Mostrar mensagens com a etiqueta SAÚDE PÚBLICA. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta SAÚDE PÚBLICA. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

TTIP-TTP, ACORDOS LIVRE COMÉRCIO, TRIBUNAIS ARBITRAIS - QUEM GUARDA OS GUARDIÕES

No dias 26 e 30 de Agosto o vice-chanceler e ministro da economia e energia alemão, Sigmar Gabriel (aqui), e o secretário de estado do comércio externo francês Matthias Fekl (aqui), vieram dizer que as negociações para o acordo de comércio transatlântico - Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) falharam, acusando os EUA de rejeitarem todas as exigências europeias, exigindo a paralisação "definitiva" das conversações, enquanto do outro lado do atlântico o senador Bernie Sanders na sua página do facebook, dizia que o recente acordo de comércio livre, denominado TTP - Trans Pacific Partnership Agreement (TPP) envolvendo a Austrália, o Brunei, o Canadá, o Chile, o Japão, a Malásia, o México, a Nova Zelândia, o Peru, Singapura, os EUA e o Vietname, era um desastre chamando a atenção para o mecanismo de "Resolução Litígos Investidor-Estado", ISDS na sigla em inglês, " The TPP is a disaster, and one of the reasons it is a disaster is the investor state dispute system. ISDS is a secret global court that undermines democracy. This is a perfect example of how corporations and Wall Street have rigged the rules to reward the top one percent, while harming workers, the environment, and public health."


Já (aqui) tinhamos chamado à atenção para o secretismo que habitualmente envolve as negociações dos acordos de comércio livre e para as muitas preocupações levantadas por organizações internacionais de saúde e desenvolvimento sobre o seu potencial impacto sobre a saúde pública, incluindo: a redução no acesso a medicamentos mais baratos, a alteração nas políticas sobre o tabaco e o álcool, diminuindo a sua eficácia, a redução da segurança alimentar dando origem a uma alimentação mais pobre, o aumento dos custos dos cuidados de saúde e o aumento da pressão sobre o ambiente. Mas vale a pena agora abordar a questão do ISDS - Resolução Litígos Investidor-Estado, sistema de arbitragem privado, em que os árbitros/mediadores não são juízes a tempo-inteiro mas advogados especializados em direito comercial. Criticado pelo fato de poder conduzir a conflitos de interesse (advogado hoje, amanhã mediador) e restringir o direito dos governos em regulamentarem em nome do interesse público. Deixamos com exemplos os casos da Metalclad vs México, da  Methanex vs USA ou da Philip Morris verus Uruguai ou daqueles que são denunciados numa recente reportagem da BuzzFeeds "Secrets of a Global Super Court" (aqui).

Metalclad, uma empresa de gestão de residuos, a empresa processou o governo federal mexicano por desapropriação indireta depois deste ter adotado um decreto que impedia a operação na área onde a empresa tinha instalado um aterro de resíduos perigosos por pressão do governo local e de evidâncias sobre a poluição dos cursos de água. A Metalclad  recorreu ao mecanismo ISDS,  que ordenou ao governo do México o pagamento 16.7 milhões de dólares, depois reduzido para 15 milhões.(aqui)

Methanex, uma companhia canadiana processou o governo federal norte-americano por causa da decisão do governo da Califórnia em proibir o uso do MTBE, composto químico usado como aditivo da gasolina, por razões ambientais e de saúde. Embora a Methanex tenha perdido o caso, o governo estadual e federal gastaram milhões de dólares no processo. defender o caso. O processo não teria sido possível à luz do direito interno dos EUA. (aqui)

Philip Morris, uma empresa multinacional produtora de tabaco e seus derivados processou em 2010 o governo do Uruguai por este ter introduzido advertências gráficas nos maços de tabaco e outras medidas regulamentares previstas no tratado internacional "WHO Framework Convention on Tobacco Control (WHO FCTC)" pedindo uma indemnização de 25 milhões de dólares. 6 Anos decorridos o Tribunal Arbitral do Banco Mundial acabou por dar razão ao governo do Uruguai, condenando a Philip Morris a reembolsar 7 milhões de dólares em custos legais. Apesar da vitória do Uruguai contra o "Big Tobacco" o seu governo teve de desembolsar 2.6 milhões de doláres contra todo o processo. (aqui)

Enquanto subsistir o ISDS - Resolução Litígos Investidor-Estado, continuarão os conflitos de interesse e o poder crescente dos grandes gabinetes de advogados, denunciados pelo Corporate Europe Observatory (aqui)ou pela Associação dos Magistrado Alemães que em Fevereiro de 2016 (aqui), rejeitou a criação deste mecanismo no ãmbito das negociações para o acordo de comércio transatlântico - Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP).

Citando o senador Bernie Sanders " Multinational corporations and their billionaire investors should never be given the right to extort money from sovereign nations by challenging laws designed to protect the health and well being of people throughout the world."





sábado, 30 de abril de 2016

A SAÚDE COMO DIREITO UNIVERSAL - ENTREVISTA DE JOAN BENACH

"Los derechos de hoy son fruto de las luchas de ayer, tal y como los derechos del mañana serán el fruto de las luchas de hoy"

Em entrevista à Revista IdZ, Joan Benach professor de Saúde Pública e Saúde Ocupacional do Departamento de Ciências Políticas e Sociais da Universidade de Pompeu Fabra recusa o olhar de uma saúde públicaaparentemente “neutral” o asocial, relacionada con la gestión de riesgos y basada, paradójicamente, en la salud como conjunto de individuos biológicos y en la puesta en marcha de soluciones o “técnicas” o bien tecnológicas” e defende a visão de uma saúde pública que es social e histórica, y que está muy relacionada con la importancia tan grande que los determinantes sociales y políticos juegan sobre la salud colectiva y la equidad “.

Ao longo da entrevista, o Professor Joan Benach, coordenador do Grupo de Investigación en Desigualdades en la Salud (GREDS) - Employment Conditions Network  -(EMCONET) aborda os principais determinantes de saúde e a sua evolução ao longo do tempoLas causas fundamentales de la salud poblacional y los grupos (según su clase social, género, etnia, etc.) y territorios que la componen cambian según la situación histórica y las teorías de la enfermedad que dominan en cada momento histórico.Por ejemplo, cuando las enfermedades infecciosas prevalecían comocausa fundamental de los problemas de salud, el énfasis de la salud pública se ubicó en la higiene; a medida que las enfermedades cardiovasculares adquirieron más relevancia, emergió con fuerza el concepto de “factores de riesgo”. A partir de la década de 1980,con el informe Black [del Reino Unido] o del Informe de 2008 de la Comisión de Determinantes sociales de la OMS, las desigualdades dela salud y los factores sociales han emergido con bastante fuerza, si bien no son en absoluto dominantes como lo es hoy en día la ideología genética o los “estilos de vida”. Hoy muchos investigadores están buscando las principales respuestas para explicar la salud en la genética o en todo caso en la epigenética.No obstante, desde mi punto de vista, el binomio salud-enfermedad está relacionado con un concadenado de causas enormemente complejo que no se puede simplificar en factores de riesgo ni en causas biológicas o conductuales simplistas, sino que se generan por un entramado de factores estructurales históricos, como son los factores políticos, ecológicos e histórico-sociales. Si se quiere,se puede decir así: dónde vivimos, cómo producimos, qué medio ambiente tenemos, quién tiene socialmente poder. Esos y otros factores marcan, por una u otra vía, los procesos y mecanismos fundamentales que generan enfermedad y mala salud.” e dá-nos a sua visão sobre a forma de enfrentar os problemas sociais que afetam a saúde das pessoas, afirmando que a equidade em saúde é o melhor indicador de justiça social de um país.

Joan Benach
Las políticas que en un momento dado se hacen (o no se hacen) dependende la correlación de fuerzas que exista en un momento dado, y de la ideología social que promueven esas fuerzas. Y eso tiene que ver con las visiones hegemónicas que marcan un momento dado. Por desgracia,cuando hablamos de salud pública, por el enorme peso que tiene la mirada biomédica e individual, y la visión del hospital de alto nivel y del tratamiento con alta tecnología, gran parte de la población no acaba de ver que la salud es un problema fundamentalmente social, político. Eso ya lo dijeron Engels y Virchow en el XIX, también lo dijo Salvador Allende y muchos otros como Vicenç Navarro en el siglo XX. Y hay que seguir repitiéndolo una y otra vez en el XXI. La salud pública es un problema eminentemente político. Y la equidad en salud es seguramente el mejor indicador de justicia social que tenemos de un país porque refleja cómo vivimos, cómo trabajamos, qué medio ambiente tenemos,qué servicios y derechos se han conquistado, etc. Y por lo tanto la equidad en salud no debería ser solo objeto de gran atención e interés por parte de médicos, sanitaristas y salubristas, sino de toda la sociedad. Para esto será necesario cambiar muchas cosas,desde los planes de estudio en la universidad a cambiar la mirada hegemónica con respecto a la salud, pasando por un profundo cambio en la investigación, las causas hegemónicas de la salud y el desarrollo y evaluación de políticas integrales.”

Entrevista integral (Aqui)