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segunda-feira, 22 de maio de 2017

2017 - 27% DA OBESIDADE NA EUROPA É ATRIBUIDA A DESIGUALDADES SOCIOECONÓMICAS

No passado dia 17 de maio foi apresentado no Porto, durante o ECO2017, o 24.º Congresso Europeu sobre a Obesidade (aqui), o relatório da Organização Mundial de Saúde da região europeia Adolescent obesity and related behaviours: trends and inequalities in the WHO European Region, 2002-2014”, que compara 27 países e regiões da região europeia da OMS. (aqui)

De acordo com a investigação agora publicada um em cada três adolescentes tem excesso de peso ou obesidade, apresentando as regiões do Sul da Europa e do Mediterrâneo as taxas mais elevadas, e, estando a epidemia a aumentar nos países da Europa Oriental.

A obesidade infantil considerada como um dos mais sérios desafios de saúde pública do século XXI integra um das metas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas (aqui), uma vez que as crianças obesas estão em maior risco de diabetes tipo 2, asma, alterações do sono, problemas músculo-esqueléticos e doenças cardiovasculares, para além de dificuldades na integração social.

De acordo com o Diretor do Programa de Nutrição, Atividade Física e Obesidade da OMS para a Europa, João Breda, "a maioria dos jovens não superará a obesidade: cerca de quatro em cada cinco adolescentes que se tornam obesos continuarão a ter problemas de peso como adultos. Como tal, eles carregam o risco da doença, o estigma e a discriminação. Além disso, a natureza crónica da obesidade limita a mobilidade social e ajuda a sustentar um ciclo intergeracional negativo de pobreza e de doença” (aqui)


O documento destaca as persistentes desigualdades socioeconómicas associadas à atividade física e às escolhas alimentares, fazendo com que as crianças e os jovens que vivem em famílias de baixos rendimentos sejam mais propensos a ser obesos.

De acordo com os dados publicados no HBSC de 2014 (aqui) 27% de toda a obesidade é atribuída às diferenças socioeconómicas, tendo aumentado 9% desde 2002 (18%). No atual documento da OMS Europa, no seu capítulo 6 dedicado às diferenças socioeconómicas, o relatório cita vários estudos publicados, na Noruega, na França, Eslováquia e Reino Unido, afirmando que as famílias menos abastadas estão mais vulneráveis à insegurança alimentar, tem menos acesso a alimentos mais nutritivo, vivendo em áreas urbanas degradadas com falta de espaços verdes e desportivos e com maiores concentrações de lojas de conveniência e de “fast-food”.

Research has found that less affluent families are more vulnerable to food insecurity and have relatively poorer access to nutritious foods. Adolescents from lower socioeconomic backgrounds are also more likely to reside and attend schools in deprived neighborhoods that have higher concentrations of fast-food restaurants and convenience stores, fewer sports facilities and less accessible green space. Social stratifications in these material and environmental risk factors for obesity go a long way to explaining why disadvantaged young people have less access to fruit and vegetables and poorer aerobic fitness”.

Terminando por afirmar que os efeitos combinados do ambiente urbano e social explicam porque 20 a 40% de toda a obesidade pode ser atribuída a fatores socioeconómicos.

Adolescent obesity and related behaviours: trends and inequalities in the WHO European Region, 2002-2014” (aqui)

sexta-feira, 18 de março de 2016

PORTO - II CONGRESSO DA FUNDAÇÃO DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

A Fundação SNS realiza durante os dias 18 e 19 de Março o seu II Congresso SNS – “Património de todos” na cidade do Porto.


A Fundação para a Saúde – Serviço Nacional de Saúde (FSNS) é uma iniciativa de cidadania responsável, independente de qualquer outra entidade pública ou privada, devendo, no entanto, trabalhar em estreita colaboração com as autoridades de saúde para assegurar o bom exercício da sua missão, que passa por:
·       Promover e apoiar a inovação do SNS e ajudar a divulga lo no espaço nacional e internacional;
·       Promover e apoiar uma maior literacia da população portuguesa sobre a melhor forma de utilizar, tirar proveito e ajudar no desenvolvimento do seu SNS;
·       Advogar a necessidade de apoiar o desenvolvimento do SNS e recolher, junto da sociedade civil, contribuições materiais extraordinárias para esse fim, particularmente em períodos de emergência económica e financeira.

Programa do Congresso (Aqui)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

INVERNO - MÁS CONDIÇÕES HABITACIONAIS - POBREZA ENERGÉTICA - A CAUSA DAS CAUSAS



Em 1853 Charles Dickens, escrevia em " Bleak House", com o título em português "A Casa Abandonada" edição de 1964 de Romano Torres a propósito das condições de vida nos "slums" do Reino Unido do século XIX:
“Jo lives—that is to say, Jo has not yet died—in a ruinous place, known to the like of him by the name of Tom-all-Alone. It is a black, dilapidated street, avoided by all decent people…Now, these tumbling tenements contain, by night, a swarm of misery…As, on the ruined human wretch, vermin parasites appear, so, these ruined shelters have bred a crowd of foul existence that crawls in and out of gaps in walls and boards; and coils itself to sleep, in maggot numbers, where the rain drips in; and comes and goes, fetching and carrying fever…”
Em Portugal, o médico Ricardo Jorge escrevia em 1899, acerca das condições de vida nas "Ilhas" da cidade do Porto, citado aqui:
“renques de cubículos, às vezes sobrepostos em coxias de travesso. Este âmbito, onde se empilham camadas de gente, é por via de regra um antro de imundíce; e as casinhas em certas ilhas, dessoalhadas e miseráveis, pouco acima estão da toca lôbrega dum trogolita. (...) São o acoito das classes operárias e indigentes que mercê dum aluguer usurário, pagam o seu direito de residência a preço mais subido do que as classes remediadas. Há no Porto 1048 ilhas com 11 129 casas, o que dá uma média de 10,6 casas por ilha. São pois 11 129 fogos de residência, o que corresponde aproximadamente a perto de 50 mil moradores (...) Vê-se que quase metade da gente do Porto mora e acama-se nas ilhas, gerando uma acumulação insalubérrima”

Vem isto a propósito das condições habitacionais que ainda hoje afetam os mais desfavorecidos em Portugal, sobretudo nas zonas urbanas das cidades do Porto e de Lisboa, e do "paradoxo da mortalidade de inverno" nos países de clima temperado como Portugal. De acordo com o trabalho de Raquel Nunes, (aqui) Portugal apresenta indicadores muito baixos no que se refere à qualidade energética das habitações em particular das pessoas mais idosas, ainda recentemente o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2015, revelava que 1 em cada 4 pessoas (24%) vive em agregados familiares sem capacidade para manter a casa aquecida adequadamente.

Com o aproximar do Inverno e o agravamento previsível das condições climatéricas não serão surpresa o agravamento das condições de saúde de uma parte significativa da população.
Necessitamos neste novo ciclo político que as autoridades de saúde pública assumam a sua responsabilidade para mobilizar as políticas públicas para o combate efetivo " A CAUSA DAS CAUSAS" definidas por Rose " Os determinantes da exposição a estas infeções, à má dieta, e a outras experiências não saudáveis. Estas são matéria de investigação social, económica e política"
BLEAK HOUSE