Em Setembro
de 2015, um grupo de investigadores portugueses liderado pela Professora Paula
Santana, publicou na revista “Health & Place” um artigo intitulado “Suicide in Portugal: Spatial determinants in a context of economic crisis” resultante
de um estudo suportado pelos projetos GeoHealthS – Health Status Geography: An application of the Population Health Index in the last 20 years e SMAILE –Study on Mental Health. Assessment of the Impact of Local and Economic conditioners com o objetivo de verificar a existência de uma possível associação
estatística positiva entre a mortalidade por suicídio e o local de residência
(municípios) antes e durante o período de crise económica (2008-2012) num
período de cerca de 20 anos. Para isso os investigadores estudaram a evolução
geográfica da mortalidade por suicídio em Portugal, a sua distribuição por
sexos, e analisaram a associação estatística entre o risco de morrer por suicídio
e os índices de privação e ruralidade (determinantes de saúde).
Preventing suicide: A global imperative - WHO
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Apesar de
Portugal se encontrar entre os países da Europa com um baixa taxa de suicídio, (aqui) foi de acordo com o estudo “Relationship of suicide rates to economic variables in Europe: 2000-2011” publicado em 2014 no British Journal of Psichiatry foi o único dos países europeus que não observou
uma clara redução na taxa por suicídio durante década de 2000 (2000-2011), pelo
que os resultados obtidos pelos investigadores adquirem um especial interesse,
uma vez que entre os resultados obtidos se conclui que o padrão de divisão tradicional
entre o Norte/Sul do comportamento suicidário tem vindo a desaparecer “This
trend is due to an increase of risk in the Centro region and in the inland of
the Norte region, mainly in rural municipalities close to the border with
Spain, and a decrease in some urban municipalities from the Lisbon MA and the
Algarve region”, tornando-se mais pronunciada a separação entre os territórios
urbanos e rurais, estando a mortalidade por suicídio associada a níveis mais
elevados de ruralidade, tanto para homens como para mulheres.
No que se
refere aos determinantes sociais o estudo encontrou uma associação positiva
entre o risco de mortalidade por suicídio e o índice de privação material por
município. Os municípios com maior privação material tem quase 50% mais risco
de mortalidade por suicídio do que aqueles que vivem em municípios com menor
privação.
“… we identified an association between economic crisis
and suicide through material deprivation. A relevant statistical association
between suicide distribution and this contextual variable, which translates the
education, housing and employment conditions in each small-area (compared to
the national average), was found for the first and the last study periods,
which are closer to two IMF interventions in Portugal, and not for the middle
period. The middle period (1999–2003) is associated with an economic boom. The
recent evolution reflects the current economic crisis, responsible of a shift
on the previous tendency of decreasing deprivation). With the implementation of
austerity measures and the consequent cuts in spending on health care and
social support vulnerable population groups living in municipalities with
higher deprivation were more affected by negative consequences.”
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