Mostrar mensagens com a etiqueta CHOCOLATE. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta CHOCOLATE. Mostrar todas as mensagens

sábado, 15 de abril de 2017

CHOCOLATE NA PÁSCOA - MAS LIVRE DE ESCRAVATURA

Ao longo do século XX o chocolate transformou-se num negócio de bilhões de dólares. Em 2016 o negócio terá atingido 98.3 bilhões de dólares, prevendo o “ Global Industrial Chocolate Market” (aqui) publicado no início de 2017 uma taxa de crescimento anual de 3% para o período de 2017 a 2021.

Para alimentar a fabricação de chocolate, são produzidas anualmente cerca de 3.5 milhões de toneladas de cacau, 75% das quais no continente africano, a maior parte delas na Costa do Marfim (37%), no Gana (19%), na Nigéria (15%) e nos Camarões (7%), produzido por 5 a 6 milhões de produtores de cacau em todo o mundo e processados a nível mundial por quatro grandes multinacionais, a Barry Callebau, a Blommer Chocolate, a Cargill e a CÉMOI Group.

De acordo com as organizações não-governamentais como a “Slave Free Chocolate”, a Organização Internacional do Trabalho (aqui) ou a Universidade de Tulane (EUA) cerca de 2 milhões de crianças correm o risco de serem escravizadas na Costa do Marfim e no Gana, ao mesmo tempo que os pequenos produtores de cacau estão presos a profundos ciclos de pobreza, ganhando cerca de 0.24 a 0.48 euros por dia. Apesar de existirem leis internacionais que proíbem o trabalho escravo e o trabalho escravo infantil e dos maiores produtores de chocolate terem acordado em 2001 estabelecer um protocolo (Harkin-Engel) para acabarem até 2005 com a utilização de cacau proveniente de explorações que utilizassem trabalho escravo e trabalho escravo infantil, a situação mantém-se.
Num mercado dominado pela Mars, pela Mondeléz, pela Ferrero, pela Meiji e pela Nestlé (aqui), em 2002 o jornalista holandês Teun Van Keuken durante um trabalho de investigação sobre o trabalho escravo na produção de cacau e tendo verificado que nenhum dos grandes produtores internacionais estavam a aplicar Protocolo Harkin-Engel e a respeitar os acordos celebrados em 2001 que tinha como objetivo a eliminação do trabalho escravo em 2005, decidiu tomar uma decisão desconcertante, processar-se a si próprio por cumplicidade com a escravatura, fato importante num país onde o cacau e o chocolate desempenham um papel fulcral na sociedade holandesa desde que no século XIX os holandeses descobriram o processo de separação da manteiga de cacau a partir do grão de cacau tornando Amesterdão no maior porto do mundo no comércio de cacau e aquele país no maior importador mundial de cacau e no 2.º maior da indústria de processamento de cacau.

Teun (Toni) comeu algumas tabletes de chocolate e de seguida entregou-se às autoridades como cúmplice de crime de escravatura, mas o Ministério Público holandês não o iria processar. Toni não desistiu e foi à procura de testemunhas vítimas do consumo de chocolate, encontrou 4 meninos que trabalharam como escravos numa fazenda de cacau na Costa do Marfim e se dispuseram a testemunhar contra si e outros 2.136 consumidores de chocolate que entretanto se tinham juntado a Toni no seu processo. Em 29 de novembro de 2005, quando ainda aguardava a decisão do juiz, Toni decidiu dar o exemplo e fazer 5.000 tabletes de chocolate de Comércio Justo, tinha nascido a Tony´s Chocolonely (aqui).

Hoje a Tony´s Chocolonely tem 5% da quota de mercado na Holanda, expandiu a sua atividade para os Estados Unidos e está entre as marcas de chocolate que praticam comércio justo (aqui). 

sexta-feira, 11 de março de 2016

PÁSCOA - CHOCOLATE - TRABALHO ESCRAVO - TRABALHO INFANTIL

Os ovos têm estado associados desde sempre à fertilidade, ao renascimento e ao início, tendo a cultura cristã contribuindo para a sua associação à festa da Páscoa. A partir do século XIX a indústria passou a produzi-los em chocolate, primeiro em chocolate negro maciço e mais tarde em chocolate fino depois da descoberta holandesa que permitiu a separação de manteiga de cacau a partir do grão de cacau em 1828 e a introdução de um cacau puro pela Cadbury Brothers em 1866. 

Company
Net Sales 2015 (US$ millions)
Mars Inc (USA)
18,400
Mondelēz International (USA)
16,691
Nestlé SA (Switzerland)
11,041
Ferrero Group (Luxembourg / Italy)
9,757
Meiji Co Ltd (Japan)
8,461*
Hershey Co (USA)
7,422
Chocoladenfabriken Lindt & Sprüngli AG (Switzerland)
4,171
Arcor (Argentina)
3,000
Ezaki Glico Co Ltd (Japan)
2,611*
Yildiz Holding (Turkey)
2,144
 Reference:
Candy Industry, January 2016

Com a industrialização do Chocolate no século XX o consumo em massa iniciou-se a partir da I Guerra Mundial, passando a Páscoa a ser uma das principais ocasiões em que a indústria do chocolate mais aposta, pelo menos em algumas regiões onde este hábito se tornou mais frequente, a exemplo do Reino Unido cada criança pode receber no período da Páscoa até 2,5 kg de ovos de chocolate no período da Páscoa (aqui) ou cerca de 71 euros em ovos de chocolate (aqui). Mesmo em Portugal (aqui), país onde se consome menos chocolate do que no Reino Unido, 1.7 Kg por pessoa contra 7.6 Kgs no Reino Unido é habitual oferecer chocolate e ovos de chocolate pela época da Páscoa que agora se avizinha.
Mas quando comprar chocolate para oferecer lembre-se de alguns fatos:

Apesar de existirem leis internacionais que proíbem o trabalho escravo e o trabalho escravo infantil e dos maiores produtores de chocolate terem acordado em 2001 estabelecer um protocolo para acabarem até 2005 com a utilização de cacau proveniente de explorações que utilizassem trabalho escravo e trabalho escravo infantil, um recente trabalho da Universidade de Tulane para US Department of Labour e para Organização Internacional do Trabalho estimou que “ almost 96 percent of the 2.12 million child laborers in cocoa production inthe two countries were involved in hazardous work in the 2013/14 harvest season, representing a 13 percent increase from the 2008/2009season. Despite these increases, children working in cocoa productionwere less likely to be exposed to multiple hazards in 2013/14 than in2008/09. Also, the number of children working in cocoa attending school rose from 59 percent to 71 percent in Côte d’Ivoire and from 91 percent to 96 percent in Ghana.
Em 2015 o Tribunal Supremo dos Estados Unidos deu como procedente queixas contra 3 dos principais produtores mundiais, Mars, Nestlé e Hershey por continuarem a “ turna blind eye" to human rights abuses by cocoa suppliers in West Africa while falsely portraying themselves as socially and ethically responsible.”

Se na Páscoa oferecer chocolates saiba quem são as grandes marcas que continuam a utilizar trabalho escravo (aqui) e as marcas éticas aqui)






domingo, 28 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O AMARGO DOCE DO CHOCOLATE - DESIGUALDADES SOCIAIS – ESCRAVATURA – TRABALHO INFANTIL

Ao longo dos últimos 100 anos o chocolate transformou-se num negócio de 110 bilhões de dólares americanos. Todos os anos são produzidas cerca de 3.5 milhões de toneladas de cacau, 75% das quais no continente africano, a maior parte delas na Costa do Marfim (37%), no Gana (19%), na Nigéria (15%) e nos Camarões (7%). Mas se a grande maioria da produção de cacau se produz em África, esta apenas consome 3% do chocolate produzido no Mundo e a maioria dos milhares de pequenos agricultores africanos,entre os quais 200.000 crianças, nunca provaram o gosto do chocolate.


Num mercado controlado em cerca de 40% pela Mars, pela Mondelez e Nestlé, os pequenos agricultores são forçados a receber apenas 3.5% a 6.4% de uma barra chocolate. 
Cocoa-nomics & Chocolate - CNN Freedom Project