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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

GLOBAL BURDEN DISEASE 2017 - MOSTRA DEFICE DE PROFISSIONAIS DE SAUDE E REGRESSÃO NOS GANHOS EM SAÚDE


A revista Lancet de 10 de Novembro (aqui) apresenta os resultados de 2017 da Carga de Doença Global (GBD), que também podem ser explorados de uma forma interativa no sítio da internet do Institute for Health Metrics and Evaluation (aqui), estando disponíveis para os 195 países estudados.

Dos trabalhos apresentados salientamos o estudo “Measuring progress from 1990 to 2017 and projecting attainment to 2030 of the health-related Sustainable Development Goals for 195 countries and territories: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017” onde os autores analisam 41 dos 52 indicadores relacionados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2015, para 195 países e territórios entre 1990 e 2017, tendo incluído pela primeira vez na história do GBD, estimativas sobre o número de profissionais de saúde existentes.

No Editorial desta edição da revista Lancet intitulado “GBD 2017: a fragile world”, o editorialista chama à atenção dos leitores, dos governos e das agências internacionais para a iminente perda de ganhos em saúde que se vinham a registar desde que os resultados da Carga de Doença Global(GBD) tem vindo a ser publicados, sugerindo uma leitura cuidadosa do “Global Burden of Disease Study 2017”, uma vez que os resultados apresentados, mostram taxas globais de mortalidade estagnadas ou a diminuir em plateau, chamando à atenção para o aumento de 118% das causas de morte resultantes de conflitos armados e ações terroristas nos últimos 10 anos.

Ao contrário do que era habitual com a apresentação dos resultados anuais da Carga de Doença Global caracterizados até aqui por progressos significativos, os resultados de 2017 mostram um crescimento preocupante da dependência de opiáceos, do dengue, da depressão e das doenças crónicas. Aumentam a prevalência da obesidade, os transtornos depressivos e as mortes por dengue (de 24.500 em 2007 para 40.500 em 2017).

No caso da dependência dos opiáceos, 2017 apresenta 4 milhões de novos casos e 110.000 mortes, resultados sem precedentes, e no caso das doenças crónicas, responsáveis ​​por 73% de todas as mortes globais em 2017, apenas quatro fatores de risco: pressão alta, tabagismo, glicemia elevada e índice de massa corporal elevado, são responsáveis por mais de metade de todas as mortes (28,8 milhões).

A estes menos bons resultados soma-se a escassez global e a distribuição desigual dos profissionais de saúde. Os autores estimam que apenas metade dos 195 países estudados tenha os profissionais de saúde necessários para prestar cuidados de saúde de qualidade (estimados em 30 médicos, 100 enfermeiras ou parteiras e cinco farmacêuticos por cada 10 000 pessoas), estimando-se os maiores défices nos países da África subsaariana, do sudeste asiático, do sul da Ásia e de alguns países da Oceânia.

Resultados que a revista classifica de perturbadores, uma vez que tanto os dados globais como os parcelares mostram que nenhum país está no caminho certo para cumprir todos os ODS relacionados com a Saúde até 2030.


segunda-feira, 13 de agosto de 2018

BRASIL - GLOBAL BURDEN DISEASE - MELHORIA DA SAÚDE DA POPULAÇÃO (1990 - 2016)


A revista Lancet publicou no passado dia 20 de julho o estudo “Burden of disease in Brazil, 1990–2016: a systematic subnational analysis for the Global Burden of Disease Study 2016” (aqui), onde os autores analisaram os resultados do Global Burden Disease (GBD) 2016 referentes ao Brasil, aos seus 23 estados e ao distrito federal, nos seguintes indicadores: a esperança de vida ao nascer (life expectancy at birth - LE), a esperança de vida saudável (healthy life expectancy – HALE), os anos de vida perdidos por morte prematura (years of life lost – YLLs), os anos de vida ajustados à incapacidade (disability-adjusted life-years DALY´s) e os anos vividos com incapacidade (years lived with disability - YLD).

O estudo apresenta como principais conclusões uma melhoria da saúde da população do Brasil nos últimos 26 anos (1990- 2016), período em que se verificou uma expansão do sistema de saúde, um crescimento da economia e a introdução de políticas públicas focadas na promoção da saúde, na prevenção e nos fatores de risco “saúde-doença”, a par do envelhecimento da população e da alteração do padrão da mortalidade-morbilidade com o aumento da prevalência das Doenças Crónicas.(aqui)

A nível nacional, a esperança de vida à nascença aumentou de 68.4 anos em 1990 para 75.2 anos em 2016, a esperança de vida saudável aumentou de 59.8 anos para 65.5 anos enquanto os anos de vida ajustados à incapacidade (disability-adjusted life-years DALY´s) por todas as causas diminuíram em 30.2%.
Em 2016, a doença cardíaca isquémica foi a principal causa de anos de vida perdidos por morte prematura (years of life lost – YLLs), seguidos de violência interpessoal.

No que se refere à violência interpessoal os autores chamam à atenção para relação conhecida entre a morte por homicídio por arma de fogo, o tráfico de drogas e de armas ilegais e o consumo de álcool e drogas.

O GBD é o estudo de observação epidemiológica mais abrangente do mundo até esta data. Descreve a mortalidade e a morbilidade por doenças graves, lesões e fatores de risco para a saúde nos níveis global, nacional e regional. Produz estimativas por causas, idade, sexo e país desde 1990, examina tendências e faz comparações entre as populações, mede as características do sistema de saúde, a exposição a fatores de risco, e a mortalidade e morbilidade atribuíveis a esses riscos (aqui).

Nas conclusões os autores chamam à atenção para os desafios que o Brasil enfrenta de forma a atingir os objetivos para a Saúde na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (aqui), face à atual situação de recessão e empobrecimento que o Brasil vive na atualidade.(aqui)

sexta-feira, 13 de abril de 2018

PORTUGAL - GLOBAL BURDEN DISEASE, A EVOLUÇÃO DA CARGA DE DOENÇA GLOBAL 1990 - 2016


No passado dia 04 de abril foi publicado o documento "Portugal: The Nation’s Health 1990–2016 - An overview of the Global Burden of Disease Study 2016 Results" resultante do protocolo assinado entre a Direção-Geral da Saúde e o Institute for Health Metrics and Evaluation em fevereiro de 2017 (aqui).

O relatório analisa o progresso que Portugal experienciou nos últimos 26 anos, em termos de saúde, bem-estar e desenvolvimento, e os novos desafios que enfrenta à medida que a sua população cresce e envelhece. O documento faculta informações sobre a mortalidade e morbilidade que impedem os portugueses de viverem vidas longas e saudáveis e clarifica os fatores de risco que contribuem para uma saúde mais débil.

Finalmente, o relatório perspetiva um olhar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2030 comparando-os com a sua situação em 1990, e compara o desempenho da saúde de Portugal com países similares.

Destacamos aqui algumas das principais conclusões:

·         Quando comparado com um grupo de países de rendimento elevado, Portugal tinha em 1990 a mais baixa esperança de vida à nascença. Passados 26 anos a expectativa de vida dos portugueses é semelhante à média dos referidos países de renda alta, resultado que foi principalmente obtido pela redução da mortalidade prematura resultante das doenças cardiovasculares e dos acidentes de transporte.
·         Apesar dos portugueses viverem mais, o número de anos vividos com saúde não aumentaram na mesma proporção.
·         A mortalidade prematura em Portugal, medida pelas estimativas dos anos de vida perdidos (YLL, Years of Life Lost), entre 1990 e 2016 diminuiu 25,3%, em grande parte devido às reduções nas mortes por acidente vascular cerebral (AVC) e pela doença cardíaca isquémica, resultantes da melhoria significativa verificada no acesso e na qualidade dos serviços prestados pela rede de emergência pré-hospitalar que ocorreu nos últimos anos através das Vias Verdes do AVC e da doença coronária.
·         A diminuição da mortalidade prematura (YLLs) decorrente dos acidentes de transporte e dos problemas neonatais foi também considerada um grande sucesso deste período. Os acidentes de transporte diminuíram 75,3%, as neonatais 90,3% e os defeitos congénitos 78,5%.
·         A mortalidade prematura (YLLs) por cancro do pulmão aumentou nos últimos anos, verificando-se uma subida mais substancial entre as mulheres (68.1%) do que nos homens (34.4%), explicada pelo aumento consumo de tabaco entre as mulheres.
·         As principais causas de anos vividos com incapacidade (YLDs) em Portugal são as doenças não transmissíveis, principalmente, as perturbações músculo-esqueléticas, as perturbações mentais e as associadas ao consumo de substâncias, bem como outras doenças não transmissíveis (como perturbações dos órgãos dos sentidos e as doenças da pele e do tecido subcutâneo), as perturbações neurológicas, a diabetes, as doenças do aparelho génito-urinário, e do sangue, e as doenças endócrinas.
·         Os anos de vida ajustados à incapacidade (DALYs) são usados para descrever a carga da doença. Esta métrica leva em conta as mortes prematuras e a incapacidade. De novo, em termos da perda de saúde da população portuguesa, o grande grupo das doenças não transmissíveis ultrapassa largamente a importância relativa dos outros grandes grupos de causas, nomeadamente, as lesões e as doenças transmissíveis, maternas, neonatais e nutricionais.
·         No conjunto dos 37 indicadores SDG relacionados com a saúde, os melhores resultados em Portugal encontram-se relacionados com a prevalência de malnutrição crónica e aguda nas crianças abaixo dos 5 anos, a proporção de nascimentos assistidos por profissionais de saúde habilitados, a incidência de malária, a prevalência de doenças tropicais negligenciadas, o acesso universal a sistemas públicos de abastecimento de água e saneamento e a lavabos, a prevalência de poluição do ar interior e, ainda, às mortes por conflitos e terrorismo.
·         Deve ser dada especial atenção aos aspetos relacionados com os piores resultados, alcançados por Portugal no conjunto dos 37 indicadores: a prevalência de excesso de peso em crianças dos 2 aos 4 anos, a incidência da infeção por VIH, as mortes por lesões auto provocadas e as prevalências de consumo de álcool, consumo diário de tabaco e abuso sexual de crianças.
·         No que respeita à carga global da doença, Portugal encontra-se significativamente melhor do que a média dos seus pares (países de elevado-médio rendimento) para a doença isquémica cardíaca, doença cerebrovascular, doenças dos órgãos dos sentidos, diabetes, cancro do pulmão, doença pulmonar obstrutiva crónica, infeções respiratórias inferiores, acidentes de transporte e quedas; encontra-se significativamente pior em relação às dores lombares (lombalgias) e do pescoço, perturbações depressivas, enxaqueca, doenças da pele e cancro colo-retal.


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

DESEMPREGO, POBREZA, SOLIDÃO E DEPRESSÃO SÃO PREDITORES DE DOENÇA CARDIOVASCULAR - RÚSSIA

No início do mês de dezembro de 2017, a revista PlosMedicine publicou um estudo de Tillmann e colaboradores, “Psychosocial and socioeconomic determinants of cardiovascular mortality in Eastern Europe: A multicentre prospective cohort study” (aqui) realizado com o objetivo de conhecer os fatores psicossociais e socioeconómicos associados à mortalidade por doença cardiovascular (DCV), referenciados nas diretrizes europeias de 2016 como fatores alvo de intervenção (aqui), nos países da Europa Oriental uma vez que estes têm das maiores taxas de mortalidade por DCV do mundo. (aqui)
GBD Compare IHME

O estudo que envolveu 28.945 homens e mulheres com idades compreendidas entre os 43 e os 72 anos da Rússia, da República Checa e da Polónia, com uma taxa de resposta global de 59% (61% na Rússia e Polônia e 55% na República Checa),confirmou que na coorte Russa os fatores de risco convencionais como o tabaco, a pressão arterial alta, a diabetes, a inatividade física e a obesidade estavam fortemente associados ao risco de morrer por doença cardíaca e concluiu que os fatores socioeconómicos e psicossociais como o estar desempregado, viver sozinho, ser pobre e ter depressão estavam associados a um maior risco de morrer por doença cardíaca.

Apesar dos resultados encontrados, quer para os fatores convencionais, quer para os fatores relacionados com stress, os autores não conseguiram explicar o porquê do risco de morte cardiovascular ser duas vezes maior na Rússia do que na Polónia ou na República Checa.

sábado, 21 de outubro de 2017

EXCESSO DE PESO E OBESIDADE NO GANA E A CHEGADA DAS CADEIAS DE "FAST FOOD" - O CASO DO KFC

Recentemente o New York Times (NYT), publicou um reportagem intitulada “Obesity Was Rising as Ghana Embraced Fast Food. Then Came KFC” a propósito da mudança nos hábitos alimentares no Gana com a chegada da cadeia de comida rápida KFC e da sua crescente popularidade entre a população.

No artigo os autores descrevem a chegada da KFC ao Gana, como fazendo parte da estratégia de expansão da empresa em África, a partir da África do Sul, onde tem mais de 850 postos de venda, depois de ter chegado a Angola, à Tanzânia, ao Uganda, à Nigéria e ao Quénia, junto das classes médias emergentes.~
Obesity Was Rising as Ghana Embraced  Fast Food. Then Came KFC - NYT
Como refere o NYTThe company brings the flavors that have made it popular in the West, seasoned with an intangible: the symbolic association of fast food with rich nations”, levando as classes médias a consumirem, produtos processados ricos com alto teor de sal, açúcar e gordura.

À medida que a globalização se expandiu as classes médias do hemisfério sul, modificaram os seus estilos de vida, tornando-se mais sedentárias e obesas. Os dados recentes do Global Burden Disease mostram que uma alimentação inadequada é responsável por 1 em cada 5 mortes em todo o mundo, e que no Gana a obesidade passou de 2% em 1980 para 13% em 2016.
Global Burden Disesase Ghana

Também um estudo citado no NYT e publicado na BMC Medicine (aqui) confirma o aumento crescente da obesidade nas mulheres ganesas dos centros urbanos, onde já atinge os 34% em comparação com as mulheres do meio rural onde atinge os 8.3%.

Num país em desenvolvimento com cerca de 28 milhões de pessoas, com uma economia em expansão alavancada na exploração do petróleo, com um PIB per capita $3.880 e com bolsas de pobreza, a população fica à mercê das mudanças nos padrões alimentares provocados pela expansão das cadeias de comida rápida de KFC é exemplo. No Gana os medicamentos são caros, a cobertura de saúde não é universal, faltam os profissionais de saúde e os dispositivos para monitorizar a diabetes não são acessíveis, como se isso não fosse bastante uma refeição tipo da KFC, depois de preparada com óleo de palma faz ultrapassar numa única refeição o consumo diário recomendado de sal e açúcar.
Neste contexto é necessário que os diversos atores sociais atuem sobre os “determinantes comerciais da saúde” de forma a contrariar uma nova crise de saúde pública nos países de renda média ou baixa do hemisfério sul.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

NO 38.º ANIVERSÁRIO DO SNS - GLOBAL BURDEN DISEASE 2016 RECONHECE PORTUGAL COMO UM DOS PAÍSES ONDE A ESPERANÇA DE VIDA MAIS CRESCEU.

38 Anos passados sobre a fundação do Serviço Nacional de Saúde no dia 15 de Setembro de 1979, a edição online da revista Lancet de hoje publicava o estudo “Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study 2016 (GBD 2016)abrangendo o período de 1990 a 2016, onde Portugal se destaca como um dos países exemplo, uma vez que apresenta uma esperança de vida à nascença mais elevada do que a que seria esperada atendendo ao seu nível de desenvolvimento sociodemográfico, confirmando os enormes progressos verificados nos últimos 40 anos, resultantes das profundas mudanças verificadas após a Revolução de Abril de 1974, alicerçadas nas melhorias do saneamento básico, na universalização dos cuidados de saúde e na criação do Serviço Nacional de Saúde.
De acordo com o estudo agora publicado verificou-se em 2016 pela primeira vez, que o número estimado de óbitos em crianças com menos de 5 anos caiu se cifrou abaixo de 5 milhões, registando-se apenas 230 mil mortes maternas. No que se refere às mortes por doenças transmissíveis verificou-se uma diminuição da mortalidade (com exceção do dengue), estimando-se 1.03 milões de mortes por VIH/SIDA, 1.2 milhões de mortes por Tuberculose e 719.600 por malária.

72,3% (39,5 milhões) de todas as mortes em 2016 eram provocadas por doenças não transmissíveis, tendo a mortalidade por doença isquémica cardíaca aumentado 19% e a mortalidade por diabetes cerca de 31,1% desde 2006. Verificou-se ainda um aumento significativo na mortalidade decorrente de conflitos bélicos e de terrorismo. As mortes causadas por armas de fogo foram causa mais importante de violência interpessoal.

Entre os principais fatores de carga de doença, encontram-se as infeções respiratórias inferiores, a diarreia, o parto prematuro, o VIH/SIDA e a malária, e entre os principais fatores de risco para a saúde, os níveis de obesidade, tabagismo e a má alimentação .

Apesar dos progressos realizados uma tríada de problemas; a obesidade, os conflitos bélicos como os que se tem vivido na Síria, no Iémen, no Sudão do Sul ou na Líbia, e a doença mental têm impedido melhores resultados, contribuindo para uma perda de vida saudável.

Finalmente e de acordo com o estudo agora publicado as principais problemas de saúde que no de 2016 fizeram as pessoas sentirem-se doentes foram: a dor lombar baixa, as dores de cabeça/enxaqueca, a anemia por deficiência de ferro e a depressão.

15 Setembro de 1979  – Uma maioria parlamentar constituída pelos deputados do Partido Socialista (PS), do Partido Comunista (PCP), da União Democrática e Popular (UDP) e pelo deputado independente Brás Pinto aprovavam a Lei de Bases do Serviço Nacional de Saúde concretizando o artigo 64.º da Constituição da República Portuguesa, contando com a oposição dos partidos de direita e do centro direita e do Bastonário da Ordem dos Médicos (Gentil Martins) hoje considerado como a “joia da coroa da democracia portuguesa”.

sábado, 3 de junho de 2017

HAQ –Index - ACESSO E QUALIDADE EM CUIDADOS DE SAÚDE EM 185 PAÍSES MOSTRA GRANDES DESIGUALDADES

No passado dia 18 de maio,  a revista Lancet publicou na sua versão online, o estudo “Healthcare Access and Quality Index based on mortality from causes amenable to personal health care in 195 countries and territories, 1990–2015: a novel analysis from the Global Burden of Disease Study 2015”. (aqui)

Neste estudo os autores mapearam 32 causas de morte por doenças ou lesões, desenvolvidas por Nolte e McKee (aqui) a partir do Global Burden Disease, criando o Índice de Acesso e Qualidade dos serviços de saúde (Healthcare Access and Quality Index - HAQ Index) como medida aproximada do acesso aos cuidados de saúde. O HAQ –Index permite medir o impacto dos cuidados de saúde disponíveis e efetivos sobre as 32 causas de morte, ajustado às condições sociodemográficas, classificando-o numa escala de 0 a 100 e aplicando-o a 185 países e territórios entre os anos de 1990 a 2015.

De acordo com os principais resultados da aplicação do Índice de Acesso e Qualidade dos serviços de saúde (Healthcare Access and Quality Index - HAQ Index) entre os anos de 1990 e 2015, verificou-se um aumento estatisticamente significativo nos níveis do índice HAQ em 167 dos territórios e países, com especial relevo para a Coreia do Sul, a Turquia, o Peru, a China e as Maldivas, onde se verificaram os maiores ganhos entre 1990 e 2015.

Apesar destas melhorias, a diferença entre o índice de HAQ mais alto e mais baixo foi maior em 2015 do que em 1990, verificando-se uma maior homogeneidade entre as regiões geográficas onde o índice sociodemográfico era mais elevado, ao contrário do verificado na África subsaariana, na Ásia e no Pacífico, onde se encontram países com os mais baixos índices, como a República Democrática do Congo, o Níger, a Zâmbia, o Afeganistão, o Paquistão, a Índia, a Indonésia, o Camboja e o Myanmar.

Portugal classificado em 31º lugar entre 195 países no ano de 2015, verificou uma melhoria sustentada do índice de 1990 a 2015 passando de 67% para 85%, apresentando o mesmo valor que o Reino Unido, o Chipre, a República Checa, Malta e o Qatar. No topo da tabela encontram-se Andorra, Islândia, Suíça, Suécia, Noruega, Austrália, Finlândia, Espanha, Holanda e o Luxemburgo. Entre os países de língua oficial portuguesa destaca-se Cabo Verde com 62% no 5.º decil.


Portugal registou um desempenho elevado na área das doenças transmissíveis com exceção da tuberculose e das infeções respiratórias baixas (pneumonias), bem como nas doenças do foro cardiovascular, e os piores resultados na leucemia, no linfoma de hodgkin e no cancro da pele (não melanoma).

terça-feira, 22 de novembro de 2016

ANGOLA - GLOBAL BURDEN DISEASE - RESULTADOS MUITO AQUÉM DO ESPERADO

No passado dia 21 de Setembro a revista Lancet publicou o estudo “Measuring the health-related Sustainable Development Goals in 188 countries: a baseline analysis from the Global Burden of Disease Study 2015” (aqui), onde os autores analisam 33 indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2015 relacionados com o “Global Burden of Disease (GBD)”.(aqui)

O GBD é o estudo de observação epidemiológica mais abrangente do mundo até esta data. Descreve a mortalidade e a morbilidade por doenças graves, lesões e fatores de risco para a saúde nos níveis global, nacional e regional. Produz estimativas por causas, idade, sexo e país desde 1990, examina tendências e faz comparações entre as populações, mede as características do sistema de saúde, a exposição a fatores de risco, e a mortalidade e morbilidade atribuíveis a esses riscos. Permite o cálculo de DALY´s (anos de vida ajustados à incapacidade), que representa os anos perdidos de vida saudável devido a doença, lesão ou fator de risco e resulta da soma de dois indicadores distintos: anos de vida perdidos (YLL, que mede a mortalidade prematura e os anos vividos com incapacidade (YLD).
Health-related index for all indicators


De acordo com dados publicados Angola, fica no 170º lugar entre 188.º países ficando muito aquém dos resultados esperados.(aqui)



sexta-feira, 30 de setembro de 2016

MOÇAMBIQUE - A SAÚDE NUMA ENCRUZILHADA

“Porque a verdade é uma: antes vale andar descalço do que tropeçar com os sapatos dos outros.”

Moçambique encontra-se em 177.º lugar entre os 188 países avaliados no estudo “Measuring the health-related Sustainable Development Goals in 188 countries: a baseline analysis from the Global Burden of Disease Study 2015”, publicado na revista Lancet, onde os autores analisam 33 indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2015 relacionados com o “Global Burden of Disease(GBD)”, 41 Anos passados sobre a independência. (aqui)
miacoutooficialfacebook
Tendo enfrentado durante estas quatro décadas, 16 anos de guerra civil (entre o Governo/Frelimo e Renamo), uma crise militar entre 2012 e 2014 com os mesmos protagonistas e a ameaça de nova instabilidade que paira desde 2015 quando a Renamo se recusou a aceitar os resultados das últimas eleições, propondo-se governar nas seis províncias em que reclamava vitória eleitoral, Moçambique está à beira de nova intervenção do Fundo Monetário Internacional (aqui).

O documentário que divulgamos “A Luta Continua” produzido pela Medicus Mundi Catalunya mostra as dificuldades, as realizações e os desafios para a construção de um sistema nacional de saúde que possa melhorar a situação de saúde precária em que se encontram os moçambicanos.


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

2015 - COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA - GLOBAL BURDEN DISEASE - OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

No passado dia 21 de Setembro a revista Lancet publicou o estudo “Measuring the health-related Sustainable Development Goals in 188 countries: a baseline analysis from the Global Burden of Disease Study 2015”, onde os autores analisam 33 indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2015 relacionados com o “Global Burden of Disease(GBD)”. (aqui)

Aqui ficam os desempenhos dos países de língua portuguesa, Portugal, Brasil, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

O relatório sublinha os progressos realizados por Timor-Leste de 2000 para 2015, um dos países situados no quintil mais baixo do Índice Socio Demográfico (SDI) (Socio-demographic Index (SDI), a summary measure of development that uses lag-distributed income per person, average educational attainment in the population over age 15 years, and the total fertility rate) que melhorou significativamente a sua posição "Since 2000, the largest absolute improvements in the health-related SDG index occurred in Timor-Leste (18∙5, 95% UI 16∙2–20∙8)..." devido às medidas implementadas e em particular a estratégia de universalização de cuidados " Timor-Leste, changes in the health-related SDG index were largely driven by improvements in UHC tracer interventions, skilled birth attendance, met need with modern contraception, under-5 and neonatal mortality, childhood stunting, risk exposure to unsafe water and sanitation, and mortality from war or conflict. This overall improvement was despite worsening measures for childhood overweight, smoking prevalence, and alcohol use since 2000."

Health-related index for all indicators 

domingo, 25 de setembro de 2016

2015 - GLOBAL BURDEN DISEASE, SAÚDE E OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Saúde na Era dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
No passado dia 21 de Setembro a revista Lancet publicou o estudo “Measuring the health-related Sustainable Development Goals in 188 countries: a baseline analysis from the Global Burden of Disease Study 2015”, onde os autores analisam 33 indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2015 relacionados com o “Global Burden of Disease(GBD)”. O GBD é o estudo de observação epidemiológica mais abrangente do mundo até esta data. Descreve a mortalidade e morbidade por doenças graves, lesões e fatores de risco para a saúde nos níveis global, nacional e regional. Produz estimativas por causas, idade, sexo e país desde 1990 até ao ano mais recente, examina tendências e faz comparações entre as populações, mede as características do sistema de saúde, a exposição fator de risco, e a mortalidade e morbidade atribuíveis a esses riscos. Permite o cálculo de DALY´s (anos de vida ajustados à incapacidade), que representa os anos perdidos de vida saudável devido a doença, lesão ou fator de risco e resulta da soma de dois indicadores distintos: anos de vida perdidos (YLL, que mede a mortalidade prematura e os anos vividos com incapacidade (YLD). Liderado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) at the University of Washington, o GBD conta com a colaboração de mais de 1.000 investigadores de cerca de 100 países.
Os resultados apresentados na revista Lancet, podem ser explorados de uma forma interativa no sítio da internet do Institute for Health Metrics and Evaluation (aqui), estando disponíveis para os 188 países estudados, através de três índex: o “ Health-related index for all indicators” relacionado com todos os indicadores dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (SDG), o “Health-related index for all indicators with corresponding MDG indicators”, relacionando os indicadores do GBD com os indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (MDG) e o “Health related index for all indicators without corresponding MDG indicators” para os objetivos não integrados nos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (Non-MDG). O relatório aponta o exemplo de 5 países que aproveitaram a interpretação independente que o GBD permite, estabelecendo a partir daí políticas públicas para melhorar a saúde das populaçõesThe five geographies with the greatest improvement in the health-related SDG index between 2000 and 2015, stratified by SDI quintiles (Timor-Leste, Tajikistan, Colombia, Taiwan, and Iceland), have implemented a range of policies and interventions that might have contributed to their progress.”

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A SAÚDE DOS HOMENS - DESIGUALDADES DE GÉNERO

O estudo Global Burden Disease 2010, atualizado em 2013 conduzido pelo “Institute for Health Metrics and Evaluation” da Universidade de Washington, mostrou que no período de 1970 a 2013, as mulheres tiveram uma esperança de vida mais longa do que os homens, 6.6 anos para as mulheres e 5.8 para os homens. Durante os 40 anos analisados o sexo feminino viu aumentar a sua esperança de vida ao nascer de 61.2 anos para 73.3 anos, enquanto a esperança de vida ao nascer nos homens passou de 56.4 anos para os 67.5 anos, aumentando assim a diferença na esperança de vida ao nascer entre os sexos com desvantagem para os homens, situação que se agravou nos últimos 3 anos, à conta da situação na Coreia do Norte e no Ruanda.



Por volta de 2010, de acordo com os dados conhecidos para a população mundial, as mulheres viviam em média mais seis anos do que os homens. Na região com a menor esperança de vida ao nascer, a África Central subsaariana os homens viviam em média menos 5.3 anos menos que as mulheres e na Europa Oriental, a região onde se verificava a maior diferença na esperança média de vida entre sexos, as mulheres da Federação Russa viviam em média mais de 11,6 anos do que os homens.

Na União Europeia (EU28) a diferença na esperança de vida à nascença é favorável às mulheres em 5.5 anos,variando entre os 11.1 anos da Lituânia e os  3.7 anos do Reino Unido e da Holanda e os 3.5anos da Suécia. A diferença entre os sexos é menor quando se olha para a esperança de vida na idade de 65. As mulheres com 65 anos em 2013 na UE-28 tinham uma esperança de vida de 21,3 anos, enquanto os homens tinham 17,9 anos, portanto, uma diferença de 3,4 anos.

O que explica então esta disparidade entre homens e mulheres?

Apesar de em muitas sociedades, os homens usufruírem no geral de mais oportunidades, privilégios e poder do que as mulheres, essas múltiplas vantagens não se traduzem em melhores resultados de saúde. Então como se explicam estas disparidades? De acordo com a avaliação realizada pelo UCL Institute of Health Equity e revisto por Michael Marmot “Review of social determinants and the health divide inthe WHO European Region:final report” os piores resultados encontrados para a esperança de vida à nascença dos homens refletem vários fatores “ greater levels of occupational exposure to physical and chemical hazards, risk behaviours associated with male lifestyles, health behaviour paradigms related to masculinity and the fact that men are less  likely to visit a doctor when they are ill and are less likely to report on the symptoms of disease or illness”.

Também no que refere aos comportamentos de risco, homens e mulheres têm distribuições diferentes. Em 2010 no estudo Global Burden Disease, de 67 fatores de risco e grupos de fatores de risco identificados, 60 foram responsáveis por maior mortalidade nos homens do que nas mulheres e os 10 principais fatores de risco foram mais comuns entre os homens. Em 2010, 3,14 milhões de homens e 1,72 milhões de mulheres morreram de causas ligadas ao uso excessivo de álcool, para muitos homens, o consumo excessivo de álcool está ligado a noções de masculinidade num recente estudo realizado em homens russos os autores confirmam que “  this study showed that the construction and performance of Russian masculine identity is entwined with heavy drinking and that heavy drinking in all-male groups (especially with work colleagues and in young adulthood) was seen as routine, expected behaviour. All-male drinking occasions had a social function (particularly among young men) because they fostered male camaradeie and identity, and strong social and work bonds…increased social participation is likely to have various (potentially offsetting) influences on health behaviours, but in the context of Eastern Europe male sociability appears associated with higher levels of alcohol use driven by the norms of masculine behaviour…the all-male context of heavy drinking contrasts with Western European countries where drinking is more likely to take place in more gender-neutral contexts such as restaurants and the home”.

Finalmente, e no que se refere ao trabalho, são conhecidas as diferenças entre homens e mulheres no que se refere a morbidade e mortalidade. Em 2010, quase 750 000 homens morreram de causas relacionadas com o trabalho, em contraste com pouco mais de 102 000 mulheres. Na Europa, 95% dos acidentes mortais e 76% dos acidentes não mortais ocorrem no local de trabalho e são experimentados por homens.


Para mais informação consultar "The State of Men’s Health in Europe"