólares em lobby, ganhavam bilhões de dólares na África Ocidental (Guiné, Serra Leoa, Libéria) com a crise provocada pelo Ébola, permitindo que as empresas e os executivos ligados a elas tenham ganho bilhões na África Ocidental quando deflagrou a crise provocada pelo Ébola, colocando em perigo as vidas e os meios de subsistência de milhões de pessoas na Guiné, Serra Leoa e Libéria.

E, mesmo quando as referidas empresas respondem positivamente e doam meios financeiros para combater o Ébola, como foi o caso das empresas, GSK, Johnson and Johnson e Novartis reunidas no IFPMA num valor de cerca de 3 milhões de dólares, esta soma em nada se compara com aquela que as mesmas despenderam em lobby nos EUA em 2013, cerca de 18 milhões de dólares.

De acordo com os dados publicados pela OXFAM e no que se refere à crise do Ébola, o Banco Mundial estimava que em 2014 o custo económico da perda de produção para a Guiné, Libéria e Serra Leoa alcançasse 356 milhões de dólares, prevendo-se mais 815 milhões de perdas em 2015.

Valor ( 1.170 milhões de dólares americanos) que podia ser coberto por 3 vezes pelos ganhos obtidos pelo aumento da riqueza de 1 só milionário com interesses no sector farmacêutico em 2013 e 2014. De acordo com a Forbes, (aqui) Stefano Pessina (Walgreen Boots Alliance) aumentou o seu património 4.000 milhões de dólares, passando de 6.400 para 10.400 milhões de dólares num só ano.