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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

EM 2017 - MELHORARAM TODOS OS INDICADORES QUE MEDEM A POBREZA, A DESIGUALDADE E EXCLUSÃO SOCIAL


O sítio da internet “Portugal Desigualatualizou recentemente os principais indicadores de desigualdade, pobreza e exclusão social obtidos a partir do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2018, e que incidiu sobre os rendimentos auferidos pelas famílias em 2017, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística no dia 30 de Novembro (aqui)(aqui).
No site “Portugal Desigual” o Professor Carlos Farinha Rodrigues, um dos mais importantes especialistas portugueses na em desigualdades e pobreza, escreve que a melhoria de todos os indicadores que medem as desigualdades em 2017 “ … traduzem uma melhoria relevante da condição social do país e traduzem uma redução dos principais indicadores de pobreza, desigualdade e exclusão social. Tal deve-se em grande medida à recuperação económica do país, ao crescimento económico e à queda do desemprego. Mas deve-se igualmente a uma preocupação acrescida das políticas públicas com as questões sociais, com a preocupação de priorizar o crescimento dos rendimentos das famílias de menores rendimentos e ao reforço das políticas sociais expressas, por exemplo, no aumento do salário mínimo ou das prestações sociais direcionadas à população de menores rendimentos.

O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, agora publicado, mostrou que a incidência da pobreza atingiu, em 2017, 17,3% da população total, o valor mais baixo desta taxa desde que o INE a começou a publicar anualmente em 1995, e um ponto percentual (p.p.) abaixo do seu valor em 2016 (18,3%, e, que todos os índices de desigualdade registaram uma diminuição em 2017: o coeficiente de Gini desceu de 33,5% para 32,6% e o indicador que mede a distância dos rendimentos entre os 20% mais ‘ricos’ e os 20% mais ‘pobres’ diminuiu de 5,7 para 5,3

O inquérito mostrou ainda que há menos pessoas em privação material, uma vez que a taxa de privação material severa baixou de 6,9% para 6,0%.

As transferências sociais, nomeadamente as relacionadas com a doença e a incapacidade, a família, o desemprego e a inclusão social, diminuíram o risco de pobreza em 5,4 p.p., sensivelmente o mesmo impacto verificado no ano anterior (5,3 p.p.). Ou seja, sem essas prestações sociais a taxa de risco de pobreza teria sido, em 2017, de 22,7%.



Apesar destas melhorias Portugal continua a ser um dos países com maior pobreza e com maiores níveis de desigualdade na Europa, onde os 10% de portugueses mais pobres ainda ganham 8,9 vezes menos do que os 10% mais ricos e onde 1,7 milhões de portugueses continuavam em risco de pobreza e exclusão social em 2017.

No que se refere à incidência de pobreza segundo a condição de trabalho, os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2018 mostram que a população empregada em situação de pobreza diminuiu em 2017, fixando-se em 9.7%, enquanto a taxa de pobreza população em situação de desemprego atingiu 45,7% em 2017, refletindo “a permanência de uma proporção tão elevada de ‘working poors” as fragilidades do mercado de trabalho português de acordo com o “Portugal Desigual”

domingo, 13 de maio de 2018

HABITAÇÃO E SAÚDE - EM 2017 DIMINUIU A POPULAÇÃO COM SOBRECARGA DE DESPESAS EM HABITAÇÃO


O INE divulgou, em 07 de maio, os resultados definitivos do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, referente a 2017 (aqui), destacando que a privação habitacional severa (condições da habitação que corresponde à proporção de pessoas que viviam em 2017 num alojamento sobrelotado e que referiram pelo menos um dos seguintes problemas: a) inexistência de instalação de banho ou duche no interior do alojamento; b)inexistência de sanita com autoclismo, no interior do alojamento; c) teto que deixa passar água, humidade nas paredes ou apodrecimento das janelas ou soalho; d) luz natural insuficiente num dia de sol) diminuiu 2.5% entre 2016 e 2017, reduzindo-se principalmente nos agregados familiares com menores rendimentos.
O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento 2017 mostra ainda uma evolução positiva da taxa de sobrecarga das despesas em habitação, que atingiu 6,7% da população em 2017 e uma redução da condição de sobrelotação em todas as classes de rendimento, registando contudo um impacto mais expressivo (menos 2,5%) nos agregados familiares com menores rendimentos.

Estes resultados sublinham a importância da habitação como um dos fatores relacionados com a saúde da população, e um dos elementos essenciais para a saúde pública. O acesso à habitação é um direito expressamente reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, já que todas as pessoas tem direito a um nível de vida que lhes garanta a saúde e o bem-estar, independentemente da sua condição.
"Continuar a Viver ou Os Índios da Meia-Praia"
A relação entre a habitação e a saúde pode-se explicar através de diferentes dimensões: pelos aspetos legais e económicos, pela importância que tem o acesso e a capacidade em manter a habitação e o risco de perdê-la; pelos aspetos emocionais, e sociais que as pessoas atribuem à sua casa e pelos aspetos relacionados com a sua localização, e ainda pelas características do seu bairro ou da sua vizinhança, saneamento básico, espaços verdes e segurança (aqui).

De acordo com a análise do Professor Carlos Farinha Rodrigues, para o projeto "Portugal Desigual" da Fundação Manuel dos Santos (aqui), os dados mais recentes publicados pelo INE confirmam o ciclo descendente da generalidade dos indicadores de pobreza e desigualdade verificado desde o período mais severo da crise económica e das políticas de austeridade, verificando-se no entanto, que muitos indicadores ainda estão aquém dos valores pré-crise, como é o caso da taxa de pobreza que em 2016 atingiu os 18.3%, mas ficou ainda acima do seu valor de 17,9% em 2008/09.







domingo, 11 de março de 2018

O TRANSPORTE COMO DETERMINANTE DE SAÚDE - EM PORTUGAL (2017) 800.000 CONSULTAS FICARAM POR FAZER DEVIDO AO CUSTO DO TRANSPORTE


Um estudo recente desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA-IMS), da Universidade Nova de Lisboa, apresentado na 7ª conferência Abbvie/TSF/DN, no Centro Cultural de Belém no passado dia 06 de Março, concluiu que no ano de 2017, 793.142 consultas e 169.704 meios complementares de diagnóstico ficaram por realizar devido aos custos com transportes. (aqui)

Este estudo confirma as conclusões de um estudo de revisão publicado no Journal of Community Health em 2013, onde se conclui que “… the evidence supports that transportation barriers are an important barrier to healthcare access,particularly for those with lower incomes”, e sublinha a importância do transporte com determinante de saúde e em particular o transporte público como chave para as deslocações de média e longa distância verificada por Michael Marmot e Richard Wilkinson no capítulo 7 do livro "Social Determinants of Health" (aqui)(aqui). A Organização Mundial de Saúde considera os determinantes sociais da saúde como os fatores que impactam a saúde e o bem-estar: as circunstâncias em que nascemos, crescemos, vivemos, trabalhamos e envelhecemos (aqui).

Em Portugal de acordo com o Inquérito às Despesas das Famílias 2015/2016 publicado em 2017 pelo Instituto Nacional de Estatística, as despesas com o transporte representam 14.7% da despesa média das famílias portuguesas (aqui).

sábado, 2 de dezembro de 2017

EM 2016 - PORTUGAL A TAXA DE RISCO DE POBREZA BAIXOU PARA NÍVEIS INFERIORES A 2011

Na semana em que a OCDE publicou a 4.ª edição do “How's Life? 2017” (em português «Como vai a Vida?2017») documento que faz parte do “OECD Better Life Initiative” e que avalia o “Bem-estar” em 41 países o INE publicou os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2017 sobre rendimentos do ano de 2016 (aqui), que revela uma diminuição do risco de pobreza em 2016 e uma diminuição do coeficiente de Gini, coeficiente que reflete as diferenças de rendimentos, para valores abaixo do início da crise financeira mundial que entrou no país em 2009.

O inquérito mostrou ainda que há menos pessoas em privação material (18,0%, que compara com 19,5% em 2016) e em privação material severa (6,9%, que compara com 8,4% em 2016). Resultado que no entender de Carlos Farinha Rodrigues, coordenador científico do Observatório das Desigualdades do CIES-IUL, resulta da descida da taxa de desemprego, que recuou para os valores pré-crise, e da reposição dos rendimentos das famílias.(aqui)

Apesar destas melhorias Portugal continua a ser um dos países da OCDE com elevados níveis de desigualdade vertical na satisfação coma vida e com os salários, “For example, the top 10% of earners make on average almost 4 times more than the bottom 10%”.

De acordo com “How's Life? 2017” o rendimento doméstico disponível em 2016 encontrava-se ao nível de 2005, e depois de ter melhorado ligeiramente entre 2006 e 2010, caiu fortemente em 2011-12.

Também no que se refere ao risco de pobreza e de exclusão social o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2017 mostrou uma redução na população em situação de “pobreza e exclusão”, 23,3% da população em 2017, contra 25,1% em 2016 e 27,5% em 2014.


Apesar desta melhoria, 2,4 milhões de portugueses continuavam em risco de pobreza e exclusão social em 2016, subsistindo os baixos salários e a precariedade laboral mantendo-se em 11% a taxa de trabalhadores pobres.

domingo, 13 de novembro de 2016

ENTRE 2013 - 2014 - OS PORTUGUESES DE MAIS DE 65 ANOS PERDEM 3 ANOS DE VIDA SAUDÁVEL

A recente atualização dos “ Indicadores Essenciais de Saúde Europeus – European Core Health Indicators” no início do mês de Novembro, deu a conhecer um indicador “inesperado” para as autoridades de saúde portuguesas (aqui), o indicador relativo aos anos de vida saudável (ou "esperança de vida sem incapacidades") que indica o número de anos que uma pessoa pode esperar viver sem sofrer de incapacidades.

O indicador "Anos de Vida Saudável" (HLY - Healthy Life Years) faz parte do principal painel de indicadores estruturais europeus, e é utilizado para: analisar a saúde como fator económico e de produtividade; introduzir o conceito de qualidade de vida; avaliar a empregabilidade dos trabalhadores mais velhos; acompanhar os progressos realizados em termos de acesso, qualidade e sustentabilidade dos cuidados de saúde e é calculado a partir das tábuas da mortalidade e dos dados da limitação da atividade avaliados no EU-SILC do Eurostat (Inquérito às Condições de Vida e Rendimento das Famílias (EU-SILC) é realizado em Portugal desde 2004).(aqui)
ECHI Data Tool
Os dados agora publicados indicam uma retrocesso no indicador "Anos de Vida Saudável" entre os anos de 2013 e 2014 de cerca de 3 anos para ambos os sexos (de 9.3 anos para 5.6 anos nas mulheres (-3.7) e de 9.9 anos em 2012, para 9.6 anos em 2013 e 6.9 nos homens (-3), apontando para uma avaliação negativa realizada pelas pessoas com mais de 65 anos quando questionadas acerca do seu estado de saúde e do acesso aos serviços de saúde (De uma maneira geral, como considera o seu estado de saúde? Tem alguma doença ou problema de saúde prolongado? Tem há 6 ou mais meses as suas capacidades limitadas para fazer atividades consideradas habituais para a generalidade das pessoas, devido a um problema de saúde? Durante os últimos 12 meses, necessitou realmente de consultar um médico/dentista, fazer um exame ou um tratamento médico/tratamento dentário e se não o fez, Qual a principal razão para não ter efetuado a consulta médica, o exame ou o tratamento?) (aqui).

De certeza que necessitamos de mais estudos e investigação sobre o efeito dos determinantes sociais sobre a saúde das pessoas, vivamos sobre crise económica e financeira ou não, mas o que já não entendemos é como que as autoridades de saúde portuguesas são “apanhadas de surpresa” uma vez que os dados agora publicitados são tratados e recolhidos pelo INE.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

2,4 MILHÕES DE PORTUGUESES INCAPAZES DE MANTER AS SUAS CASAS AQUECIDAS - SAÚDE E POBREZA ENERGÉTICA

Em 2015, de acordo o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado pelo INE, 1 em cada 4 pessoas (24%) vivia em Portugal em agregados familiares sem capacidade para manter a casa aquecida adequadamente. (Aqui

Estes 2,4 milhões de portugueses fazem parte dos 50 a 125 milhões de cidadãos da União Europeia que vivem em pobreza energética. (famílias que têm de consagrar mais de 10% dos seus rendimentos à eletricidade e ao aquecimento, definição da OMS), ficando expostos aos efeitos do frio sobre a saúde. (Aqui)



De acordo com a evidência publicada são os mais pobres e em particular os mais velhos (especialmente os que têm idade superior a 85 anos) que são os mais propensos a terem em simultâneo as casas mais frias e húmidas e a menor capacidades para as manterem aquecidas, gerando condições propícias ao agravamento da sua condição de saúde. (Aqui)

              EFEITOS DA TEMPERATURA SOBRE A SAÚDE 
Temperatura interior
Efeito
21  ̊ C
Temperatura recomendada no interior da habitação
18  ̊ C
Temperatura interior mínima sem risco para a saúde, embora se possa sentir frio.
Abaixo de 16  ̊ C
A resistência às doenças respiratórias pode estar diminuída
9 – 12  ̊ C
Aumento da pressão arterial e do risco cardiovascular
5  ̊ C
Risco elevado de hipotermia




Em Portugal esta situação atinge proporções de grande dimensão uma vez que para além de mais de 2,4 milhões portugueses viverem em pobreza energética, mais de um milhão e duzentos mil idosos vivem sós ou em companhia de outros idosos, cerca 20% dos idosos vivem sozinhos (400 964) e cerca de 40% vivem com outros idosos. Em 2014, 49% dos idosos tinham 75 e mais anos. (Aqui)

sábado, 5 de dezembro de 2015

EXCESSO DE MORTALIDADE NO INVERNO - GRIPE OU POBREZA ENERGÉTICA

No passado dia 28 de Outubro o Instituto Nacional de Saúde, Ricardo Jorge, dava a conhecer os resultados reportados pelos países que participam na rede EuroMOMO (Rede European Monitoring Excess Mortality for Public Health Action), durante o inverno de 2015, que demonstraram um excesso de mortalidade, na população com 65 ou mais anos, em todos os países europeus que participam nesta rede, com exceção da Estónia e da Finlândia, estando Portugal entre os países mais atingidos, apontando as conclusões desse trabalho para que o excesso de mortalidade tenha ocorrido em simultâneo com a epidemia de gripe sazonal e um período de vagas de frio extremo. Conclusões que estão em linha com as posições públicas assumidas pelas autoridades portuguesas de saúde pública, Direção Geral de Saúde, que atribuiu o excesso de mortalidade no Inverno de 2015 à gripe, às doenças relacionadas com o frio e ao crescimento da população idosa e das suas próprias patologias.
Será esta a explicação, apenas uma parte da explicação, e, que peso terá no excesso de mortalidade ocorrida no Inverno?


% of households unable to afford to keep their home adequately warm
Constantino Sakellarides, emérito médico de saúde pública, põe o “dedo na ferida” em declarações ao jornal “O Público” (aqui) a quando da apresentação do estudo realizado para OMS Europa O impacto da crise financeira no sistema de saúde e na saúde em Portugal, cito “ Nos primeiros meses de 2012, um excesso de mortalidade associado à gripe e ao frio foi reportado em Portugal, tal como em muitos outros países europeus em pessoas com mais de 65 anos. No entanto, um excesso de mortalidade nas faixas etárias entre os 15 e os 64 anos apenas ocorreu em Portugal e em Espanha… «Como se explica esta diferença entre países? … Portugal tem uma das mais baixas capacidades de aquecimento das casas durante o Inverno no conjunto dos países europeus, o que pode ter influência na mortalidade”, é que há muito que Portugal apresenta excesso de mortalidade no inverno, sendo apontado como um paradoxo, uma vez que é o exemplo do país com um clima ameno no inverno que apresenta a maior variação sazonal da mortalidade 28% no trabalho de Healy em 2003 e 25.9% no trabalho de Fowler em 2014. 


Map of 9-year country-level EWDI in 31 European countries, grouped by quintiles of equal count.
O "paradoxo da mortalidade de inverno" explica-se afinal pela pobreza energética determinada por “baixos rendimentos, custos elevados de energia e falta de eficiência energética nas habitações”.
De acordo com o trabalho de Raquel Nunes, Portugal apresenta indicadores muito baixos no que se refere à qualidade energética das habitações, “ casas com paredes duplas (6%), isolamento do telhado (6%) e vidros duplos (3%) ” e uma elevada incapacidade para manter as casas aquecidas entre os agregados familiares com um adulto com mais de 65 anos, o que mostra que as pessoas idosas em Portugal estão em maior risco de sofrer os efeitos de viver em casas frias (OMS 2012).

De acordo com os estudos publicados (aqui) (aqui)as pessoas com menos rendimento, têm mais propensão a estar em "pobreza energética" ficando mais expostas a problemas de saúde, incluindo problemas circulatórios, respiratórios e a uma menor qualidade da saúde mental, de acordo com estudos ingleses “10% of excess winter deaths are directly attributable to fuel poverty and a fifth of excess winter deaths are attributable to the coldest quarter of homes”. A pobreza energética também pode afetar os determinantes mais vastos da saúde, tais como o desempenho escolar entre crianças e jovens, ou as ausências ao trabalho.

Portugal necessita que as autoridades de saúde ao invés de centrarem apenas as suas prioridades em torno da vacinação antigripal e do reforço do atendimento nos serviços de urgência, desenvolvam estudos que permitam conhecer a população em pobreza energética e influenciem políticas de combate à pobreza energética.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

EM PORTUGAL AS MULHERES VIVEM MAIS ANOS QUE OS HOMENS, MAS VIVEM MENOS ANOS COM SAÚDE.

Em Portugal no período de 2012-2014 a esperança de vida à nascença foi estimada em 80,24 anos para ambos os sexos, 77.16 para os homens e 83.03 anos para as mulheres, o que representa um ganho de 1.32 anos para os homens e de 1.16 para as mulheres, quando comparada com os resultados de 2007 – 2009. Entre os anos de 2007 – 2009 e 2012-2014, a diferença de esperança de vida entre homens e mulheres diminuiu de 6.03 anos para 5.87 anos.



Em 2013, de acordo com os dados do Eurostat a esperança de vida à nascença para homens e mulheres nos países da União Europeia era de 80.6 anos, ocupando Portugal a 8.ª posição nos países da UE28 na esperança de vida ao nascer no que se refere às mulheres e a 17.ª posição no que se refere aos homens. A Espanha é o país com maior esperança de vida feminina 86.1 anos, mais 2.1 anos que em Portugal e no caso dos homens a primeira posição é para a Itália com 80.3 anos, mais 2,7 que em Portugal.



No indicador número de anos vividos com saúde, para o ano de 2013, Portugal apresenta resultados acima do valor média da UE28, 63.9 anos para os homens contra 61.4 para UE28 e 62.2 para as mulheres contra 61.5 para UE28, ocupando respetivamente o 9.º lugar no ranking para os homens e o 14.º para as mulheres. No entanto e ao contrário do que acontecia com o indicador a esperança de vida ao nascer em que as mulheres apresentavam um ganho de 5.87 anos em relação aos homens, o número de anos vividos com saúde é favorável aos homens em 1.7 anos.


Consultar Estatísticas Demográficas 2014, INE (aqui)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

TABACO E DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE - OS FACTOS

O tabagismo é um dos mais importantes fatores de risco modificáveis para os resultados em saúde e uma das principais causas de doença e de morte.


A nível mundial o consumo do tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública mundial, matando cerca de 6 milhões de pessoas por ano. Mais de 5 milhões dessas mortes são resultado direto do consumo do tabaco, enquanto mais de 600.000 são o resultado de exposição passiva ao fumo do tabaco.

Destes quase 80% do bilhão de fumadores do mundo vivem em países de renda baixa ou média. Nestes países a carga de doenças e de mortes relacionadas com o tabaco é enorme, provocando morte prematura entre os fumadores, aumentando os custos em saúde, privando as suas famílias de rendimentos e prejudicando o desenvolvimento económico.

Como se isto não fosse suficiente, em muitos países as crianças são utilizadas para trabalhar nas explorações de tabaco, para melhorar os rendimentos familiares, ficando expostas à doença do “tabaco verde” que é causada pela nicotina que é absorvida através da pele a partir do tratamento das folhas de tabaco e a indústria tabaqueira dirige o seu marketing e publicidade para os grupos populacionais de mais baixos rendimentos, para os sem-abrigo, para os grupos minoritários e para os mais jovens, de que é exemplo o projeto SCUM (sub-culture urban marketing) da R. J. Reynolds dirigido aos sem-abrigo e à comunidade LGBT.



Também nos países industrializados (de renda alta) o consumo do tabaco é um bom exemplo das disparidades no consumo do tabaco e das desigualdades em saúde. Ao longo dos últimos anos ficámos a conhecer a distribuição dos consumidores para além da sua relação com a idade, o sexo, a raça, a etnia, o género ou o estado de saúde mental. Diversos estudos (aqui) e (aqui) demonstraram uma maior prevalência do consumo do tabaco, entre os grupos de população com menor escolaridade, entre os trabalhadores menos qualificados e com profissões com menor autonomia.

Infelizmente em Portugal continuamos sem dispor de informação que relacione a prevalência do consumo do tabaco com a ocupação profissional e o rendimento. 

domingo, 18 de outubro de 2015

A POBREZA COMO DETERMINANTE SOCIAL DA SAÚDE

No dia 16 de Outubro o INE divulgou os resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento referente ao último ano disponível, 2013, demonstrando que a proporção de pessoas em risco de pobreza em Portugal tem aumentado desde 2009, passando 17.9% em 2009 para 25.9% em 2013, agravando-se de 2012 para 2013.
Inquérito às Condições de Vida e Rendimento - INE

Pela primeira vez em Portugal o INE apresenta alguns dados que relacionam a pobreza e a privação material com a saúde dos cidadãos donde se conclui que “ … o risco de pobreza em 2013 para as pessoas que referiram algum tipo de limitação foi de 21.5% superior à população em geral. Por outro lado verificou-se que as dificuldades financeiras foram a principal razão para a não satisfação dos cuidados de saúde”.
Inquérito às Condições de Vida e Rendimento - INE

Estes resultados confirmam não só o fenómeno largamente estudado de que os pobres têm pior saúde de que os ricos, mas também de que a saúde segue um gradiente social, isto é, que aqueles que estão abaixo de um nível social mais alto têm pior saúde do que aqueles que lhe estão acima, o que significa que com o aumento da pobreza e das desigualdades verificadas nos últimos anos a saúde dos portugueses deteriorar-se-á.

Mas não será só a saúde dos portugueses que piorará, também a sociedade no seu conjunto sofrerá uma vez que as desigualdades sociais provocam danos à coesão social. Tal como Tony Judt afirma no seu livro “ Ill Fare the Land” publicado em português como " Um tratado sobre os nosso actuais descontentamentos" aqueles lugares onde as desigualdades sociais são maiores é a própria natureza da sociedade que está em perigo.