segunda-feira, 30 de novembro de 2015

É URGENTE PROTEGER A SAÚDE DAS MUDANÇAS DO CLIMA - APELO DA OMS AOS PROFISSIONIAS DE SAÚDE

A Organização Mundial de Saúde - OMS apela aos profissionais de saúde de todo o mundo para que se juntem ao seu apelo para uma acção urgente que proteja a saúde das alterações climáticas, subscrevendo o seu Apelo à 21.ª Conferência do Clima decorre em Paris entre os dias 30 de Novembro e 11 de Dezembro de 2015, com o objetivo de estabelecer um acordo sobre o clima que irá conter o aquecimento global abaixo de 2.º C.




WHO calls for urgent action to protect health from climate change – Sign the call

“The evidence is overwhelming: climate change endangers human health. Solutions exist and we need to act decisively to change this trajectory."
Dr Margaret Chan, WHO Director-General
Climate change is the greatest threat to global health in the 21st century.
Health professionals have a duty of care to current and future generations. You are on the front line in protecting people from climate impacts - from more heat-waves and other extreme weather events; from outbreaks of infectious diseases such as malaria, dengue and cholera; from the effects of malnutrition; as well as treating people that are affected by cancer, respiratory, cardiovascular and other non-communicable diseases caused by environmental pollution.
Already the hottest year on record, 2015 will see nations attempt to reach a global agreement to address climate change at the United Nations Climate Change Conference (COP) in Paris in December. This may be the most important health agreement of the century: an opportunity not only to reduce climate change and its consequences, but to promote actions that can yield large and immediate health benefits, and reduce costs to health systems and communities.

WHO calls on the global health community to add its voice to the call for a strong and effective climate agreement, that will save lives, both now and in the future.
We call for a climate change agreement that promotes:
  • Strong and effective action to limit climate change, and avoid unacceptable risks to global health.
  • Scaling up of financing for adaptation to climate change: including public health measures to reduce the risks from extreme weather events, infectious disease, diminishing water supplies, and food insecurity.
  • Actions that both reduce climate change and improve health, including reducing the number of deaths from cancer, respiratory and cardiovascular diseases that are caused by air pollution (currently over 7 million each year).
We commit to leading by example, by:
  • Raising awareness of the health effects of climate change and the potential health co-benefits of low carbon pathways, among health professionals and the general public;
  • Contributing to the development and implementation of measures to limit climate change and protect our countries, workplaces, and communities;
  • Working to minimize the environmental impacts of our own health systems, at the same time as improving health services.
ASSINE E DIVULGUE AQUI (aqui)

domingo, 29 de novembro de 2015

PARIS 2015 - MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SAÚDE

A 21.ª Conferência do Clima decorre em Paris entre os dias 30 de Novembro e 11 de Dezembro de 2015, com o objetivo de estabelecer um acordo internacional sobre o clima que irá conter o aquecimento global abaixo de 2.º C.


A Conferência surge no momento em que a Organização Mundial de Saúde aponta os seguintes fatos:




  • As mudanças climáticas afetam os determinantes sociais e ambientais da saúde - ar limpo, água potável, comida suficiente e abrigo seguro.
  • Entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas esperadas podem causar cerca de 250 000 mortes por ano, devidas à malnutrição, à malária, à diarreia e ao efeito (stress) do calor.
  • Os custos dos danos directos para a saúde (ou seja, excluindo os custos em sectores determinantes para a saúde, tais como a agricultura, a água e o saneamento), estimam-se  em 2-4 bilhões/ano de US$ até 2030.
  • Os territórios com infraestruturas deficientes - a maioria nos países em desenvolvimento - serão menos capazes de lidar com estas mudanças, necessitando de ajuda para se prepararem e responderem. 
  • A redução das emissões de gases de efeito estufa através de melhores escolhas de transporte, alimentos e utilização de energia pode resultar em melhoria da saúde.
  • As mudanças climáticas afetam as pessoas, criando refugiados climáticos ( pessoas que têm de deixar as suas terras e as suas casas por causa dos efeitos do aquecimento global).

  • Para muitas personalidades como Mary Robinson,presidente da República da Irlanda entre 1990 e 1997, as mudanças climáticas são uma ameaça para os direitos humanos.




    sábado, 28 de novembro de 2015

    BRASIL - ESTRATÉGIA SAÚDE FAMÍLIA - UMA BOA PRÁTICA - BANCO MUNDIAL

    O Brasil tem atravessado nos últimos 20 anos um período de crescimento económico acompanhado de marcadas melhorias nos padrões de vida dos brasileiros. De acordo com a informação do Banco Mundial, embora o crescimento económico (3,2% ao ano) não tenha acompanhado o ritmo dos anos 1960 e 1970 (quando o economia cresceu a uma média anual de 6,6%), os indicadores socioeconómicos tiveram um crescimento sem precedentes (aqui).

    A percentagem da população que vivia em extrema pobreza (US $ 1,9/dia) diminuiu em quase ¾ passando de 20.6% em 1990 para 3.9% em 2013, um diminuição ainda maior ocorreu na mortalidade antes dos 5 anos, passando de 60.8/1.000 em 1990 para 16.2/1.000 em 2013, a prevalência de crianças com baixo peso foi reduzida para metade (de 4,5% para 2.2%), e a proporção da população sem acesso a água potável diminuiu em ¾ passando de 11% para menos de 3%. A esperança média de vida ao nascer passou de 66.5 anos em 1990 para de 73,9 em 2013, comparando favoravelmente com os países do seu grupo rendimento. Este progresso foi alcançado, em parte, através de estratégias de desenvolvimento focadas no investimento em sectores sociais, mantidas inclusivamente durante os períodos de austeridade ou crise financeira. Estes investimentos incluíram a implementação de programas sociais como o Bolsa Família e reformas abrangentes como as que se verificaram no sector da saúde. Uma vez que a Constituição de 1988, tinha estabelecido o acesso à saúde como um direito dos cidadãos e uma obrigação do Estado, este princípio foi gradualmente transposto para a prática através de uma série de sucessivas reformas, começando com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), uma sistema nacional de saúde financiado por impostos a que toda a população tem direito (aqui) (aqui).

    O tema deste estudo de caso tem sido uma pedra angular do SUS. Uma série de avaliações do SUS foram realizadas ao longo dos anos, apontando para progressos significativos na melhoria do acesso e contribuindo para a melhoria dos indicadores de saúde do Brasil.
    Os estudos também apontam também para deficiências, sobretudo na área dos cuidados hospitalares, persistindo muitas ineficiências, uma elevada fragmentação do sistema e problemas de cobertura nos cuidados hospitalares.


    No entanto, a Estratégia Saúde da Família incluída Política Nacional de Atenção Básica foi bem-sucedida. Neste estudo de caso o Banco Mundial avalia as suas principais características, conquistas e desafios e analisa a contribuição dessa estratégia para a criação e implementação de cobertura universal de saúde para todos os brasileiros.

    sexta-feira, 27 de novembro de 2015

    GORDURAS TRANS - DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE

    A imprensa de hoje dá a conhecer os resultados preliminares do estudo PtranSALT  a decorrer desde 2012 com o objetivo de avaliar os ácidos gordos TRANS, gordura saturada e sal nos alimentos processados em Portugal. As conclusões agora apresentadas apontam para a redução das gorduras TRANS nos alimentos analisados e para a manutenção de teores elevados de gorduras saturadas e de sal. As gorduras TRANS são um tipo de gorduras insaturadas (naturais ou industriais) associadas ao aumento significativo de doença arterial coronária (OMS/FAO indicam que o seu consumo diário deve ser inferior a 1% da ingestão total de energia, o que equivale ao consumo de 2 gramas de gorduras TRANS por dia para uma pessoa que requeira uma dieta de 2.000 calorias/dia).
    As gorduras TRANS são principalmente produzidas industrialmente(podem atingir 60%) através do processo de hidrogenação parcial de óleos e gorduras usadas na indústria. Na natureza são produzidas pelas bactérias do intestino dos ruminantes e podem se encontrar em pequena quantidade na carne e nos produtos lácteos dos bovinos, ovinos e caprinos.

    Com base na evidência publicada e face à crescente consciência da opinião pública sobre os efeitos adversos do consumo de gorduras TRANS, aumentou a pressão sobre os fabricantes de alimentos na Europa, levando à reformulação dos seus produtos e à redução voluntária das gorduras TRANS. Como a maioria dos países europeus ainda não limitam o teor de gorduras TRANS nos alimentos, um grande número de produtos que contêm altos níveis gordura TRANS estão ainda disponíveis no mercado europeu. Estima-se que milhões de europeus continuem a consumir gorduras TRANS em níveis que aumentam significativamente o risco cardiovascular, afetando principalmente as populações dos países da Europa Oriental e da região dos Balcãs, onde muitos alimentos populares contêm grande quantidade de gorduras TRANS e e populações específicas como os adolescentes do sexo masculino, os estudantes universitários e as comunidades de baixo rendimento.

    De acordo com o estudo " Addressing the Social Determinants of Noncommunicable Diseases" das Nações Unidas, as populações de baixo rendimento vivem em locais onde a oferta de lojas de fast-food é quatro vezes maior em comparação com áreas mais favorecidas, encontrando-se muitas deles em volta das Escolas das zonas mais desfavorecidas. Esta situação agrava-se face à menor capacidade de poder de compra destas populações, uma vez que ficam impedidas de comprar legumes e frutas frescas por terem preços mais elevados e por disporem de deficientes condições de habitação. Com baixos rendimentos, os problemas de funcionamento das suas habitações multiplicam-se, dificultando as capacidades de armazenamento e preparação de refeições saudáveis.

    O que faz com que a par da regulação do consumo das gorduras TRANS, tal como realizou a Dinamarca em 2003 "Denmark became the first country to introduce regulatory limits on the trans-fat content of foods sold. The Order imposed a maximum of 2 percent TFA in oils and fats destined for human consumption. Labelling was deemed insuficient to protect consumers, especially children or those regularly consuming fast foods ... A 2013 systematic review on trans-fats regulations worldwide concluded that national bans, such as that of Denmark, “virtually eliminated TFAs from the food supply”. Considerations for actors outside the health sector: Regulation of trans-fat is a simple and efective strategy to combat the components of unhealthy diet by changing the food environment. The strategy in Denmark is efective because it almost completely removes the harmful substance" se desenvolvam medidas de combate às desigualdades sociais.





    quinta-feira, 26 de novembro de 2015

    ANOS VIVIDOS COM SAÚDE NA UE - GENDER GAP

    Na União Europeia a 28, as mulheres vivem mais anos que os homens.



    Life_expectancy_at_birth,_gender_gap,_2013_(years,_female_life_expectancy_-_male_life_expectancy)
    Mas vivem menos anos com saúde (HLY)



    No estudo do Institute of Health Equity  revisto por Michael Marmot “Review of social determinants and the health divide in the WHO European Region:final report 2014",Portugal  era o país com a maior diferença entre homens e mulheres no que se refere aos anos vividos com saúde.


    quarta-feira, 25 de novembro de 2015

    A SAÚDE DOS HOMENS - DESIGUALDADES DE GÉNERO

    O estudo Global Burden Disease 2010, atualizado em 2013 conduzido pelo “Institute for Health Metrics and Evaluation” da Universidade de Washington, mostrou que no período de 1970 a 2013, as mulheres tiveram uma esperança de vida mais longa do que os homens, 6.6 anos para as mulheres e 5.8 para os homens. Durante os 40 anos analisados o sexo feminino viu aumentar a sua esperança de vida ao nascer de 61.2 anos para 73.3 anos, enquanto a esperança de vida ao nascer nos homens passou de 56.4 anos para os 67.5 anos, aumentando assim a diferença na esperança de vida ao nascer entre os sexos com desvantagem para os homens, situação que se agravou nos últimos 3 anos, à conta da situação na Coreia do Norte e no Ruanda.



    Por volta de 2010, de acordo com os dados conhecidos para a população mundial, as mulheres viviam em média mais seis anos do que os homens. Na região com a menor esperança de vida ao nascer, a África Central subsaariana os homens viviam em média menos 5.3 anos menos que as mulheres e na Europa Oriental, a região onde se verificava a maior diferença na esperança média de vida entre sexos, as mulheres da Federação Russa viviam em média mais de 11,6 anos do que os homens.

    Na União Europeia (EU28) a diferença na esperança de vida à nascença é favorável às mulheres em 5.5 anos,variando entre os 11.1 anos da Lituânia e os  3.7 anos do Reino Unido e da Holanda e os 3.5anos da Suécia. A diferença entre os sexos é menor quando se olha para a esperança de vida na idade de 65. As mulheres com 65 anos em 2013 na UE-28 tinham uma esperança de vida de 21,3 anos, enquanto os homens tinham 17,9 anos, portanto, uma diferença de 3,4 anos.

    O que explica então esta disparidade entre homens e mulheres?

    Apesar de em muitas sociedades, os homens usufruírem no geral de mais oportunidades, privilégios e poder do que as mulheres, essas múltiplas vantagens não se traduzem em melhores resultados de saúde. Então como se explicam estas disparidades? De acordo com a avaliação realizada pelo UCL Institute of Health Equity e revisto por Michael Marmot “Review of social determinants and the health divide inthe WHO European Region:final report” os piores resultados encontrados para a esperança de vida à nascença dos homens refletem vários fatores “ greater levels of occupational exposure to physical and chemical hazards, risk behaviours associated with male lifestyles, health behaviour paradigms related to masculinity and the fact that men are less  likely to visit a doctor when they are ill and are less likely to report on the symptoms of disease or illness”.

    Também no que refere aos comportamentos de risco, homens e mulheres têm distribuições diferentes. Em 2010 no estudo Global Burden Disease, de 67 fatores de risco e grupos de fatores de risco identificados, 60 foram responsáveis por maior mortalidade nos homens do que nas mulheres e os 10 principais fatores de risco foram mais comuns entre os homens. Em 2010, 3,14 milhões de homens e 1,72 milhões de mulheres morreram de causas ligadas ao uso excessivo de álcool, para muitos homens, o consumo excessivo de álcool está ligado a noções de masculinidade num recente estudo realizado em homens russos os autores confirmam que “  this study showed that the construction and performance of Russian masculine identity is entwined with heavy drinking and that heavy drinking in all-male groups (especially with work colleagues and in young adulthood) was seen as routine, expected behaviour. All-male drinking occasions had a social function (particularly among young men) because they fostered male camaradeie and identity, and strong social and work bonds…increased social participation is likely to have various (potentially offsetting) influences on health behaviours, but in the context of Eastern Europe male sociability appears associated with higher levels of alcohol use driven by the norms of masculine behaviour…the all-male context of heavy drinking contrasts with Western European countries where drinking is more likely to take place in more gender-neutral contexts such as restaurants and the home”.

    Finalmente, e no que se refere ao trabalho, são conhecidas as diferenças entre homens e mulheres no que se refere a morbidade e mortalidade. Em 2010, quase 750 000 homens morreram de causas relacionadas com o trabalho, em contraste com pouco mais de 102 000 mulheres. Na Europa, 95% dos acidentes mortais e 76% dos acidentes não mortais ocorrem no local de trabalho e são experimentados por homens.


    Para mais informação consultar "The State of Men’s Health in Europe" 

    segunda-feira, 23 de novembro de 2015

    DESIGUALDADES DE GÉNERO EM SAÚDE - UNIÃO EUROPEIA - PROJETO SOPHIE

    O projeto europeu SOPHIE desenvolvido entre Novembro de 2011 e Outubro de 2015, teve como objetivo gerar novas evidências sobre o impacto das políticas estruturais europeias sobre as desigualdades na saúde, e desenvolver metodologias inovadoras para a avaliação destas políticas na Europa.

    A maior parte da população considera que as principais causas das desigualdades em saúde resultam da genética ou dos comportamentos individuais como os chamados estilos de vida (consumo de tabaco, de álcool, etc.), é o que se chama de “ideologia biomédica dominante”. Contudo e apesar de serem importantes, estas causas não permitem explicar o estado de saúde da população, nem a produção de desigualdades em saúde numa determinada sociedade.

    Tal como reconheceu a Organização Mundial de Saúde através da Comissão dos Determinantes Sociais da Saúde as desigualdades em saúde são influenciadas por fatores como: as condições de vida e de trabalho, como são o contexto político e socioeconómico do país onde vivemos, as condições de trabalho e do emprego (situação laboral e precaridade), o nível de rendimentos, o trabalho não remunerado (tarefas domésticas rotineiras, como cozinhar, limpar, jardinar e cuidar da casa), a qualidade da habitação e o local onde se situa. Reconheceu também que os serviços de saúde podem ter um efeito sobre as desigualdades, sobretudo se o acesso, a utilização e a qualidade forem desfavoráveis aos grupos sociais mais desfavorecidos.

    Tendo isto em conta é necessário desenvolver e por em prática políticas públicas que possam reduzir as desigualdades em saúde, para isso é necessário estudar e analisar as desigualdades em saúde e as políticas que as tentam reduzir, objetivo do projeto SOPHIE.

    O Exemplo das Desigualdades de Género em Saúde na União Europeia.
    As conclusões do projeto SOPHIE confirmam que na maioria dos países europeus as mulheres têm pior saúde do que os homens, apesar de viverem mais anos e que as desigualdades de género na saúde são maiores em países com políticas menos orientadas para a igualdade de género.

    Assim nos países que o projeto SOPHIE denomina de tradicionais (sul e centro) e contraditórios as mulheres são mais propensas a relatar pior saúde do que os homens, sobretudo nos países do Sul, resultados confirmados no caso de Portugal no recente Inquérito Nacional de Saúde  2014.

    Nos países orientados para o mercado as desigualdades de género atingem sobretudo a saúde mental, sobretudo entre as classes trabalhadoras e em particular entre os assalariados.

    O peso da combinação entre o emprego e as tarefas familiares parecem ser especialmente prejudiciais para a autopercepção da saúde e da saúde mental para as mulheres dos países.





    domingo, 22 de novembro de 2015

    A SAÚDE É UM DIREITO NÃO UM PRIVILÉGIO - ECONOMISTS’ DECLARATION ON UNIVERSAL HEALTH COVERAGE

    A revista Lancet pubica na sua edição de 21 de de Novembro o manifesto “ECONOMISTS’ DECLARATION ON UNIVERSAL HEALTH COVERAGE” subscrito por 267 economistas de 44 países, apelando aos responsáveis políticos de todo o mundo para colocarem como primeira prioridade, a cobertura universal de saúde para todos os cidadãos. Afirmando que assegurar serviços de saúde essenciais e de qualidade a todos, sem barreiras financeiras, é a decisão certa, inteligente e acessível, “that ensuring everyone can obtain high quality essential health services without suffering financial hardship is right, smart and affordable”.

    Lançada no passado dia 18 de Setembro, na revista Lancet e no jornal New York Times, com o apoio da Rockefeller Foundation em vésperas da Organização das Nações Unidas aprovar a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável “UN 2030 Agenda for Sustainable Development"a Declaração lançada pelo Prof. Lawrence Summers conta com o apoio de cinco prémios Nobel, Joseph Stiglitz, Kenneth Arrow, Alvin Roth, Vernon Smith e Christopher Pissarides de economistas da saúde como Anne Mills e Victor Fuchs, e outros economistas de renome como: Thomas Piketty, Linah Mohohlo, Bjørn Lomborg, Tony Atkinson, John Irons, André Sapir e Paul Collier e atual e ex-chefe dos economistas do Banco Mundial, Kaushik Basu e Justin Yifu Lin.

    Lawrence Summers
    Afirmando que a saúde é um investimento, não é um custo, a Declaração exorta os países a desenvolverem serviços de cobertura universal, aumentando o financiamento interno para a saúde e apelando aos países doadores e às lideranças políticas para que façam avançar nos países de renda média e baixa, reformas dirigidas aos mais desfavorecidos integrando-os em serviços de cobertura universal.
    Linah Moholo
    Os dados mostram claramente que a saúde é essencial para a erradicação da  pobreza extrema e promove o crescimento económico, tal como afirma Linah Moholo, Governadora do Banco do Botswana “ “Healthy people are the engine of a country’s economic growth. Universal health coverage ensures that engine is constantly fueled,” ou Joseph Stiglitz “As the gap between rich and poor keeps growing, we must prioritize policies that work to counter inequality... universal health coverage does just that, ensuring everyone has access to health care, without which they cannot succeed, and strengthening economies as a result.”

    Como escreveu Amartya Sen no Guardian em “ Universal healthcare: the affordable dream” esta é a oportunidade de conseguir um sonho possível, um sistema universal de cuidados de saúde.

    Visite a página Global Coaliation For Health Coverage Day, divulgue e assine a Declaração.

    sexta-feira, 20 de novembro de 2015

    RECESSÃO ECONÓMICA, MEDIDAS DE AUSTERIDADE E EFEITOS SOBRE SAÚDE - O CASO DE LONDRES

    O Instituto de Equidade em Saúde (UCL INSTITUTE OF HEALTH EQUITY) num trabalho "The Impact of the Economic Downturn and Policy Changes on Health Inequalities in London" realizado para o Departamento de Saúde Pública da Inglaterra (aqui) e (aqui) sobre os efeitos da crise económica e das medidas de austeridade tomadas sobre o bem estar social dos cidadãos da área de Londres, e a forma de reduzir as desigualdades  daí resultantes, concluiu que são três as áreas em que mais se farão sentir os efeitos da crise e da recessão económica: emprego, rendimento e habitação.


    Michael Marmot
    No que se refere ao emprego, o estudo liderado pelo Professor Michael Marmot, concluiu que o desemprego afetou sobretudo os jovens de menos de 25 anos e em particular os que residiam nas áreas mais deprimidas de Londres, fator encarado com preocupação, uma vez que o desemprego jovem tem um efeito negativo sobre as futuras oportunidades de emprego e os resultados obtidos ao longo da vida. Trabalhar é  uma forte protecção para a saúde, em especial quando o trabalho é de "boa qualidade. " Being in work is mainly protective of health when it is good quality work, which gives employees some control over their work, rewards achievements, is safe and provides a decent standard of living. Individuals who remain in the workplace during an economic downturn may be subject to more psychosocial stress from increased uncertainties surrounding job security and the likelihood of redundancy."

    A crise económica e o aumento do desemprego, provocou uma diminuição do rendimento de muitos cidadãos da grande Londres, aumentando a taxa de pobreza (Londres é uma das regiões do Reino Unido com maior taxa de pobreza). Os autores chamam à atenção para o fato de que as crianças nascidas na pobreza apresentarem maior risco de desenvolverem, doença física e mental, problemas sociais e de desenvolvimento no imediato e ao longo da vida.  Muitos dos que vivem na pobreza vivem em famílias de trabalhadores, onde muitas destas alterações vão provocar uma redução diminuição de rendimento e agravamento das condições de vida.


    No que se refere à habitação, foram as famílias com crianças e em particular as que tem maior número de elementos que mais sofreram com redução do subsídio de habitação. Os agregados familiares que viram os seus rendimentos reduzidos tiveram que encontrar novos lugares, provocando movimentos de população dentro de Londres ou para fora de Londres, ou optar por viver em casas sobrelotadas.

    O Instituto de Equidade em Saúde (UCL INSTITUTE OF HEALTH EQUITY) chama à atenção das autoridades para o potencial aumento das desigualdades em saúde, para o previsível aumento dos problemas de saúde mental, incluindo depressão, suicídios e tentativas de suicídio,  para níveis mais baixos de bem-estar social com previsível aumento da violência doméstica  (devido ao aumento da pressão sobre as famílias ) e, possivelmente, mais homicídios, para o aumento da tuberculose, do HIV/SIDA e do  aumento da mortalidade por doenças do coração - com início 2-3 anos depois o aumento do desemprego, com efeitos persistindo por 10-15 anos.


    Terminando por propor que os governos local e nacional  assegurem serviços públicos dirigidos à infância, medidas que permitam o alívio das famílias com o arrendamento e as despesas de funcionamento, cuidados de saúde de primeira linha e de saúde mental e a atribuição de uma renda mínima que garanta uma vida saudável (Minimum Income for Healthy Living (MIHL).

    Nota: Minimum Income for Healthy Living (MIHL), which was recommended in ‘Fair Society, Healthy Lives’ (Marmot Review), published in February 2010, should provide enough money to pay for ‘needs relating to nutrition, physical activity, housing, psychosocial interactions, transport and medical care.





    quinta-feira, 19 de novembro de 2015

    TABACO E DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE - OS FACTOS

    O tabagismo é um dos mais importantes fatores de risco modificáveis para os resultados em saúde e uma das principais causas de doença e de morte.


    A nível mundial o consumo do tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública mundial, matando cerca de 6 milhões de pessoas por ano. Mais de 5 milhões dessas mortes são resultado direto do consumo do tabaco, enquanto mais de 600.000 são o resultado de exposição passiva ao fumo do tabaco.

    Destes quase 80% do bilhão de fumadores do mundo vivem em países de renda baixa ou média. Nestes países a carga de doenças e de mortes relacionadas com o tabaco é enorme, provocando morte prematura entre os fumadores, aumentando os custos em saúde, privando as suas famílias de rendimentos e prejudicando o desenvolvimento económico.

    Como se isto não fosse suficiente, em muitos países as crianças são utilizadas para trabalhar nas explorações de tabaco, para melhorar os rendimentos familiares, ficando expostas à doença do “tabaco verde” que é causada pela nicotina que é absorvida através da pele a partir do tratamento das folhas de tabaco e a indústria tabaqueira dirige o seu marketing e publicidade para os grupos populacionais de mais baixos rendimentos, para os sem-abrigo, para os grupos minoritários e para os mais jovens, de que é exemplo o projeto SCUM (sub-culture urban marketing) da R. J. Reynolds dirigido aos sem-abrigo e à comunidade LGBT.



    Também nos países industrializados (de renda alta) o consumo do tabaco é um bom exemplo das disparidades no consumo do tabaco e das desigualdades em saúde. Ao longo dos últimos anos ficámos a conhecer a distribuição dos consumidores para além da sua relação com a idade, o sexo, a raça, a etnia, o género ou o estado de saúde mental. Diversos estudos (aqui) e (aqui) demonstraram uma maior prevalência do consumo do tabaco, entre os grupos de população com menor escolaridade, entre os trabalhadores menos qualificados e com profissões com menor autonomia.

    Infelizmente em Portugal continuamos sem dispor de informação que relacione a prevalência do consumo do tabaco com a ocupação profissional e o rendimento. 

    terça-feira, 17 de novembro de 2015

    DESIGUALDADES EXPLICADAS AOS MAIS JOVENS ... E AOS ADULTOS

    Uma vez, um professor do ensino secundário decidiu realizar um exercício que mostrasse de uma forma simples mas poderosa a relação entre privilégio de classe e a mobilidade social.  Começou por dar a cada aluno uma folha de papel, pedindo-lhes que fizessem uma bola com ela. 


    Depois colocou um cesto de papel na frente da sala junto ao quadro


    A seguir explicou - O jogo é simples - Vocês representam a população do país. Todos têm a oportunidade de ficarem ricos e subirem na classe social.


    Para isso, têm que lançar a bola de papel e enfiá-la no cesto de papéis sem sair dos vossos lugares


    Os estudantes do fundo da sala protestaram imediatamente. Isso é injusto, os alunos das filas da frente têm muito mais possibilidades de acertar no cesto dos papéis.


    Cada um lançou a sua bola, e como era de esperar, a maioria dos estudantes das primeiras filas  acertaram no cesto (ainda que alguns tivessem falhado), e só uns poucos das filas de trás conseguiram encestar.


    O Professor concluiu " Quanto mais perto estão do cesto, mais possibilidades têm de acertar. Isto é o que parece o privilégio.
    Observaram como os únicos a queixarem-se de imparcialidade foram os do fundo da sala?"


    Entretanto, os que estavam na parte da frente da sala tiveram menos consciência do privilégio que usufruíam desde que nasceram. Tudo  o que conseguiam ver era o espaço que os separavam do cesto dos papéis.

    No final diz o professor para os alunos " O vosso trabalho  como estudantes que recebem educação, é estar conscientes do vosso privilégio, e utilizar esse privilégio chamado "educação" para darem o vosso melhor e conseguirem fazer grandes coisas, ao mesmo tempo que advoguem por aqueles que sentam nos lugares de trás.


    domingo, 15 de novembro de 2015

    ANEURIN BEVAN E A LUTA PELO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

    O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), fundado em 1948, é habitualmente conhecido por Beveridgiano, remetendo o seu nome para o relatório apresentado por William Beveridge, membro do Partido Liberal ao parlamento em Novembro de 1942,  "Report on Social Insurance and Allied Services", mas foi Aneurin (Nye) Bevan o grande obreiro do Serviço Nacional de Saúde (NHS).

    Com a esmagadora vitória trabalhista nas eleições gerais de 1945, coube a Nye Bevan assumir o Ministério da Saúde. 

    Bevan, nascido em 15 de Novembro de 1897, no País de Gales, numa família de mineiros conhecia bem os problemas da pobreza e da doença, entre as classes trabalhadoras do Reino Unido, tinha conhecido a trabalhar aos 13 anos numa mina de carvão, tornar-se-ia um dos líderes sindicais dos mineiros em South Wales  na greve geral de 1926. Foi eleito para o Parlamento Britânico como deputado em 1929, tornando-se num dos líderes trabalhistas na Câmara dos Comuns durante a II Guerra Mundial. 

    Dotado de grande capacidade negocial, determinação e capacidade oratória, Nye Beaven tem de enfrentar a escassez de recursos humanos, a oposição do Partido Conservador, a resistência e oposição da Associação Médica Britânica (BMA), da maior parte da imprensa britânica para implementar o NHS em Julho de 1948. Apoiado num forte apoio popular Nye Bevan consegue finalmente o apoio do Presidente da BMA e funda o NHS, aquilo que os Britânicos classificam " the most civilised thing in tehe world" um sistema de saúde universal, geral e gratuito. 



    sábado, 14 de novembro de 2015

    A SAÚDE E O NEGÓCIO DA CARNE

    No passado dia 26 de Outubro, a Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC), um organismo da Organização Mundial de Saúde que agrupa peritos que avaliam a causalidade dos fatores de risco para o cancro, classificou a carne processada como causa de cancro para os seres humanos (cancerígeno para os seres humanos, Grupo 1) e a carne vermelha como causa provável de cancro para os seres humanos (provavelmente cancerígeno para os seres humanos, Grupo 2A), depois analisar mais de 800 estudos.
    A notícia provocou em todo o mundo uma acesa discussão, uma resposta poderosa de todo o mundo industrial com interesses na produção, distribuição e confeção de carnes e motivou uma reação jocosa por parte de muitos consumidores. Muitos dos media questionavam os seus leitores ou os seus entrevistados sobre a sua atitude individual sobre a sua atitude acerca do consumo da carne.
    Mas foram poucos os que aproveitaram para questionar o elevado consumo de carne (aqui) que se tem verificado em todo o mundo desde que os anos 50 do século XX, desde que se iniciou a produção em larga escala e as suas consequências não só para a saúde dos seres humanos mas também para planeta.



    Valeria a pena abordar os efeitos da produção mundial de carne, na perda de diversidade genética animal, no uso da água, na destruição das florestas, na utilização de herbicidas, de antibióticos, no desaparecimento dos pastores e pequenos produtores, no desaparecimento dos talhos a favor das grandes cadeias de supermercados, no uso de fundos públicos para subsidiar a produção animal, na concentração corporativa de toda a fileira da produção animal e tudo o que isso significa para a saúde pública.




    Em conclusão vale a pena reduzir o consumo de carne vermelha e de produtos processados industrialmente preferir uma dieta mediterrânica equilibrada, e mobilizarmo-nos para alterar a "causa das causas".


    Nota: Os peritos da IARC concluíram que por cada 50 gramas de carne processada ( ex: 2 fatias de bacon) aumentava em 18% o risco de cancro retal.  O que significa que se cerca de 7% dos homens e 5% das mulheres desenvolverem cancro do colón e reto ao longo da sua vida, tendo em conta o risco absoluto, um aumento de 18% no risco relativo significaria que mais 1 pessoa em cada cem desenvolveria um cancro se cada pessoa desse grupo comesse 50 gramas de carne processada todos os dias.