O INE
divulgou, em 07 de maio, os resultados definitivos do Inquérito às Condições de
Vida e Rendimento, referente a 2017 (aqui), destacando que a privação
habitacional severa (condições da habitação que corresponde à proporção de
pessoas que viviam em 2017 num alojamento sobrelotado e que referiram pelo
menos um dos seguintes problemas: a) inexistência de instalação de banho ou
duche no interior do alojamento; b)inexistência de sanita com autoclismo, no
interior do alojamento; c) teto que deixa passar água, humidade nas paredes ou
apodrecimento das janelas ou soalho; d) luz natural insuficiente num dia de
sol) diminuiu 2.5% entre 2016 e 2017, reduzindo-se principalmente nos agregados
familiares com menores rendimentos.
O Inquérito
às Condições de Vida e Rendimento 2017 mostra ainda uma evolução positiva da
taxa de sobrecarga das despesas em habitação, que atingiu 6,7% da população em
2017 e uma redução da condição de sobrelotação em todas as classes de rendimento,
registando contudo um impacto mais expressivo (menos 2,5%) nos agregados familiares
com menores rendimentos.
Estes resultados
sublinham a importância da habitação como um dos fatores relacionados com a
saúde da população, e um dos elementos essenciais para a saúde pública. O
acesso à habitação é um direito expressamente reconhecido pela Declaração
Universal dos Direitos do Homem, já que todas as pessoas tem direito a um nível
de vida que lhes garanta a saúde e o bem-estar, independentemente da sua
condição.
"Continuar a Viver ou Os Índios da Meia-Praia" |
A relação
entre a habitação e a saúde pode-se explicar através de diferentes dimensões: pelos
aspetos legais e económicos, pela importância que tem o acesso e a capacidade
em manter a habitação e o risco de perdê-la; pelos aspetos emocionais, e sociais
que as pessoas atribuem à sua casa e pelos aspetos relacionados com a sua
localização, e ainda pelas características do seu bairro ou da sua vizinhança, saneamento
básico, espaços verdes e segurança (aqui).
De acordo com
a análise do Professor Carlos Farinha Rodrigues, para o projeto "Portugal Desigual" da Fundação Manuel dos Santos (aqui), os dados mais recentes publicados pelo INE
confirmam o ciclo descendente da generalidade dos indicadores de pobreza e
desigualdade verificado desde o período mais severo da crise económica e das
políticas de austeridade, verificando-se no entanto, que muitos indicadores
ainda estão aquém dos valores pré-crise, como é o caso da taxa de pobreza que
em 2016 atingiu os 18.3%, mas ficou ainda acima do seu valor de 17,9% em
2008/09.
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