sexta-feira, 13 de abril de 2018

PORTUGAL - GLOBAL BURDEN DISEASE, A EVOLUÇÃO DA CARGA DE DOENÇA GLOBAL 1990 - 2016


No passado dia 04 de abril foi publicado o documento "Portugal: The Nation’s Health 1990–2016 - An overview of the Global Burden of Disease Study 2016 Results" resultante do protocolo assinado entre a Direção-Geral da Saúde e o Institute for Health Metrics and Evaluation em fevereiro de 2017 (aqui).

O relatório analisa o progresso que Portugal experienciou nos últimos 26 anos, em termos de saúde, bem-estar e desenvolvimento, e os novos desafios que enfrenta à medida que a sua população cresce e envelhece. O documento faculta informações sobre a mortalidade e morbilidade que impedem os portugueses de viverem vidas longas e saudáveis e clarifica os fatores de risco que contribuem para uma saúde mais débil.

Finalmente, o relatório perspetiva um olhar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2030 comparando-os com a sua situação em 1990, e compara o desempenho da saúde de Portugal com países similares.

Destacamos aqui algumas das principais conclusões:

·         Quando comparado com um grupo de países de rendimento elevado, Portugal tinha em 1990 a mais baixa esperança de vida à nascença. Passados 26 anos a expectativa de vida dos portugueses é semelhante à média dos referidos países de renda alta, resultado que foi principalmente obtido pela redução da mortalidade prematura resultante das doenças cardiovasculares e dos acidentes de transporte.
·         Apesar dos portugueses viverem mais, o número de anos vividos com saúde não aumentaram na mesma proporção.
·         A mortalidade prematura em Portugal, medida pelas estimativas dos anos de vida perdidos (YLL, Years of Life Lost), entre 1990 e 2016 diminuiu 25,3%, em grande parte devido às reduções nas mortes por acidente vascular cerebral (AVC) e pela doença cardíaca isquémica, resultantes da melhoria significativa verificada no acesso e na qualidade dos serviços prestados pela rede de emergência pré-hospitalar que ocorreu nos últimos anos através das Vias Verdes do AVC e da doença coronária.
·         A diminuição da mortalidade prematura (YLLs) decorrente dos acidentes de transporte e dos problemas neonatais foi também considerada um grande sucesso deste período. Os acidentes de transporte diminuíram 75,3%, as neonatais 90,3% e os defeitos congénitos 78,5%.
·         A mortalidade prematura (YLLs) por cancro do pulmão aumentou nos últimos anos, verificando-se uma subida mais substancial entre as mulheres (68.1%) do que nos homens (34.4%), explicada pelo aumento consumo de tabaco entre as mulheres.
·         As principais causas de anos vividos com incapacidade (YLDs) em Portugal são as doenças não transmissíveis, principalmente, as perturbações músculo-esqueléticas, as perturbações mentais e as associadas ao consumo de substâncias, bem como outras doenças não transmissíveis (como perturbações dos órgãos dos sentidos e as doenças da pele e do tecido subcutâneo), as perturbações neurológicas, a diabetes, as doenças do aparelho génito-urinário, e do sangue, e as doenças endócrinas.
·         Os anos de vida ajustados à incapacidade (DALYs) são usados para descrever a carga da doença. Esta métrica leva em conta as mortes prematuras e a incapacidade. De novo, em termos da perda de saúde da população portuguesa, o grande grupo das doenças não transmissíveis ultrapassa largamente a importância relativa dos outros grandes grupos de causas, nomeadamente, as lesões e as doenças transmissíveis, maternas, neonatais e nutricionais.
·         No conjunto dos 37 indicadores SDG relacionados com a saúde, os melhores resultados em Portugal encontram-se relacionados com a prevalência de malnutrição crónica e aguda nas crianças abaixo dos 5 anos, a proporção de nascimentos assistidos por profissionais de saúde habilitados, a incidência de malária, a prevalência de doenças tropicais negligenciadas, o acesso universal a sistemas públicos de abastecimento de água e saneamento e a lavabos, a prevalência de poluição do ar interior e, ainda, às mortes por conflitos e terrorismo.
·         Deve ser dada especial atenção aos aspetos relacionados com os piores resultados, alcançados por Portugal no conjunto dos 37 indicadores: a prevalência de excesso de peso em crianças dos 2 aos 4 anos, a incidência da infeção por VIH, as mortes por lesões auto provocadas e as prevalências de consumo de álcool, consumo diário de tabaco e abuso sexual de crianças.
·         No que respeita à carga global da doença, Portugal encontra-se significativamente melhor do que a média dos seus pares (países de elevado-médio rendimento) para a doença isquémica cardíaca, doença cerebrovascular, doenças dos órgãos dos sentidos, diabetes, cancro do pulmão, doença pulmonar obstrutiva crónica, infeções respiratórias inferiores, acidentes de transporte e quedas; encontra-se significativamente pior em relação às dores lombares (lombalgias) e do pescoço, perturbações depressivas, enxaqueca, doenças da pele e cancro colo-retal.


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