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terça-feira, 3 de abril de 2018

ESTADOS UNIDOS - PATROCÍNIOS DESPORTIVOS PROMOVEM LIXO ALIMENTAR E BEBIDAS AÇUCARADAS

A edição de Abril da revista “Pediatrics” publica o estudo intitulado “Sports Sponsorships of Food and Nonalcoholic Beverages”, que revela que 76% dos anúncios exibidos (televisionados ou visualizados no Youtube) durante a realização de eventos desportivos profissionais em 2015 nos Estados Unidos, estavam ligados a produtos classificados como lixo alimentarjunk food” e que 52.4% dos anúncios relativos a bebidas não alcoólicas estavam ligados a bebidas açucaradas.

A investigação realizada por peritos do “Rudd Center for Food Policy & Obesity” da Universidade do Conncticut, revelou a importância dada aos produtos alimentares e às bebidas não alcoólicas durante os 10 eventos desportivos profissionais selecionados ‘ National Football League (NFL),Major League Baseball (MLB), National Hockey League (NHL), National Basketball Association (NBA), Fédération Internationale de Football Association (FIFA), National Collegiate Athletic Association (NCAA), National Association for Stock Car Auto Racing (NASCAR), Professional Golfer´s Association (PGA), Little League Baseball and Ultimate Fighting Championship (UFC).

Os dados das audiências fornecidos pelos Nielsen Ratings revelaram que os jovens entre os 02 e os 17 anos envolvidos no período de estudo (2015) assistiram a mais de 412 milhões de visualizações associadas aos programas desportivos das organizações anteriormente referidas e que mais de 234 patrocinadores foram associados aos 500 programas mais assistidos. Os Alimentos e bebidas não-alcoólicas foram a segunda categoria de publicidade mais visualizada (19%), atrás da categoria que integra os anúncios relacionados com automóveis por apenas 1% (20%).

Dos 173 casos em que alimentos foram anunciados, mais de 76% promoveram produtos classificados de “não saudável” pelas diretrizes do Nutrition Profile Model (NPM), com scores de NPM inferiores a 64, e nos 155 casos em que as bebidas não alcoólicas foram promovidas, cerca de 52% estavam ligados a bebidas açucaradas e apenas cerca de 21% estavam ligadas a bebidas não açucaradas, colas de dieta ou águas “ Full-calorie, regular soft drinks were the largest category of nonalcoholic beverages shown (N = 68, 43.9%), followed by diet soft drinks (N = 31, 20.0%) and sports drinks (N = 19, 12.3%). Plain water was featured 6 times (3.9%), no-calorie coffee was featured 3 times (1.9%), and milk wasfeatured 3 times (1.9%). PepsiCo products were featured most frequently (N =111, 69.0%), whereas its products’ logos were featured 48 times.”


O estudo termina concluindo que os resultados obtidos confirmam que as principais empresas de alimentos e bebidas promovem produtos não saudáveis, através do patrocínio dos diversos protagonistas envolvidos nos eventos desportivos profissionais. Milhões de jovens de todo o mundo são confrontados com a associação contraditória, entre o desporto e o lixo alimentar/ bebidas adoçadas difundidas por grandes marcas ligadas aos interesses da Big Food, chamando à atenção para a necessidade das organizações desportivas desenvolverem políticas de marketing com maiores preocupações de saúde, proibindo parcerias com empresas que promovam produtos classificados como lixo alimentar, ou bebidas não alcoólicas adoçadas e apelando para o envolvimento da comunicação social e da comunidade nos esforços para mudar as práticas atuais de patrocínio, dando como exemplo a decisão da McDonald´s terminar o patrocínio Olímpico no passado mês de Julho de 2017 (aqui), depois do Comité Olímpico Internacional ter sofrido fortes críticas por parte de diversas organizações interessadas na saúde pública.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

3 TRANSNACIONAIS DA CARNE - JBS, CARGILL E TYSON, PRODUZEM MAIS GASES DE EFEITO DE ESTUFA QUE A FRANÇA.

No passado mês de Novembro a Fundação Heinrich Böll, a GRAIN e a IATP deram a conhecer o valor das emissões de gases com efeitos de estufa emitidos pelas 20 maiores empresas mundiais de produção de carne e leite, colmatando a falta de informação nesta área, uma vez que poucas são as empresas de produção de carne e leite que publicam informação sobre as emissões de gases com efeito sobre o clima.

De acordo com os dados conhecidos e agora publicados, as 3 maiores multinacionais de produção de carne, a JBS,SA, a Cargill e a Tyson, emitiram no ano de 2016, mais gases com efeito de estufa que toda a França, e quase tanto como três das maiores companhias petrolíferas, a Exxon, a BP e a Shell.


No cômputo geral a totalidade dos gases emitidos pelas 20 principais empresas de produção de carne e leite, estaria ao nível das emissões produzidas pelo sétimo país do mundo, ultrapassando a totalidade das emissões de gases com efeito de estufado produzidos na Alemanha, o maior país emissor da Europa.

Ao longo das últimas décadas, as empresas de carne e leite cavalgaram políticas de incentivo à produção que tinham como preocupação a segurança alimentar mundial, tornando-se cada vez mais poderosas, contribuindo para a perda de diversidade genética animal, para o uso excessivo da água, para a destruição das florestas, para a utilização de herbicidas e de antibióticos, para o desaparecimento dos pastores e pequenos produtores, para o desaparecimento dos talhos a favor das grandes cadeias de supermercados, para o uso de fundos públicos para subsidiar a produção animal, e para a concentração corporativa de toda a fileira da produção animal com tudo o que isso significa para a saúde pública.

Mas a contrário da indústria petrolífera, a sua atividade tem passado incólume, longe do escrutínio público, sempre alavancada na necessidade de expandir a sua atividade para “matar a fome ao mundo”, sendo hoje responsável por quase 15% das emissões globais de gases de estufa, ultrapassando o setor mundial do transporte.

Quando se trata de carne as aparências iludem. O gado produz alguns dos gases mais perigosos para a mudança de clima, o metano e o óxido nitroso. No seu total o contingente mundial de gado é responsável pela produção de 15% destes gases, mais potentes do que o dióxido de carbono e mais nocivos para o ambiente. No que respeita à água vale a pena lembrar que 8% do seu uso mundial se destina ao cultivo de alimentos para o gado e que em todo o mundo se produzem cerca de 42 Kg de carne por pessoa. Produzidas em larga escala, em países onde a produção é altamente subsidiada, são depois exportadas para todo o mundo, provocando um elevado consumo de carne e produtos processados, pondo em risco a sobrevivência de milhares de agricultores e criadores de gado responsáveis por alimentar milhões de pessoas.


É tempo de impedir as transnacionais da Big Food de destruírem o clima e os sistemas alimentares tradicionais que munem as comunidades de uma base racional para as políticas que protegem a saúde pública.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

14-11 - DIA MUNDIAL DA DIABETES - MIRAR A DIABETES E OS SEUS DETERMINANTES

O Dia Mundial da Diabetes é celebrado desde 1991 por iniciativa conjunta da Federação Internacional da Diabetes e da Organização Mundial de Saúde (OMS), no dia 14 de Novembro, (data em que nasceu o Dr.  Frederick Banting, o principal investigador da insulina)tendo sido oficializado em 2006 pela Resolução 61/225 das Nações Unidas (aqui).


A Diabetes é uma doença crónica, com uma enorme carga e um peso crescente na carga de doença mundial, atingindo em 2015 cerca de 415 milhões de adultos em todo o mundo, o número que se prevê que possa crescer para 642 milhões em 2040.(aqui)


Com o crescimento da má nutrição e da inatividade física, num ambiente mundial obesogénico, em que os sistemas globais de alimentos são fortemente influenciados pelas empresas multinacionais de alimentos e bebidas (Big Food), com enorme poder e concentração de mercado, levando ao aumento da produção e consumo de produtos ultraprocessados de alta densidade calórica e de refrigerantes, mais pessoas estão em risco de ficarem obesas e diabeticas. (aqui)

Ciclo Sociobiológico da Diabetes

Para fazer face a esta situação não basta diagnosticar a diabetes, são necessárias desenvolver políticas públicas, em que incorporem determinantes de saúde como o crescimento económico, a redução das desigualdades sociais e da pobreza, a educação, o desemprego e o acesso aos serviços de saúde, só um melhor do conhecimento do ciclo sociobiológico da Diabetes ou das diversas vias que conduzem à Diabetes. (aqui)(aqui)

quinta-feira, 19 de maio de 2016

THE BIG FOOD - O IMPACTO DO CONSUMO DOS "ALIMENTOS" ULTRAPROCESSADOS NA SAÚDE DAS COMUNIDADES

Para entender o aumento da produção e consumo de produtos ultraprocessados como principais causadores da atuais pandemias de obesidade e de doenças crónicas (aqui),conforme comprovam os vários estudos publicados, que relacionam o consumo de produtos ultraprocessados com o ganho excessivo de peso e a resistência à insulina. (aqui)(aqui) (aqui)é necessário entender que quem governa os sistemas globais de alimentos são as empresas multinacionais de alimentos e bebidas, com enorme poder e concentração de mercado, conhecidas como “Big Food”, de acordo com a informação publicada pela PLoS Medicine series on Big Food, “ In the United States, the ten largest food companies control over half of all food sales and worldwide this proportion is about 15% and rising. More than half of global soft drinks are produced by large multinational companies, mainly Coca-Cola and PepsiCo. Three-fourths ofworld food sales involve processed foods, for which the largest manufacturer shold over a third of the global market. The world's food system is not a competitive marketplace of small producers but an oligopoly. What people eat isincreasingly driven by a few multinational food companies.”
Mas para além destas evidências encontradas é relevante sistematizar os problemas para a saúde motivados pelo consumo excessivo e desequilibrado de produtos ultraprocessados devido à má qualidade nutricional, associada a serem saborosos e quasi-aditivos, por imitarem os alimentos e mostrarem-se como falsamente saudáveis, por fomentarem o consumo de snacks, por serem anunciados e comercializados de forma agressiva, por serem social, cultural e ambientalmente destrutivos. (aqui) (aqui)(aqui)

Má qualidade nutricional
Os produtos ultraprocessados tem um alto valor calórico, possuem grandes quantidades de gordura, açúcar e sal, quantidades reduzidas de fibras alimentares, proteínas e micronutrientes. Geralmente têm uma carga glicémica alta e um elevado nível de gorduras saturadas e trans. A sua verdadeira natureza é dissimulada com o uso sofisticado de aditivos. Alguns destes são inócuos mas de outros não se conhecem a sua segurança.

Sabor e Adição
Os produtos ultraprocessados estão feitos para saciar os desejos de comida, são exageradamente apaladados, viciantes, promovendo a quasi-dependência. Certas características como o gosto e as propriedades são projetadas através de ciência dos alimentos e outras tecnologias, podendo distorcer os mecanismos de saciedade do sistema digestivo e do cérebro que controlam o apetite e causar consumo excessivo.




Imitam os alimentos e são vistos erradamente como saudáveis
Os produtos ultraprocessados imitam alimentos, mas não são alimentos modificados nem sequer outras versões de alimentos, na sua elaboração as tecnologias empregues são usadas para imitar a aparência, a forma e as qualidades sensoriais dos alimentos. Muitas vezes os seus fabricantes, criam uma falsa impressão acerca destes produtos, incluindo imagens de alimentos naturais, nas embalagens e no material promocional, anunciando também a introdução de vitaminas sintéticas, sais minerais e outros compostos de forma a declará-los como saudáveis.

Fomentam o consumo de snacks
Os produtos ultraprocessados, vendem-se geralmente na forma de snacks, bebidas ou pratos rápidos. Estão disponíveis, em todo o lado, nas estações de serviços, nas lojas de conveniência, em qualquer prestador de serviços, etc. e podem adquirir-se em qualquer momento. Podem consumir-se em qualquer lugar, na rua, no trabalho, enquanto se espera atendimento, nos transportes, em casa. São práticos, fáceis de armazenar e transportar, muitas vezes não necessitam de pratos nem de utensílios e são muitas vezes consumidos quando estamos a fazer outras coisas, a trabalhar, a conduzir, a ver televisão, no cinema ou num espetáculo desportivo.

Marketing e Publicidades agressivas
Os produtos ultraprocessados desenhados para serem muito lucrativos são em regra produtos de marca propriedade de grandes multinacionais, que compram e produzem os ingredientes industriais necessários a um custo muito baixo, operando em economias de grande escala. Estas empresas destinam elevados orçamentos anuais (muitos milhões) para a sua promoção e publicidade, que inclui “crossadverteising” entre as suas marcas, para tornar os seus produtos mais atrativos e glamourosos. Tal como acontece com os cigarros e as bebidas alcoólicas, as estratégias de marketing “ often use highly charged and seductive ideas, language, and images that undermine the desire and ability to make rational and healthy choices, and are particularly effective when targeting children, adolescents, and other vulnerable groups”

Social e ambientalmente destrutivos

Há medida que os produtos ultraprocessados têm ocupado uma maior presença nos padrões alimentares mundiais, alavancados pelas medidas de liberalização do comércio datadas dos anos 80, tem-se verificado uma alteração profunda nas dietas alimentares, com o abandono das cozinhas tradicionais, expressões da identidade e da autonomia das comunidades, adaptadas ao clima e aos territórios, habitualmente apoiadas na biodiversidade, nas economias rurais e nas empresas locais. A deslocação destes padrões alimentares para um sistema alimentar industrial global centrado nos produtos ultraprocessados, danifica o tecido social, cultural, e saúde emocional e mental das populações.