De acordo
com a investigação publicada hoje pela revista Lancet que envolveu uma revisão
de 1658 estudos populacionais de 200 países entre os anos de 1975 e 2014, “Trends in adult body-mass index in 200 countries from 1975 to 2014: a pooled analysis of 1698 population-based measurement studies with 19·2 million participants”,
se a tendência de aumento da obesidade verificada desde o ano 2000 continuar a
probabilidade de atingir o objetivo global traçado pela OMS para 2025, (travar o aumento da obesidade ao nível de 2010 até 2025) é “zero".
Em vez
disso e ao contrário do objetivo traçado, em 2025 a prevalência de obesidade
global atingirá 18% nos homens e ultrapassará 21% nas mulheres, superando a
obesidade severa os 6% nos homens e 9% nas mulheres.
No estudo
os investigadores encontraram uma tendência para o crescimento da obesidade
tanto em homens como em mulheres dos países de renda alta renda língua inglesa em
comparação com os países da Europa continental, e uma mudança na distribuição
da obesidade e da obesidade severa nos últimos 40 anos “ countries with the
largest number of obese and severely obese people changed over these four
decades, with more middle-income countries joining the USA, especially for
women. In 2014, slightly more obese
men and women lived in China than in the USA, and even for severe obesity,
China moved from 60th place for men and 41st place for women in 1975, to 2nd
rank for both men and women in 2014. Nonetheless, more than one in four
severely obese men and almost one in five severely obese women in the world
still live in the USA.”
No estudo agora
publicado, os autores chamam ainda à atenção para o problema de baixo peso que
continua a prevalecer nas regiões mais pobres do mundo e especialmente no sul
da Ásia bem como para as repercussões que pode ter sobre a saúde das crianças e
das grávidas “ … the global focus on the obesity epidemic has largely
overshadowed the persistence of underweight in some countries. Our results show the need to address the remaining
underweight problem and by doing so reduce risks to pregnant women and their
newborn infants, mortality from tuberculosis and other respiratory diseases,34
and possibly all-cause mortality, which has a J-shaped association.”
Não tendo a obesidade uma única causa, e sendo antes “
a good example of a socially patterned health outcome that is a consequence of
changes in a constellation of social factors. The interconnected nature of the causes of obesity has generated often comprising coherent sectoral responses and community-level action” e uma construção social e económica uma vez que “obesity is not caused by moral failure on the part of individuals but by the excess availability of high-fat and high-sugar foods”, a resolução deste
problema exigirá políticas sociais e alimentares, que melhorem por um lado a
segurança alimentar das famílias pobres, mas também evitem o consumo excessivo
de hidratos de carbono processados e outros
alimentos pouco saudáveis.
Acrescentando
os autores que apesar da obesidade a nível populacional ter um efeito reduzido
na redução da mortalidade nos países de renda alta (apesar de estar há muito
identificada como um fator de risco independente para várias doenças crónicas
em estudos epidemiológicos a nível individual), possivelmente porque o
tratamento farmacológico tem ajudado a reduzir a pressão arterial, o colesterol
e a tratar as complicações de diabetes, que são mediadores dos efeitos do aumento
do IMC nas doenças cardiovasculares, o seu aumento tem vindo a determinar
custos crescentes com medicamentos anti-hipertensores, antidiabéticos orais, e estatinas
bem como com a cirurgia bariátrica, enquanto na maioria dos países pobres e de
renda média os sistemas de saúde, por razões financeiras, não tem a capacidade para
identificar e tratar a hipertensão, as dislipidemias e a diabetes.
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