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quinta-feira, 12 de setembro de 2019

O ESTADO DAS DESIGUALDADES EM SAÚDE NA EUROPA - HEALTH EQUITY STATUS REPORT - OMS 2019


Foi publicado ontem, 10 de setembro, o primeiro relatório da Região Europeia da Organização Mundial de Saúde(OMS) (aqui) sobre o estado da Equidade em Saúde na região.

O relatório intitulado “Healthy, prosperous lives for all: the European Health Equity Status Report” apresenta as principais conclusões sobre o estado atual da saúde na região europeia da OMS e as suas principais desigualdades:

·         No que se refere à esperança de vida à nascença, embora esta tenha aumentado em termos globais de 76,7 em 2010 para os 77,8 em 2015, tendo-se fixado nas mulheres em 82 anos e nos homens em 76,2 anos, continuam a existir desigualdades significativas entre os diversos grupos sociais, constatando-se que uma mulher dos grupos sociais mais desfavorecidos possa ver reduzida a sua esperança de vida até 7 anos e um homem de um grupo mais desfavorecido a sua esperança de vida até 15 anos, quando comparados com os grupos sociais mais favorecidos;
·         Quase o dobro dos 20% mais pobres descrevem doenças que limitam sua a capacidade para executar as atividades diárias, em comparação com as dos 20% mais ricos;
·         Em 45 dos 48 países da região europeia da OMS que forneceram dados, as mulheres e os homens com menor número de anos de escolaridade referiram que o seu estado de saúde era fraco ou razoável em comparação com mulheres e os homens com mais anos de escolaridade;
·         O local onde se habita, influencia quanto tempo se vive e quão bem se é capaz de viver: os resultados mostraram que em quase 75% dos países estudados, as diferenças na esperança de vida à nascença entre as regiões mais e menos favorecidas não mudaram na última década e, em alguns casos, pioraram.
·         Nas áreas mais desfavorecidas sobrevivem menos 4% de crianças no final do 1º ano de vida em comparação com as crianças nascidas nas áreas mais ricas.
·         O fosso em saúde entre grupos socioeconómicos mais pobres e mais ricos aumentam à medida que as pessoas envelhecem: mais de 6% de raparigas e mais de 5% dos rapazes relatam mais problemas de saúde nas famílias menos abastadas em comparação com as mais abastadas. Essa diferença aumenta para 19% nas mulheres e 17% nos homens durante a idade ativa, e atinge o pico entre as pessoas com 65 anos ou mais, com 22% para as mulheres e 21% para os homens.
·         A má condição de saúde dos que tem menos recursos económicos e sociais prediz um maior risco de pobreza e de exclusão social, a perda de uma vida independente e um rápido declínio da saúde.

O Relatório “Healthy, prosperous lives for all: the European Health Equity Status Report” também identificou grupos novos e emergentes com risco de cair nas desigualdades em saúde. Estes incluem, por exemplo, os jovens que abandonam a escola antes do final da escolaridade obrigatória, uma vez que correm maior risco de problemas de saúde mental e pobreza devido a mercados de trabalho inseguros e maior exposição a períodos frequentes de desemprego.

Aqueles que vivem com uma doença que limita as suas atividades diárias estão desproporcionalmente representados nos 20% mais pobres. As doenças incapacitantes reduzem a capacidade de permanecer no mercado de trabalho e aumentam o risco de pobreza e de exclusão social. Essa perda maciça de potencial humano afeta a sustentabilidade fiscal dos países, devido à perda de receitas fiscais e ao aumento dos custos de segurança social.

O Relatório identifica em seguida os 5 fatores críticos que explicam as desigualdades em saúde entre países e dentro dos países atribuindo a cada um deles uma % que reflete a sua contribuição para as desigualdades no geral.

Rendimento seguro e proteção social (35%)
Cerca de 35% das iniquidades em saúde resultam de “não conseguir sobreviver”. Este item inclui pessoas integradas no mercado de trabalho em tempo completo que lutam habitualmente para adquirir bens e serviços básicos necessários para viver uma vida digna, decente e independente; estes são os chamados trabalhadores pobres.

Condições de vida (29%)
Esse fator inclui questões como inacessibilidade ou indisponibilidade de habitação condigna, falta de comida e falta de combustível para aquecer a casa ou cozinhar uma refeição. Também se estende a bairros inseguros e à violência doméstica, à sobrelotação das habitações, às condições habitacionais (casas húmidas e insalubres) e a bairros instalados em zonas poluídos. Este fator corresponde a 29% das iniquidades em saúde.

Capital social e humano (19%)
Estes fatores, responsáveis por 19% das iniquidades em saúde, referem-se a sentimentos de isolamento, baixos níveis de confiança nos outros, à sensação de não ter ninguém para pedir ajuda, bem como sentimentos de ser menos capaz de influenciar as decisões políticas e mudar o rumo dos acontecimentos para melhor. Também incluem a violência contra as mulheres, a falta de participação na educação e falta de aprendizagem ao longo da vida.

Acesso e qualidade dos serviços de saúde (10%)
A incapacidade de fornecer em alguns países acesso universal a serviços de saúde de boa qualidade e, ou, os elevados níveis de pagamentos diretos para a saúde (Out-of-pocket payments) são responsáveis por 10% das iniquidades em saúde. Os Pagamentos diretos podem forçar as pessoas a escolher entre usar serviços essenciais de saúde ou atender a outras necessidades básicas.

Emprego e condições de trabalho (7%)
A incapacidade de participar plenamente no mercado de trabalho, afeta a qualidade de vida do dia-a-dia e as oportunidades na vida a longo prazo, responde por 7% das iniquidades em saúde. A qualidade do emprego é igualmente importante, pois empregos inseguros ou temporários e más condições de trabalho têm um efeito igualmente negativo sobre a saúde.

O relatório termina identificando 5 condições concretas para promover a equidade em saúde, permitindo que os cidadãos europeus possam alcançar uma boa saúde e conseguirem ter uma vida decente e segura:
·         Acesso universal a serviços de saúde acessíveis e de qualidade; 
·         Um rendimento seguro e proteção social;  
·         Condições de vida seguras e decentes;  
·         Construção de capital humano e social:  
·         Boas condições de trabalho e emprego;

O conjunto de políticas descritas no relatório que podem estimular o desenvolvimento sustentável e o crescimento económico, reduzindo as desigualdades em 50%, produziria benefícios financeiros para países que variam de 0,3% a 4,3% do produto interno bruto (PIB).

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

ESPERANÇA DE VIDA À NASCENÇA - DIVISÃO NORTE - SUL

A esperança de vida é maior a Ocidente da Europa do que no Centro e no Leste, menor no Norte dos países a Norte e menor nos países do Sul da Europa.(aqui)

A esperança de vida aumentou mais de 6 anos nos Estados membros da União Europeia desde 1990, passando de 74,2 anos em 1990 para 80.6 anos em 2015, mas continuam a existir desigualdades, tanto entre países como no interior deles.(aqui)
Na União Europeia por regiões, os TOP 10 das regiões com esperança de vida mais alta e mais baixa. (aqui)


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

GORDURAS TRANS - DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE

A imprensa de hoje dá a conhecer os resultados preliminares do estudo PtranSALT  a decorrer desde 2012 com o objetivo de avaliar os ácidos gordos TRANS, gordura saturada e sal nos alimentos processados em Portugal. As conclusões agora apresentadas apontam para a redução das gorduras TRANS nos alimentos analisados e para a manutenção de teores elevados de gorduras saturadas e de sal. As gorduras TRANS são um tipo de gorduras insaturadas (naturais ou industriais) associadas ao aumento significativo de doença arterial coronária (OMS/FAO indicam que o seu consumo diário deve ser inferior a 1% da ingestão total de energia, o que equivale ao consumo de 2 gramas de gorduras TRANS por dia para uma pessoa que requeira uma dieta de 2.000 calorias/dia).
As gorduras TRANS são principalmente produzidas industrialmente(podem atingir 60%) através do processo de hidrogenação parcial de óleos e gorduras usadas na indústria. Na natureza são produzidas pelas bactérias do intestino dos ruminantes e podem se encontrar em pequena quantidade na carne e nos produtos lácteos dos bovinos, ovinos e caprinos.

Com base na evidência publicada e face à crescente consciência da opinião pública sobre os efeitos adversos do consumo de gorduras TRANS, aumentou a pressão sobre os fabricantes de alimentos na Europa, levando à reformulação dos seus produtos e à redução voluntária das gorduras TRANS. Como a maioria dos países europeus ainda não limitam o teor de gorduras TRANS nos alimentos, um grande número de produtos que contêm altos níveis gordura TRANS estão ainda disponíveis no mercado europeu. Estima-se que milhões de europeus continuem a consumir gorduras TRANS em níveis que aumentam significativamente o risco cardiovascular, afetando principalmente as populações dos países da Europa Oriental e da região dos Balcãs, onde muitos alimentos populares contêm grande quantidade de gorduras TRANS e e populações específicas como os adolescentes do sexo masculino, os estudantes universitários e as comunidades de baixo rendimento.

De acordo com o estudo " Addressing the Social Determinants of Noncommunicable Diseases" das Nações Unidas, as populações de baixo rendimento vivem em locais onde a oferta de lojas de fast-food é quatro vezes maior em comparação com áreas mais favorecidas, encontrando-se muitas deles em volta das Escolas das zonas mais desfavorecidas. Esta situação agrava-se face à menor capacidade de poder de compra destas populações, uma vez que ficam impedidas de comprar legumes e frutas frescas por terem preços mais elevados e por disporem de deficientes condições de habitação. Com baixos rendimentos, os problemas de funcionamento das suas habitações multiplicam-se, dificultando as capacidades de armazenamento e preparação de refeições saudáveis.

O que faz com que a par da regulação do consumo das gorduras TRANS, tal como realizou a Dinamarca em 2003 "Denmark became the first country to introduce regulatory limits on the trans-fat content of foods sold. The Order imposed a maximum of 2 percent TFA in oils and fats destined for human consumption. Labelling was deemed insuficient to protect consumers, especially children or those regularly consuming fast foods ... A 2013 systematic review on trans-fats regulations worldwide concluded that national bans, such as that of Denmark, “virtually eliminated TFAs from the food supply”. Considerations for actors outside the health sector: Regulation of trans-fat is a simple and efective strategy to combat the components of unhealthy diet by changing the food environment. The strategy in Denmark is efective because it almost completely removes the harmful substance" se desenvolvam medidas de combate às desigualdades sociais.