domingo, 13 de março de 2016

ROUPA BARATA - "NÃO É MAGIA. É APENAS EXPLORAÇÃO"

Enquanto preparava um post sobre “trabalho precário como determinante social de saúde” na sequência das afirmações do presidente da CIP, António Saraiva à Antena 1 e ao Diário Económico, defendendo que “ Mas mais vale ter trabalho precário do que desemprego” deparei-me com um trabalho do jornal Guardian de hoje, 13 de Março intitulado “ Como pode o LIDL vender jeans a 7.60 euros (5.99£)? Fácil...pagar às pessoas 30 cêntimos (23p) à hora para fazê-los”. Ao longo do trabalho o jornalista descreve os custos da produção de calças numa fábrica do Bangladesh com base num estudo da Bloomberg de 2013 (figura abaixo)concluindo que os preços são esmagados ao longo de toda a cadeia de produção, em particular os salários dos trabalhadores.




Com a interrupção do crescimento económico mundial em meados dos anos 70, depois das duas crises do petróleo, a recessão económica, e a disseminação de novas tecnologias vieram permitir um conjunto de transformações nos processos de produção, enquadrados por novas políticas económicas e sociais neoliberais que vieram a transformar as relações entre empregadores e trabalhadores, nos países de economia avançada, levando à desregulação da contratação coletiva, favorecendo a contratação individual de trabalho, privatizando os serviços públicos, flexibilizando os postos de trabalho, disseminando o trabalho temporário, provocando despedimentos, achatando ou diminuindo o tamanho das organizações (downsizing) e terceirizando o trabalho (outsourcing).

As indústrias tornaram-se mais fragmentadas e dispersas geograficamente, criando redes industriais caraterizadas pela subordinação e dependência, das empresas periféricas às empresas-mães, absorvendo as mais periféricas os maiores risco do mercado e oferecendo piores condições de trabalho. A internacionalização da produção e a deslocalização dos processos produtivos foi feita sobretudo para os mercados, onde o trabalho tem menos custos e onde os trabalhadores não tem direitos.

Três anos passados sobre o desmoronamento do edifício Rana Plaza no Bangladesh, onde morreram mais de 1.100 trabalhadores, onde várias fábricas de roupa trabalhavam para marcas como a Primark, Tommy Hilfiger, C&A, Disney, GAP, H&M, Auchan, Benetton, Carrefour, El Corte Ingles, Inditex, Kappa, Mango, entre outras, pouco ou nada mudou (Aqui), mantém-se os mesmos riscos para a segurança no locais de trabalho e continua a exploração dos trabalhadores, parafrasenado o jornalista do Guardian.


Não é magia. É apenas exploração”


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