sexta-feira, 16 de novembro de 2018

GLOBAL BURDEN DISEASE 2017 - MOSTRA DEFICE DE PROFISSIONAIS DE SAUDE E REGRESSÃO NOS GANHOS EM SAÚDE


A revista Lancet de 10 de Novembro (aqui) apresenta os resultados de 2017 da Carga de Doença Global (GBD), que também podem ser explorados de uma forma interativa no sítio da internet do Institute for Health Metrics and Evaluation (aqui), estando disponíveis para os 195 países estudados.

Dos trabalhos apresentados salientamos o estudo “Measuring progress from 1990 to 2017 and projecting attainment to 2030 of the health-related Sustainable Development Goals for 195 countries and territories: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017” onde os autores analisam 41 dos 52 indicadores relacionados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2015, para 195 países e territórios entre 1990 e 2017, tendo incluído pela primeira vez na história do GBD, estimativas sobre o número de profissionais de saúde existentes.

No Editorial desta edição da revista Lancet intitulado “GBD 2017: a fragile world”, o editorialista chama à atenção dos leitores, dos governos e das agências internacionais para a iminente perda de ganhos em saúde que se vinham a registar desde que os resultados da Carga de Doença Global(GBD) tem vindo a ser publicados, sugerindo uma leitura cuidadosa do “Global Burden of Disease Study 2017”, uma vez que os resultados apresentados, mostram taxas globais de mortalidade estagnadas ou a diminuir em plateau, chamando à atenção para o aumento de 118% das causas de morte resultantes de conflitos armados e ações terroristas nos últimos 10 anos.

Ao contrário do que era habitual com a apresentação dos resultados anuais da Carga de Doença Global caracterizados até aqui por progressos significativos, os resultados de 2017 mostram um crescimento preocupante da dependência de opiáceos, do dengue, da depressão e das doenças crónicas. Aumentam a prevalência da obesidade, os transtornos depressivos e as mortes por dengue (de 24.500 em 2007 para 40.500 em 2017).

No caso da dependência dos opiáceos, 2017 apresenta 4 milhões de novos casos e 110.000 mortes, resultados sem precedentes, e no caso das doenças crónicas, responsáveis ​​por 73% de todas as mortes globais em 2017, apenas quatro fatores de risco: pressão alta, tabagismo, glicemia elevada e índice de massa corporal elevado, são responsáveis por mais de metade de todas as mortes (28,8 milhões).

A estes menos bons resultados soma-se a escassez global e a distribuição desigual dos profissionais de saúde. Os autores estimam que apenas metade dos 195 países estudados tenha os profissionais de saúde necessários para prestar cuidados de saúde de qualidade (estimados em 30 médicos, 100 enfermeiras ou parteiras e cinco farmacêuticos por cada 10 000 pessoas), estimando-se os maiores défices nos países da África subsaariana, do sudeste asiático, do sul da Ásia e de alguns países da Oceânia.

Resultados que a revista classifica de perturbadores, uma vez que tanto os dados globais como os parcelares mostram que nenhum país está no caminho certo para cumprir todos os ODS relacionados com a Saúde até 2030.


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