Enquanto
preparava um post sobre “trabalho precário como determinante social de saúde” na sequência das afirmações do presidente da
CIP, António Saraiva à Antena 1 e ao Diário Económico, defendendo
que “ Mas mais vale ter trabalho precário do que desemprego” deparei-me com
um trabalho do jornal Guardian de hoje, 13 de Março intitulado “
Como pode o LIDL vender jeans a 7.60 euros (5.99£)? Fácil...pagar às pessoas 30 cêntimos (23p) à hora para fazê-los”. Ao longo do
trabalho o jornalista descreve os custos da produção de calças
numa fábrica do Bangladesh com base num estudo da Bloomberg de 2013
(figura abaixo)concluindo que os preços são esmagados ao longo de
toda a cadeia de produção, em particular os salários dos
trabalhadores.
“
Lidl does not buy its jeans from Bangladesh because Dhaka’s factories are the finest in the world: it does so because they pay their workers a pittance. And that, ultimately, is how it is possible to sell a pair of jeans for £5.99”
Com
a interrupção do crescimento económico mundial em meados dos anos
70, depois das duas crises do petróleo, a recessão económica, e a
disseminação de novas tecnologias vieram permitir um conjunto de
transformações nos processos de produção, enquadrados por novas
políticas económicas e sociais neoliberais que vieram a transformar
as relações entre empregadores e trabalhadores, nos países de
economia avançada, levando à desregulação da contratação
coletiva, favorecendo a contratação individual de trabalho,
privatizando os serviços públicos, flexibilizando os postos de
trabalho, disseminando o trabalho temporário, provocando
despedimentos, achatando ou diminuindo o tamanho das organizações
(downsizing) e terceirizando o trabalho (outsourcing).
As indústrias
tornaram-se mais fragmentadas e dispersas geograficamente, criando
redes industriais caraterizadas pela subordinação e dependência,
das empresas periféricas às empresas-mães, absorvendo as mais
periféricas os maiores risco do mercado e oferecendo piores
condições de trabalho. A internacionalização da produção e a
deslocalização dos processos produtivos foi feita sobretudo para os
mercados, onde o trabalho tem menos custos e onde os trabalhadores
não tem direitos.
Três
anos passados sobre o desmoronamento do edifício Rana Plaza no Bangladesh, onde morreram mais de 1.100 trabalhadores, onde várias
fábricas de roupa trabalhavam para marcas como a Primark, Tommy
Hilfiger, C&A, Disney, GAP, H&M, Auchan, Benetton, Carrefour,
El Corte Ingles, Inditex, Kappa, Mango, entre outras, pouco ou nada
mudou (Aqui), mantém-se os mesmos riscos para a segurança no locais de
trabalho e continua a exploração dos trabalhadores, parafrasenado o
jornalista do Guardian.
“Não
é magia. É apenas exploração”
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