quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A SAÚDE DOS HOMENS - DESIGUALDADES DE GÉNERO

O estudo Global Burden Disease 2010, atualizado em 2013 conduzido pelo “Institute for Health Metrics and Evaluation” da Universidade de Washington, mostrou que no período de 1970 a 2013, as mulheres tiveram uma esperança de vida mais longa do que os homens, 6.6 anos para as mulheres e 5.8 para os homens. Durante os 40 anos analisados o sexo feminino viu aumentar a sua esperança de vida ao nascer de 61.2 anos para 73.3 anos, enquanto a esperança de vida ao nascer nos homens passou de 56.4 anos para os 67.5 anos, aumentando assim a diferença na esperança de vida ao nascer entre os sexos com desvantagem para os homens, situação que se agravou nos últimos 3 anos, à conta da situação na Coreia do Norte e no Ruanda.



Por volta de 2010, de acordo com os dados conhecidos para a população mundial, as mulheres viviam em média mais seis anos do que os homens. Na região com a menor esperança de vida ao nascer, a África Central subsaariana os homens viviam em média menos 5.3 anos menos que as mulheres e na Europa Oriental, a região onde se verificava a maior diferença na esperança média de vida entre sexos, as mulheres da Federação Russa viviam em média mais de 11,6 anos do que os homens.

Na União Europeia (EU28) a diferença na esperança de vida à nascença é favorável às mulheres em 5.5 anos,variando entre os 11.1 anos da Lituânia e os  3.7 anos do Reino Unido e da Holanda e os 3.5anos da Suécia. A diferença entre os sexos é menor quando se olha para a esperança de vida na idade de 65. As mulheres com 65 anos em 2013 na UE-28 tinham uma esperança de vida de 21,3 anos, enquanto os homens tinham 17,9 anos, portanto, uma diferença de 3,4 anos.

O que explica então esta disparidade entre homens e mulheres?

Apesar de em muitas sociedades, os homens usufruírem no geral de mais oportunidades, privilégios e poder do que as mulheres, essas múltiplas vantagens não se traduzem em melhores resultados de saúde. Então como se explicam estas disparidades? De acordo com a avaliação realizada pelo UCL Institute of Health Equity e revisto por Michael Marmot “Review of social determinants and the health divide inthe WHO European Region:final report” os piores resultados encontrados para a esperança de vida à nascença dos homens refletem vários fatores “ greater levels of occupational exposure to physical and chemical hazards, risk behaviours associated with male lifestyles, health behaviour paradigms related to masculinity and the fact that men are less  likely to visit a doctor when they are ill and are less likely to report on the symptoms of disease or illness”.

Também no que refere aos comportamentos de risco, homens e mulheres têm distribuições diferentes. Em 2010 no estudo Global Burden Disease, de 67 fatores de risco e grupos de fatores de risco identificados, 60 foram responsáveis por maior mortalidade nos homens do que nas mulheres e os 10 principais fatores de risco foram mais comuns entre os homens. Em 2010, 3,14 milhões de homens e 1,72 milhões de mulheres morreram de causas ligadas ao uso excessivo de álcool, para muitos homens, o consumo excessivo de álcool está ligado a noções de masculinidade num recente estudo realizado em homens russos os autores confirmam que “  this study showed that the construction and performance of Russian masculine identity is entwined with heavy drinking and that heavy drinking in all-male groups (especially with work colleagues and in young adulthood) was seen as routine, expected behaviour. All-male drinking occasions had a social function (particularly among young men) because they fostered male camaradeie and identity, and strong social and work bonds…increased social participation is likely to have various (potentially offsetting) influences on health behaviours, but in the context of Eastern Europe male sociability appears associated with higher levels of alcohol use driven by the norms of masculine behaviour…the all-male context of heavy drinking contrasts with Western European countries where drinking is more likely to take place in more gender-neutral contexts such as restaurants and the home”.

Finalmente, e no que se refere ao trabalho, são conhecidas as diferenças entre homens e mulheres no que se refere a morbidade e mortalidade. Em 2010, quase 750 000 homens morreram de causas relacionadas com o trabalho, em contraste com pouco mais de 102 000 mulheres. Na Europa, 95% dos acidentes mortais e 76% dos acidentes não mortais ocorrem no local de trabalho e são experimentados por homens.


Para mais informação consultar "The State of Men’s Health in Europe" 

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