domingo, 26 de março de 2017

A DOENÇA E A MORTE CRESCEM ENTRE OS NORTE-AMERICANOS BRANCOS DE MEIA IDADE

A doença e a morte crescem entre os americanos brancos de meia-idade. Um estudo publicado na revista Lancet de 11 de março, publicado on-line em 23 de janeiro “ Trends in premature mortality in the USA by sex, race, and ethnicity from 1999 to 2014:an analysis of death certificate data” conclui que a taxas de mortalidade prematura aumentaram entre a população branca dos 25 aos 64 anos (aumentando de 2 a 5% por ano, à custa das mortes por overdose, suicídio e doenças do fígado, atingindo um valor comparável ao verificado no auge da epidemia de HIV/SIDA nos Estados Unidos), confirmando os resultados do estudo de Anne Case1 e Angus Deaton “ Rising morbidity and mortality in midlife among white non-Hispanic Americans in the 21st century”, publicado em 2015.

Em 2015 Anne Case1 e Angus Deaton, tinham mostrado que a taxa de mortalidade entre a população trabalhadora branca americana dos 45 e os 54 anos, com baixa escolaridade, “White Working Class” tinha aumentado entre 1999 e 2014, uma situação classificada como não tendo paralelo nos países de economia avançada e apenas registada nos EUA a quando da epidemia de VIH/SIDA.


Os dados apresentados e discutidos nos referidos artigos, mostravam que a taxa de mortalidade dos brancos de meia-idade tem aumentado desde 1998 e está relacionada com o consumo de drogas e álcool, com o suicídio, com a doença hepática crónica e a cirrose, especialmente entre os brancos com um baixo grau de escolaridade (ensino médio ou inferior) onde as mortes causadas por abuso de drogas e álcool aumentou quatro vezes, as causadas por suicídio 81% e as causadas por cirrose e doenças do fígado 50%. A mortalidade por todas as causas aumentou 22% neste grupo populacional.

Os autores apontam como principais causas para esta situação, o empobrecimento, o desemprego, a privação económica e o stress financeiro da “ white working class”, verificada desde o final da década de 70, e a dificuldade em lidar com a insegurança e a falta de proteção social na reforma “ the changing nature of the financial risk Americans face when saving for retirement as well as therecent financial crisis, economic insecurity may weigh heavily on U.S. workers, and take a toll on their health and health-related behaviors”.
O aumento mortalidade coincide com uma depreciação do estado de saúde, quando auto relatado, na saúde em geral, na saúde mental e na capacidade de lidar com os problemas da vida e ao aumento do consumo de medicamentos para a dor “For middle-aged Americans, increasing mortality ran alongside increasing reports of pain. One in three white middle-aged Americans reported chronic joint pain, taking the years 2011, 2012 and 2013 together, and one in seven reported sciatica. All types of pain increased significantly from 1997 to 2013. The strongest morbidity effects are seen among those with the least education.”


Fica aqui o exemplo de McDowell County no Sul da Virgínia Ocidental, antiga zona mineira onde a pobreza se instalou há mais de 50 anos, tornando-o num dos condados mais pobres dos Estados Unidos, onde imperam as mortes por abuso de drogas e álcool, a obesidade, a maternidade entre adolescentes e a criminalidade, com uma das maiores taxas de encarceramento do país. (aqui) (aqui)

Sem comentários:

Enviar um comentário