Nos últimos dias a imprensa
portuguesa deu a conhecer os contratos sobre os direitos televisivos celebrados
pelos clubes portugueses de futebol com os dois principais operadores de TV por
cabo (aqui), animando as redes sociais e o coração dos adeptos dos principais emblemas
nacionais, no final do jogo entre o Nacional e o Benfica para a Taça da Liga
desta semana Manuel Machado treinador do Nacional declarou à imprensa que “O que se passa no futebol português não é diferente daquilo que se passa noutras áreas. As estatísticas dizem-nos que as grandes fortunas aumentam e o grosso da população continua com dificuldades … A realidade é que a canalização de meios vai quase na totalidade para os três "grandes", fica uma migalha para o resto."
A este propósito vale a pena citar
Branko Milanovic, no capítulo do seu livro “ Ter ou Não Ter” intitulado “Quer
saber o vencedor antes de começar a partida?” quando explica que o futebol europeu
ao nível de clubes está organizado como “ um puro empreendimento capitalista … sem
restrições com total liberdade de movimento de capital de trabalho (jogadores e
treinadores)”.
Com a globalização os clubes de
futebol perderam o seu carácter local ou nacional, adquiriram em termos de
adeptos, jogadores ou capital um carácter universal, tornaram-se marcais
globais, os grandes emblemas não têm muitas vezes, nem sequer no banco
nacionais do seu país, os seus treinadores são muitas vezes estrangeiros e os
seus proprietários internacionalizaram-se.
Os primeiros 20 clubes europeus |
A
desigualdade nas riquezas dos clubes, combinada com a retirada das limitações à
contratação de jogadores estrangeiros, levou à concentração da riqueza e de
jogadores nos países mais ricos de tradição futebolística conforme podemos verificar
nas listas publicadas anualmente (aqui) (aqui). O mesmo se passa no âmbito
nacional com a concentração em três emblemas.
Com a concentração de qualidade
nos clubes mais ricos, não é necessário mais saber quais os jogadores que vão
alinhar pelas equipas, se são bons ou não ou se estão em forma física, as leis
da economia vão garantir que se saiba, quase sempre, o vencedor antes de a
partida começar, acabando com a imprevisibilidade dos resultados, com o
afastamento dos adeptos dos clubes da sua comunidade.
Citando Branko Milanovic “ Hoje
em dia, à medida que aumenta a diferença entre os Golias e os Davides, as
surpresas são menos prováveis. O Golias ganha sempre, e, pior, raramente se
digna a jogar com o David”.
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